23 maio 2006

ONDE ESTÁ O INTERESSE PELA EVANGELIZAÇÃO?

Fala-se muito hoje em crescimento de igreja. A igreja que não cresce é uma igreja morta. Vivemos tempos difíceis. Muitas idéias sincréticas, ocultas, o legalismo e o medo. Nota-se como conseqüência a presença de um fanatismo exacerbado, um racionalismo como moda e um indiferentismo mórbido. É mais que necessário que encaremos os desafios da evangelização possibilitando ao mundo um gosto pelo bom prato espiritual, sadio, nutritivo, saboroso.
O abismo que existe entre a evangelização e a prática moderna. A palavra evangelização corrompeu-se bem como a palavra missionário, evangelista e pastor. O que existe hoje, não é evangelização, mas uma concorrência entre as diferentes alas da Igreja Evangélica Brasileira. Daí a constante troca de rótulos denominacionais. A paixão pelo poder, pelos números, pela grandeza, pelo dinheiro tomaram o lugar interesse e amor por Jesus e pelas almas. Para conquistar o maior número possível de adeptos, usamos estratégias parecidas com as estratégias das grandes empresas. Passamos a exigir muito menos e a prometer muito mais. Transformamos cultos em shows. Alongamos o louvor, que nem sempre é mesmo louvor, e diminuímos a exposição da Palavra, que nem sempre é mesmo exposição da Palavra. Projetamos a nossa marca, com a mesma garra e com a mesma eficiência de uma marca de bebida. Se estamos perdendo membros para uma igreja que realiza cultos de libertação, obrigamo-nos a fazer o mesmo ou, quem sabe, com mais poder e com algumas novidades. A sociedade, em vez de nos reprovar, se aproveita de nós para obter também a sua fatia de lucro. Tudo vira mercado.
Por outro lado, erramos por pregar o evangelho como se houvesse uma chance para até mesmo os não-eleitos obterem fé e serem salvos, como se Deus estivesse sinceramente lhes dizendo que Ele deseja sua salvação e que eles podem ser salvos .
As pessoas inverteram a ordem de prioridades do Reino: Deus, família, trabalho. Seu interesse, seu enfoque, suas energias estão direcionados unicamente para o trabalho. Abandonaram o cuidado de suas famílias e diminuíram o envolvimento com sua Igreja. Separaram a fé das questões familiares e das questões ligadas aos dia-a-dia. Entretanto, pagam um preço alto por isso em sua vida afetiva e espiritual. Tentam compensar com outras coisas, tais como ativismo e lazer excessivos, mas os problemas em casa vão se avolumando e se tornando a cada dia maiores: as relações entre marido e esposa se tornam difíceis, a situação entre pais e filhos é marcada por abismos, entre os irmãos as relações vão se deteriorando, aos poucos os pais acabam sentido que estão perdendo o controle da situação, os maridos e as esposas vão perdendo a confiança um no outro, os filhos paulatinamente deixam de honrar e respeitar seus pais.
O Interesse é parada (quod inter sem est) e é só uma manifestação entre o sujeito e o bem. Bem é tudo aquilo que supre uma necessidade, uma carência. Agora quando colocamos esse interesse para agir no mundo, por ser ele dinâmico torna-se no dever e na obrigação de fazermos a nossa própria história. Esta é uma questão moral da evangelização. É moral porque o significante perde o seu significado, isto é, todos sabem da importância da evangelização, mas não há vontade e motivação significativa para desenvolvê-la.
É por tudo isto que a Igreja não pode ficar enclausurada nas quatro paredes enquanto a ordem é avançar, pois o evangelho de nosso Senhor Jesus é a resposta para esse mundo corrompido pelo pecado. Muitos pastores sem visão preferem orientar suas ovelhas que tragam visitantes, e inchar o rol de membros é sua meta prioritária.
A igreja precisa ter interesse de conhecer o contexto urbano ou onde se localiza. Saber quais os tipos de pessoas existentes na cidade. Quais as suas preferências e necessidades básicas. Identificar os focos de convergência da juventude, pois “Deus chama a igreja para o seu contexto particular, como um instrumento da sua graça e salvação, desenvolvendo e realizando a missão como um processo criativo e transformador.
Num contexto fértil como esse, em que testemunhamos diariamente a emergência de formas inesperadas de sociabilidade religiosa, é preciso buscar e explorar novos rumos que permitam que ações evangelizadoras se concretizem de forma dinâmica e criem raízes.
Todos os que se interessam pela evangelização devem prestar atenção ao cenário que se forma, no qual os atores são as ovelhas sem pastor que estão sendo "horrendamente tatuadas pelas complexidades" dos dias em que vivemos. E, em dias como esses, não há tempo para brincar, muito menos para dar motivo a que os nossos observadores venham a desdenhar de nós e se distanciar dos caminhos de Deus.
Soli Deo Gloria
Rev. Simonton

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