28 outubro 2006

Ecclesia reformata et semper reformanda est: 489 Anos de Reforma Protestante



Estaremos comemorando no próximo dia 31, 489 anos de Reforma Protestante. A Reforma não foi uma inovação, ao contrário, a igreja por tanto inovar, buscar novas formas de culto, nos princípios litúrgicos, na soteriologia, na eclesiologia, na Interpretação Bíblica, na ordenação, estava produzindo o distanciamento do cristianismo bíblico, puro e simples. A apostasia tomou conta da Igreja, e as heresias sucumbiram a verdade das Escrituras Sagradas.
A Reforma nada mais é do que retorno.
- Retorno a Palavra de Deus, a Bíblia não é apenas uma fonte da revelação de Deus ao homem, mas a única regra de fé e prática (Sola Scriptura).
- Retorno a Cristo, existe um único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Ele é o único Salvador e Senhor e não há salvação em nenhum outro nome (Solo Christos).
- Retorno a Graça, “pela graça sois salvos”. A graça é um dom imerecido de Deus. Somos escolhidos por Deus para a salvação não por causa dos nossos méritos, mas por causa dos méritos do Senhor Jesus Cristo (Sola Gratia).
- Retorno a fé, a justificação é somente pela fé, independente das obras da lei. A base da salvação não é o esforço humano, mas o sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, (Sola Fide).
- Retorno a Deus, toda a glória somente à Deus. Deus não reparte a sua glória com ninguém, (Soli Deo Gloria).
Não podemos esquercer de um princípio importante para nós hoje como Igreja Reformada: “Ecclesia reformata et semper reformanda est” (Igreja Reformada sempre se Reformando). É tempo de reforma, é tempo de retorno, neste século quando algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico, negando a essência da fé, outros estão direcionando para o misticismo sincrético, praticando novidades tão estranhas as Escrituras Sagradas, adotando um outro evangelho, caindo no pragmatismo, querendo sucesso a todo o custo. Líderes seduzidos pela riqueza e glória pessoal. A Bíblia como regra de fé e prática, pura e simples tão enfatizada pelos reformadores, deu hoje o lugar a um evangelho eclético e sincretista, incorporando expressões e ensinos antibiblicos através dos ensinos e pregações proferidas em vários púlpitos de igrejas evangélicas. É fácil ouvir hoje uma ênfase muito grande de práticas, tais como: unção do riso, unção dos órgãos genitais para salvar o casamento, unção da galinha, unção da lagartixa, pessoas grudadas , com mãos e caras na parede, quebra de maldições hereditárias, mapeamento espiritual, revelações extrabíblicas, aura mística” em torno do número 12, oração forte, oração de poder, a visão celular que é uma espécie de panacéia para os males da Igreja, encostos, banhos de purificação, videntes evangélicos, profetas que cobram consultas espirituais, resultado pseudamente de “revelações do céu”.
Calvino, não utilizava instrumentos no Canto Congregacional, pois os instrumentos tem o poder de chamar para si a glória que pertence ao Senhor. Quando uma guitarra sola, uma bateria sobresai, neste momento deixamos de louvor e passa-se ao show. O Louvor transformou-se em apresentações, o grupo apresenta, o coral apresenta, a irmã ou o irmão apresenta, tudo glória humana. Vivemos um momento histórico em que os sentimentos pessoais justificam tudo, isto é hedonismo, “o amor é eterno enquanto dura”. Se eu gosto de um estilo, posso apresentá-lo a Deus, e Ele será obrigado a aceitá-lo. Se uma música ou letra me fazem sentir-me bem, então devo apresentá-los a Deus, porque me fazem feliz. Mas, se meu gosto e sentimentos não estão santificados, será que esta adoração me conduzira ao Senhor, ou apenas a mim mesmo? Afinal adoro e louvo a Deus ou a mim mesmo, meu gosto e meus sentimentos? Não será por isso que não se lê mais a Bíblia? Afinal ela não é uma leitura muito legal, não tenta ser popular nem agradar as pessoas.
Lutero pagou o preço, foi excomungado e condenado a morte. Para sobreviver viveu boa parte de sua vida escondido em um castelo. Somos salvos pela graça de Deus. Este é o evangelho de Jesus Cristo. Este é o evangelho da reforma. A igreja de hoje precisa buscar em Deus ousadia para defender e viver o evangelho tal que nos foi pregado no passado.
Igreja reformada sempre se reformando fala-nos do tradicionalismo criativo utiliza-se da tradição, não como autoridade final ou absoluta, mas como recurso importante colocado à nossa disposição pela providência de Deus, afim de nos ajudar a entender o que a Escritura está dizendo sobre quem é Deus, quem somos nós, o que é o mundo ao nosso redor, e o que fomos chamados para fazer aqui e agora. Precisamos descobrir a indispensabilidade do dogma sobre a igreja, os Reformadores sempre deram prioridade à verdade.
Ecclesia reformata et semper reformanda est.
Soli Deo Glória
Rev. Simonton

18 outubro 2006

MINHAS EXPECTATIVA COM RELAÇÃO AO NOVO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PRESTES A SE ELEGER


As urnas podem apontar no final do mês, dia 29, o vencedor da disputa do mais alto posto da hierarquia política do país, a Presidência da República, novos sonhos e esperança nasce no peito solitário do brasileiro. A continuidade do momento político ou as mudanças tantas vezes prometidas e geralmente não cumpridas.

