24 outubro 2007

REFORMA PROTESTANTE: O LAPSO TEMPORAL DE 490 ANOS

*Rev. Ashbell Simonton Rédua

asredua@yahoo.com.br

Lembrando à Reforma Protestante, o cristão de fé Reformada é levado a situar-se no passado fazendo uma ponte até o presente, esquecendo o lapso temporal de 490 anos (31.10.1517 – 31.10.2007). Neste período a Igreja passou por vários conflitos que de certa forma influenciaram grandemente na formação da Igreja Protestante/Evangélica do Sec. XXI, totalmente ambígua e descaracterizada dos princípios reformados.

Até 31 de outubro de 1517 um monge chamado Martinho Lutero ousou discordar teologicamente da doutrina ensinada até aquele momento, conseguindo provocar grande ruptura na vida Igreja. Um dos temas debatidos na Reforma e que até hoje é debatido nos círculos acadêmicos e eclesiástico é a questão da liberdade com, profundas conseqüências institucionais, políticas, econômicas, culturais e sociais que traduziram sobretudo nos nossos dias .

João Calvino, um dos expressíveis reformadores, escreveu amplamente contemplando nos seus textos a liberdade cristã como um dos pilares da Igreja Reformada, recebendo conceituação ética essencial à vida humana. Tema este que só vim a ter uma compreensão mais profunda após as aulas de Teologia ministrada pelo Rev. Heber de Campos, no curso de Bacharel em Teologia oferecido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A célebre frase Ecclesia reformata et semper reformanda est - A Igreja reformada está sempre se reformando – expressão formulada após a Reforma, e vastamente utilizada neste lapso temporal, precisa ser a tônica da Igreja na atualidade, frente a tantos e urgentes desafios, exigindo da Igreja uma postura mais adequada a pos-modernidade sem abrir mão de seus princípios teológicos-reformados.

A Reforma do Século XVI nasceu com a proposta de contestação, de mudanças radicais nas bases da fé cristã, apresentando-se como um movimento libertador, o que de fato aconteceu. Porém, com o passar do tempo, sofre com o perigo, sempre iminente, de um tradicionalismo rígido, extremamente conservador, paralisante, fechado, descolado da realidade.

Portanto, cremos que se faz necessário e oportuno buscar uma constante reforma, retornar aos fundamentos fé cristã, encontrados nas Escrituras e nas grandes doutrinas pregadas pelos reformadores, a fim de não perdermos nossa identidade reformada e influenciarmos, positivamente, com liberdade, a Igreja Evangélica Brasileira, tão sem direção, em conhecimento bíblico e sem firmeza doutrinária. A partir daí Influenciar também a sociedade, buscando transformações em todas as suas dimensões sócio-política-econômica-social-cultural.

Nesse sentido, o princípio reformado autoriza-nos resgatar o pensamento de Calvino e atualizá-lo diante das demandas atuais naquilo que houver, de fato, necessidade.

Neste Lapso temporal a Igreja precisa:

1. Ter visão de mundo e vida da Cristã juntos.

Deus é Soberano, é Senhor de toda a vida. Conseqüentemente temos a necessidade reconhecermos de que tudo o que buscamos para viver, todos os nossos atos, toda a nossa vida, tudo o que nos envolve, deve ser para para a glória de Deus. Como o Apóstolo Paulo escreveu aos coríntios, “Assim se você come ou bebe ou tudo que que você faz, faça tudo para a glória de Deus(I Cor.10:31). Este é um princípio do crente reformado e que em toda a história Reformada foi levado a sério. O Reformado tem o conhecimento e reconhecimento do Domínio de Cristo sobre todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra. Assim expressou Abraham Kuyper: “Não há uma polegada quadrada no universo inteiro do qual Cristo não pode dizer, “Isto é Meu! “

Tenho que admitir que uma visão do mundo e da vida cristã tem provocando reações na vida eclesiástica, quando desagrutinamos a nossa vida em áreas distintas, incorporando um hedonismo prático entre a vida piedosa e a vida coditiana. Tudo o que estamos fazendo fora dos portões da igreja está sob o Domínio de Cristo. Necessitamos promover o ensino da Soberania de Cristo sobre todas as esferas da vida humana, quer na vida particularmente, quer na vida de outros crentes, quer na vida política, econômica, social, financeira, trabalhista, nos negócios, na saúde pública e privada, nos esportes e em qualquer programa de trabalho.Cristo é Senhor, é Deus absoluto sobre todas as coisas.

2. Busca dos meios de restauração evangelística e missionária, como característica vital da revivificação da igreja.

Igrejas verdadeiramente Reformadas sempre expressaram um compromisso forte nesta área. Alguns dos grandes movimentos missionários do século XX e XXI tiveram suas origens nas missões Reformadas. Missionários Holandeses foram para Indonésia, Presbiterianos Brasileiros para a Africa, Paraguai, Bolívia, Espanha, França, Inglaterra, Nova Zelândia, Estados Unidos da América, Escócia, China e Romênia. As Igrejas Reformadas de África do Sul fizeram muito na evangelização de suas terras em substituição ao continente africano. Nós presbiterianos somos uma parte deste movimento missionário, quando definitivamente foi implantado a Igreja Reformada no Brasil, pelo Missionário Ashbel Green Simonton.

De mãos dadas com esta ênfase em evangelização e missões evidenciamos nossa preocupação por revivificação (restauração). Embora esta palavra sofreu abuso em recentes anos, não há nada tão reformado que a revivificação!

Neste Lapso temporal, Deus derramou o seu Espírito p´ra trazer tempos de refrigério. Homens como Martin Lloyrd-Jones, W. A.Tozer, W. Pinck, Spurgeon, ao longo de seus ministérios mantiveram uma fome saudável pela revivificação. A igreja perdeu sua característica evangelizadora e missionária urbana, praticamente não conseguimos desenvolver uma estratégia evangelística nos grandes centros.

Na vida urbana o individualismo tem suas características profundas, principalmente como produto do medo da violência, medo de perder o emprego, medo de ser assaltado, medo de sair de casa e não regressar pôr ter sido vítima da violência pessoal ou do trânsito, há um pavor enorme cirandando as pessoas urbanas, até mesmo em nossa casa tranqüilo, podemos ser vítima fatal de uma bala perdida das constantes disputas territoriais das quadrilhas.

A individualidade do homem urbano é caracterizado também pôr sua falta de tempo, ele está sempre correndo daqui para acolá, vivendo numa dimensão a beira da loucura.

Os filhos são criados pela empregada doméstica, na verdade o relacionamento de pai para com filhos é muito informal e o relacionamento de esposa e esposo tem características hedonista, principalmente afirmado nas palavras de Vinícius de Morais, “o amor é eterno enquanto dura”. O casamento é mais visto com um contrato social, em que duas partes fazem um acordo que a qualquer hora possa ser rescindido.

3. Ter Unidade e Identidade

Vivemos em conflitos pôr causa das migalhas. Parece que não sabemos mais o que é essencial na Igreja, pôr causa das nossas idiossincrasias, nossa pequenez, nosso egoísmo, nossa intransigência, nosso doutrinarismo individualista e divisionista, nós nos dividimos.

Praticamente podemos dividir a igreja em vários grupos: “os tradicionais, carismáticos e liberais”. ampliarmos mais esta divisão podemos encontrar: tradicionais, conservadores, pentecostais, reavivalistas e liberais. A Unidade é uma das marcas da verdadeira Igreja, da verdadeira comunhão santa da Igreja com Jesus Cristo. Os santos vivem em união, portanto a unidade deve ser o resultado natural da compreensão da natureza do ser de Deus.

4. Revitalização da Vocação Pastoral

Às vezes desejo saber se existe fome por revivificação em nossas igrejas. Temos visto muitos aberrações e por isso estamos cansamos. Precisamos ser desafiados novamente.

Precisamos estar orando para revivificação da Igreja? Às vezes me pergunto: porque tão poucos homens vieram a ser chamados e treinados para o ministério pastoral nos últimos anos.

Aquele que sentia-se vocacionado para o ministério, sentia-se agradecido a Deus pôr esta vocação, a sua igreja local e sua família de deliciavam de gratidão pôr esta vocação. Era comum os pais orarem a Deus pôr um filho homem, e, quando este nascia, os pais consagravam-no e dedicavam-no a obra do Senhor. Era sonho das solteiras casarem-se com um pastor, era sonho das mães terem um filho ou um genro pastor.

Atualmente o que é corrente em nosso meio, que somente é pastor, aquele que não conseguiu ser nada na vida. As mães não oram mais a Deus pedindo um filho homem, porém se nasce homem, ele deve ser tudo na vida, menos pastor. Pastor hoje é sinônimo de pobreza, solidão, angustia. A crise vocacional é acentuada ainda com a visão tecnocrata do ministério pastoral. A idéia da Igreja como empresa e o pastor como executivo. A visão do crente não é mais a visão do homem espiritual, crente, fiel a Deus, mas é a visão de um empresário e uma empresa.