Ah! O que espero do novo presidente da República?
Espero a promoção de políticas que proporcione o desenvolvimento da potencialidade de jovens como a criação de oportunidade de trabalhos com todos os direitos sociais garantidos, o livre a acesso do conhecimento destinados os recursos necessários.
Espero o respeito a diversidade cultural desses jovens garantindo educação e a saúde pública gratuita para todos e que erradica o analfabetismo mais sendo profissionais com compromisso para adquire um atendimento de qualidade.
Espero a retomada de investimentos e políticas públicas sociais com revisão da política efetivada dos últimos anos de redução dos recursos para a assistência social sobre a luta a favor das crianças, dos adolescentes, dos deficientes físicos, dos negros, das mulheres e dos índios. E que crie o órgão competente com pessoas que realmente conheçam as necessidade das classes sociais. Que desenvolva medidas eficazes para prevenção da deficiência para a viabilitação e a equalização dos objetivos de igualdades e participação plena das pessoas com deficiência na vida social e no desenvolvimento.
Espero que o novo presidente vá além da necessária, mais limitada, postura contra a injustiça sócio-cultural-raciais.
Quisera estar sonhado! Tenho medo de acordar e descobrir, depois das esperanças que despertou, sinal de que tudo está, sim, perdido.
O golpe dará certo.

Visite e deixe o seu recado:
Blog:
Igreja Presbiteriana do Sinai - http://igrejapresbiterianadosinai.blogspot.com/
Rev. Ashbell Simonton Rédua -
http://revsimonton.blogspot.com/
Sínodo Leste Fluminense -
http://sinodolestefluminense.blogspot.com/
Site: Igreja presbiteriana do Sinai –
http://www.ipb-sinai.revsimonton.com.br/
Rev. Ashbell Simonton Rédua –
http://www.revsimonton.com.br
Chegando a Niterói-RJ, venha nos visitar

23 setembro 2006

PRINCÍPIOS BÍBLICOS DO DÍZIMO


Rev. Ashbell Simonton Rédua
asredua@yahoo.com.br

O dízimo é um dos assuntos menos saborosos a um sem número de paladares. Todavia, é da vontade de Deus que ele seja proclamado entusiasticamente.
Muitas vezes, quer nos parecer que as exigências bíblicas são demasiadamente violentas para que as observemos, mas o exame dos fatos tem provado precisamente o contrário: Deus nos pede somente o razoável, que é possível.
É nossa convicção que Deus, sendo justo e perfeito, não é capaz de exigir o quer que seja de absurdo dos que o amam e o seguem. Disso temos prova sem conta.
Vivemos, é verdade, no período da Graça, iniciado com o advento de nosso Senhor Jesus Cristo. Na Graça, entretanto, há ordem, e até existe uma lei que não apenas regula esta matéria da contribuição para o sustento da causa, como todas as relações humanas, a lei do AMOR. Essa lei, cujo cumprimento é exigido de todos quanto estão na Graça, assim o dízimo e a preferência pelas ofertas voluntárias não pode ser relegada à plano inferior. Maior, mil vezes maior do que a lei é a Graça. Pôr isso mesmo, as manifestações desta terão que ser superiores às daquela. A lei manda andar uma milha, a Graça propõe andar duas milhas. A lei estende a mão ao amigo, a Graça constrange o amor pelos inimigos.
O dízimo é também um desafio à fé. Quem faz o desafio é Deus. E o faz prometendo abrir as janelas do céu e derramar bênçãos incontáveis, de tal maneira que se tornarão pequenos para contê-los os celeiros do servo fiel.
A idéia de que todo crente é obrigado a dizimar é grandemente nas igrejas evangélicas. A todo crente é ensinado o dever de dizimar.
O dízimo segue o princípio de voluntariedade, obrigatoriedade e proporcionalidade

1. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
Antes mesmo da Lei, podemos observar que o dízimo era tinha sido praticado de forma voluntária:
a) Em Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. 18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. 19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Há algumas considerações deste texto: Não existe ordenança ou evidência de que dizimar foi ordenado por Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer que o dízimo foi, completamente, uma decisão voluntária de Abraão.
Este também é o único texto nas Escrituras que menciona Abraão dizimando, portanto não temos nenhuma evidência de que dizimar era uma prática habitual e constante na vida do povo. No caso de Abraão, o dízimo proveio do despojo da sua vitória militar.
b) Em Gênesis 28:20-22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; 21 E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; 22 E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Este texto é uma resposta de Jacó ao voto que fez à Deus. Se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus o dízimo. Tudo indica que houve liberalidade e voluntariedade da parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar depois que Deus cumpriu a promessa que lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar por 20 anos.


2. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE VOLUNTÁRIA
Há uma espécie de evolução no entendimento bíblico do dízimo, porém apesar que na Lei, ele se torna obrigatório, contudo não perde o seu caráter de voluntariedade. É obrigatório, mas é livre, é voluntário. Vejamos:

1º) Dízimo para o sustento dos Levitas - Em Levítico 27:30-33: "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados."
O dízimo é descrito neste texto como parte do produto da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado, e do rebanho. Cada ano, depois da colheita, os israelitas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas colheitas e do aumento do rebanho
Em Números 18:21-24: E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.
Neste texto o dízimo tem o caráter e o propósito bem definido no seu planejamento: ser o sustento dos levitas. Haja vista que estes não tinham herança na Terra Prometida, tal como a tinham as outras tribos, Deus fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras famílias de Israel. Por isso este princípio da obrigatoriedade é tão importante, e nisto podemos ver claramente registrado em Números 18:31: "E o comereis em todo o lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação." O dízimo foi a recompensa de Deus para suprir as necessidades materiais dos levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Senão houvesse a obrigatoriedade não haveria sustento na casa do Senhor.

2º) Dízimos para as Festividades Religiosas - Em Deuteronômio 14:22-27: Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.
Ao compararmos este texto com o de Números 18:21 observaremos que há um desdobramento orçamentário no período da Lei para a utilização dos dízimos: o primeiro destinado ao sustento dos Levitas como já exposto acima; o segundo destinado as festas religiosas de Israel. Então este texto provê uma outra obrigatoriedade provinda do dízimo para ser usado nas festas religiosos de Israel, "O Dízimo para o Festival". O povo de Israel devia usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém, o local que Ele escolheu para estabelecer Seu nome. O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Este "Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de Israel ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.