Ao perder-se a visão espiritual do ministério, a visão pedagógica, a igreja passa a determinar todas as regras em que o pastor deve obedecer. Se ele obedece as diretrizes da igreja, este permanecerá pôr longo tempo nesta igreja, porém se ele descordar, é mandado embora. É preciso termos em conta que qualquer pastor que opta pelo trabalho espiritual e pedagógico da igreja, terá de líder com questões que consequentemente ferirá uns ou trará descontentamento a outros. Neste caso seguindo os preceitos Bíblicos ele não será um pastor bom, fiel e sincero as instituição religiosa que o contratou. É comum então observarmos o marketing na Igreja, que reflete esta visão tecnocrata.

Conclusão

A Reforma tem grande implicação para a Igreja de hoje, tais como:

1. A Reforma resgatou o conceito de pecado

2. A Reforma pregou a doutrina da Justificação somente pela Fé

3. A Reforma resgatou o conceito da autoridade vital da Palavra de Deus

4. A Reforma redescobriu na Palavra a doutrina do Sacerdócio Individual do Crente

5. A Reforma apresentou, de forma clara e inequívoca, o conceito de Soberania de Deus.

Devemos reconhecer a Reforma como um movimento operado por homens falíveis, mas poderosamente utilizados pelo Espírito Santo de Deus para resgatar Sua verdade e preservar a Sua Igreja.

Soli Deo Gloria

15 outubro 2007

ENTRE O CONSERVADORISMO E O LIBERALISMO

Rev. Ashbell Simonton Rédua


A pós-modernidade é uma época marcada não somente pelo conflito de civilizações, culturas, mas também pelo conflito das religiões. Na particularização desses conflitos é possível identificar atitudes liberais e conservadoras entre os crentes, de forma a tipificar um conjunto de características dentro do fenômeno religioso.

No campo teológico, os ortodoxos consideram as Escrituras Sagradas como verdade absoluta e imutável (Inerrância das Escrituras Sagradas), neste sentido as Escrituras é “A Palavra de Deus”, impossível de conter erros. O Concílio Internacional da Inerrância Bíblica, promulgou XIX artigos sobre a Inerrância Bíblica

Artigo I.

Afirmamos que as Sagradas Escrituras devem ser recebidas como a Palavra oficial de Deus.

Negamos que a autoridade das Escrituras provenha da Igreja, da tradição ou de qualquer outra fonte humana.


Artigo II.

Afirmamos que as Sagradas Escrituras são a suprema norma escrita, pela qual Deus compele a consciência, e que a autoridade da Igreja está subordinada à das Escrituras.

Negamos que os credos, concílios ou declarações doutrinárias da Igreja tenham uma autoridade igual ou maior do que a autoridade da Bíblia.


Artigo III.

Afirmamos que a Palavra escrita é, em sua totalidade, revelação dada por Deus.

Negamos que a Bíblia seja um mero testemunho a respeito da revelação, ou que somente se torne revelação mediante encontro, ou que dependa das reações dos homens para ter validade.

Todas as leis e mandamentos e Textos Sagrados devem ser aplicados de forma inflexível e literal.

Contrariamente os liberais admitem a existência de diversos tipos de verdades nas Sagradas Escrituras. Nesta sustentação, afirmam existir nos Escritos Sagrados uma considerável carga metafórica, simbólica, mitológica e por isso a Bíblia não seria tão absoluta como afirma os conservadores, mas um livro de cunho significativo que pode ser reinterpretado diferentemente a cada tempo de acordo com as preocupações e os problemas desse tempo. Neste sentido a Neo-ortodoxia tendenciosamente espiritualista, argumento que a “Bíblia contém a Palavra de Deus”. Desse modo, o liberalismo estariam comprometido com uma concepção de vida, modos vivendi, que não é previamente questionado, mas aceito sem um devida justificação (Teologia Relacional) .

Levando em conta que tanto o conservadorismo e o liberalismo é um fenômeno presente em todos os seguimentos religiosos, devemos entender que no contexto protestante reformado é possível tipificar atitudes conservadoras e liberais relativas e multifaceadas. Neste sentido se há tendências liberais e conservadoras na igreja, deverá também haver posições intermediárias em que alguém manifeste com determinado conhecimento mais conservador do que liberal e em sentido contrário mais liberal do que conservador, isto é há o conservador e liberal lato sensum e stricto sensum.

Além das questões Teológicas Bíblicas, existe algumas implicações também no processo de Plantação e Implantação de Novas Igrejas, matéria divergentes entre o conservadorismo e o liberalismo. Há de se admitir que o conservadorismo questiona profundamente o crescimento por divisão (conflitos), neste sentido as novas igrejas são frutos de erros, discórdias, e geralmente centrado em uma pessoa (O Profeta, Apóstolo, etc) fundador do novo grupo. Assim é possível encontrar evangélicos que aceitam a Igreja Assembléia de Deus, a Universal do Reino de Deus, a Renascer, a Igreja Internacional da Graça e rejeitam a Igreja Rompendo em Fé, Igreja da Orla das Vestes de Jesus, Internacional de Deus, Internacional do Poder, etc. Dentro da denominação esta tolerância pode desvanecer e dar lugar a conflitos e perseguições (dança litúrgica, coreografia, palmas, etc).

Muitos dos conflitos internos que vivemos em nossas denominações esta firmada neste passear entre o conservadorismo e o liberalismo. É bem visível nas posições teológicas surgido recriminações mútuas. Os conservadores tendem a culpar os liberais por abrirem as portas da igreja a idéias e doutrinas que consideram duvidosas. Os liberais por seu turno tendem a considerar as atitudes dos conservadores como contrárias ao verdadeiro espírito da religião; para eles a intolerância (e a violência que por vezes esta provoca) faz da religião cristã uma fonte de mal no mundo moderno (a questão do aborto, ordenação feminina, pastores e membros de igrejas homosexualismo, etc)

Na verdade, o que existe são grupos de crentes cuja atitude (liberal ou conservadora) pode obter maior ou menor visibilidade com os seu atos. Estas atitudes tem como fruto a “perda da identidade”, e no nosso caso a identidade reformada.

É importante posicionarmos teologicamente e não titubear entre um extremo e outro. Enquanto para os conservadores alguns fundamentos da fé teológicos são inegociáveis, tais como:

Manter fidelidade incondicional à Bíblia, que é inerrante, infalível e verbalmente inspirada;

Acreditar que o que a Bíblia diz é verdade (verdade absoluta, ou seja, verdade sempre, em todo lugar e momento);

Julgar todas as coisas pela Bíblia e ser julgado unicamente por ela;

Afirmar as verdades fundamentais da fé cristã histórica: a doutrina da Trindade, a encarnação, o nascimento virginal, o sacrifício expiatório, a ressurreição física, a ascensão ao céu, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, o novo nascimento mediante a regeneração do Espírito Santo, a ressurreição dos santos para a vida eterna, a ressurreição dos ímpios para o juízo final e a morte eterna e a comunhão dos santos, que são o Corpo de Cristo.

Ser fiel à fé e procurar anunciá-la a toda criatura;

Denunciar e se separar de toda negativa eclesiástica dessa fé, de todo compromisso com o erro e de todo tipo de apostasia;

O liberalismo, nega a validade de quase todos os fundamentos da fé reformada, adotando escatologicamente o universalismo, todas as pessoas serão salvas no final de tudo até mesmo o diabo, e, conseqüentemente, o aniquilanismo do inferno, da morte e do pecado. Isto porque o liberal não tem princípios, porque”‘é incapaz de distinguir entre “princípios” e meras regras operacionais. Um liberal pode ter princípios, sim, e a maioria dos que conheço os têm, mas os têm enquanto indivíduos concretos e não enquanto "liberais". A maior parte dos liberais que conheço não são liberais. São conservadores com nomes trocado. Confundem o liberalismo” religioso “clássico, que é parte integrante da tradição conservadora, com a ideologia liberal que é uma camada histórica do movimento progressista. Parecem mais "progressistas", mas essa aparente astúcia retórica, além de obrigá-los a reprimir seu conservadorismo e a restringir a luta ao terreno religioso, tem um segundo preço maior ainda: fazendo da sucessão temporal um critério de superioridade, eles acabam endossando uma metafísica predestinacionista da História que é a essência” da Teologia Reformada.

“Quanto tempo falta ainda para que "liberais" que acreditam em princípios substantivos descubram que nunca foram liberais e sim conservadores? Com isso, decerto, perderão muitos falsos amigos.

REFERÊNCIAS

ABRAÃO, Paulo Pascoal Monte. Os Baptista Hoje, http://seminariobaptista.blogspot.com/2006_05_24_archive.html, acessado em 15.10.2007

BOICE, James Montgomery. O Alicerce da Autoridade Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1989

OLAVO, Carvalho. O Patinho Feio na Política Nacional. http://www.midiasemmascara.com.br/print.php?id=5655, acessado em 15.10.2007

06 outubro 2007

A SINDROME DA IN-DECISÃO

*Ashbell Simonton Rédua



Tecnicamente definimos Síndrome como o conjunto de sinais ou sintomas provocados pelo mesmo organismo e dependentes de causas diversas que definem uma doença ou uma perturbação.

Síndrome é uma palavra bastante comum na atualidade e que está geralmente relacionadas a uma doença seja psíquica ou mesmo física, tais como: Síndrome de Down, Síndrome do Intestino Irritável, Síndrome de Moebius, Síndrome de Prader Willi, Síndrome de West, Síndrome do Pânico Transtorno do Pânico Ansiedade. A Sindrome do Pânico pode ser desenvolvida em várias áreas da vida humana: Medo, Claustrofobia, Agorafobia, Acrofobia, Stress, Taquicardia, Sudorese, Tremor, Prolapso de válvula Mitral.

O Pastor Derville (DERVILHE: 2007), nos adverte sobre uma nova síndrome, a Síndrome do Papagaio. Segundo o Pastor, Síndrome do Papagaio são “aquelas frases feitas que as pessoas tenta usar normalmente contra as pessoas!”, bem como fazer uma afirmação que representa vontades: “Deus é brasileiro”, “Deus é o dono do mundo e eu sou filho do dono”, etc.

Creio que a Síndrome da in-decisão é uma realidade na vida pastoral, ainda não encontrei alguém , pastor ou não, que não tenha vivido esses momentos tão distintos em sua vida. Já tive meus momentos de in-decisão. Vários. Mas não gosto de chamar de in-decisão, prefiro dizer "que estou esperando".

In-decisão são aqueles momentos que temos várias escolhas mas não sabemos analisar qual a melhor pra gente. Também pode se manifestar quando não temos escolhas e temos de decidir por alguma coisa, neste caso, a in-decisão não deixa-nos enxergar nossas opções. Neste caso as in-decisões tem o poder de transforma-se em desespero, abatimento e depressão.

Quando o pastor está in-deciso, esta in-decisão se transforma em desespero, ocorre a desistência, que é a demonstração insegura e a falta de preparo para sair da zona de conforto e aceitar novos desafios ministeriais. Russel afirma “Que nada é tão fatigante como a indecisão”...” A fadiga é devida a inquietações que poderiam ser evitadas por uma melhor filosofia da vida e um pouco mais de disciplina mental. A maior parte dos homens e mulheres não governam eficazmente os seus pensamentos. Quero com isto dizer que eles não podem deixar de pensar nos assuntos que os atormentam, mesmo quando nesse momento nenhuma solução lhes podem dar. Os homens levam muitas vezes para a cama as suas inquietações em matérias de negócios e, durante a noite, quando deviam ganhar novas forças para enfrentar os dissabores do dia seguinte, é nelas que pensam, repetidas vezes, embora nesse instante nada possam fazer; e pensam nos problemas que os inquietam, não de forma a encontrar uma linha de conduta firme para o dia seguinte, mas nessa semi-demência que caracteriza as agitadas meditações da insónia.” (Russell: 1977).

Três aspectos devem ser considerados:

  1. A todo momento, queiramos ou não, conscientes ou inconscientes, por comissão ou omissão, estamos sempre tomando decisões. E nunca é demais lembrar que a in-decisão já é uma decisão;
  2. Se queremos ser bem sucedidos no ministério, devemos procurar ser conscientes das decisões, pois é esta consciência que nos permite assumir a responsabilidade pelos nossos atos e, conseqüentemente, continuar com o que estamos fazendo ou então mudar. É conveniente ter presente que algumas decisões que deram certo em determinados contextos, mas que se adotadas em outros podem ser profundamente negativas
  3. Podemos, através do desenvolvimento pessoal, aumentar a nossa esfera de decisões. Aprender é ampliar possibilidades, ter êxito neste universo de crescente insegurança, complexidade, ambigüidade e imprevisibilidade. E isto também é uma decisão.
Pastores estamos sempre tomando decisões apesar da frustrante in-decisão que açambarca e que assedia a todo instante:

1. Alguns pastores são motivados pelos resultados decorrentes das decisões tomadas no ministério. Isto pode gerar frustrações ou avaliar o ministério do ponto de vista profissional (profissionalização do ministério e capacitação em áreas específicas), esquecendo da vocação Divina.

2. Centralização das decisões, que pode gerar a centralização do poder, neste caso, o pastor não é mais o guia espiritual do seu rebanho, mas sim uma estrela rodeado de fãs, descaracterizando o ministério pastoral

REFERÊNCIAS

DERVILHE. Você já ouviu falar em síndrome de papagaio???.

http://pastorderville.wordpress.com, acessado em 03.10.2007

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade". São Paulo: Comp. Ed. Nacional, 1977