3º) Destinados aos cuidados dos Pobres - Deuteronômio 14:28-29: Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.
Aqui, somos ensinados mais um aspecto deste princípio de obrigatoriedade do dízimo que é coletado a cada três anos Este dízimo devia ser ajuntado nas aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei, o povo era responsabilizado por prover sustento, festividades e ação social.
Apesar que alguns textos sagrados evidencia mais a questão da obrigatoriedade, e compreensível nesta obrigatoriedade as exigências da Lei, como por exemplo em Neemias 12:44: Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali.
Com o relaxamento da voluntariedade, temos que entender que a situação exigiu os rigores da Lei, neste período da História de Israel, o dízimo perde a sua voluntariedade, sendo agora algo exigente, determinante na vida do povo como conseqüência do pecado da desobediência..
Estes dízimos já não eram voluntários como o foi nas vidas de Abraão, Jacó e dos primódios isrealitas. EmHebreus 7:5, lemos "E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão." O dízimo perde o seu caráter de voluntariedade, existindo apenas a obrigatoriedade do cumprimento da Lei. Dízimo agora é Lei..
Apóstolo Paulo na 2ª Carta aos Cor. 9:7, escreve o seguinte: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não pôr tristeza ou pôr necessidade, porque Deus ama ao que dá com alegria.” No ato de decisão, a opção a favor do dízimo ou das ofertas não depende, exclusivamente, daquele que decide, segundo a sua vontade soberana? Logo, todos os dizimistas o são voluntariamente e livremente, sem qualquer pressão coercitiva. Assim fez Jacó, na visão de Betel. Deus não exigiu coisa alguma dela. No entanto, ele deliberou ser dizimista pôr sua própria vontade. Foi um ato de incontestável voluntariedade, de acordo com o seu coração liberal, em plenitude de amor e gratidão ao seu Senhor.
Israel ao dizimar além da obrigatoriedade, havia a voluntariedade e suprir as necessidades espirituais e materiais da Casa do Senhor, das Festas ante o Senhor e do auxílio ao pobre, a viúva, ao órfão e ao estrangeiro. O texto de Malaquias 3:8-12, define o dízimo como algo tão contundente no relacionamento com o Senhor Deus,. O texto relaciona de modo claro e objetivo a base do dízimo (finalidade, o propósito), a promessa e as exigências. Lembro ao leitor, que toda promessa exige deveres com base na aliança que Deus faz conosco. A base do dízimo está na Aliança, isto é, a Aliança do Senhor é o fundamento do prática do dízimo, e nesta prática quando cumprimos as exigências. Deus promete abençoar-nos. Veja as promessas relacionadas pelo texto:a) abrirei janelas”: b) “derramarei bênçãos”; c) “Repreenderei o devorador”; d) “Não haverá esterilidade no campo”; e, e) “Serão chamados bem-aventurados”.
Esta obrigatoriedade é bem latente no Novo Testamento, apesar de que muitos não-dizimistas utilizam da argumentação de que o Novo Testamento não se pronunciou como algo obrigatório, evoco aqui o princípio da obrigatoriedade e voluntariedade, de forma bem simples para compreensão do leitor. Vejamos alguns textos neotestamentário:
Em Mateus 23.23: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas“. Neste texto o Senhor Jesus Cristo reafirma os princípios da voluntariedade e obrigatoriedade do dízimo, reafirmando sua necessidade, bem como denuncia a sua prática como demonstração de devoção exterior, isto porque não observando a base, a promessa e a exigência do dízimo, os fariseus substituíram os valores do reino, como a misericórdia, fé e justiça, pelo dízimo.
Em Hebreus 7. 1-10: Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da matança dos reis, e o abençoou, a quem também Abraão separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dentre os melhores despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que estes também tenham saído dos lombos de Abraão; mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou ao que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos, porquanto ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.“
“Eis as lições desse texto:
a) O Pai da fé deu dízimo de tudo - v. 2;
b) O pai da fé deu o dízimo do melhor - v. 4;
c) A entrega dos dízimos se deu não por pressão da lei, uma vez que o povo israelita ainda não existia e, portanto, muito menos a lei judaica - v. 6;
d) Hebreus nos faz perceber e reconhecer a superioridade do valor do dízimo que é dado a Cristo (imortal) em relação ao dado aos sacerdotes (mortais) - v.
8; e) O autor destaca que os que administram os dízimos também devem ser dizimistas - v. 9.”
[1]
No Novo Testamento podemos notar os mesmos propósitos do Antigo Testamento: Suprir, festejar e ajudar(ação social).. Paulo escrevendo aos Coríntios, defende o suprimento financeiro dos ministros do evangelho, e, a base de sua argumentação são os textos do Antigo Testamento se referem aos dízimos que supriam os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo o apóstolo:
1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).
2) Suprir os ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), (Nm 18).
3) No versículo 13, o texto traz uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o suprimento dos ministros da igreja, com base no mesmo princípio nos quais foram supridos os sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido por Deus através dos dízimos (Nm 18:20-26).
4) Paulo direciona o direito natural dos sacerdotes e levitas aplicando-o também aos ministros do evangelho (vv. 10, 12 e 14).
Este é o plano de Deus para suprir as necessidades da Igreja na manutenção dos ministros de Deus, evangelistas e missionários, o dízimo. Assim foi durante a teocracia em Israel, também a manutenção do sacerdotes do Templo de Jerusalém, na época neotestamentaria e foi defendida pelo Apóstolo Paulo utilizando os mesmos princípios do Antigo Testamento. Haja vista que as Escrituras Sagradas não apresenta nenhum outro método de suprir as necessidades dos ministros do Evangelho, é lógico concluirmos que esse é um plano divino para suprir as necessidades da Igreja hoje também. Qualquer outro método assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano de Deus.
O segundo propósito também é evidente no Novo testamento, as celebrações (festividades). Na Igreja Neotestamentária, as pessoas integram-se à comunidade cristã através de cerimônias de batismo e profissão de fé. Os cristãos se reúnem para o culto regular principalmente aos domingos. O culto consiste em vários rituais litúrgicos, tais como: orações, hinos, cânticos espirituais, leitura das Escrituras e sermões. O principal ritual é a celebração da Ceia, que consitia numa verdadeira refeição. Em I Cor 11: 20 “De sorte que quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor”. Atos 20:7 “No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão...”. A igreja se reunia para a Ceia do Senhor regularmente, e eles se reuniam para tomá-la.no primeiro dia da semana (Atos 2:42; Hebreus 10:25; 1 Coríntios 11:17,18,20), que também era o dia dedicado ao dízimo e as ofertasª. I Cor. 16:2, o Apóstolo Paulo faz esta recomendação: “No primeiro dia da semana, cada de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar...” .
O propósito do dízimo, cuidar dos pobres, das viúvas, dos órfãos e estrangeiros, foi uma das preocupações da Igreja Neotestamentária.. “Em casos de necessidade, tal como aquela causada por severa fome na Judéia, as igrejas pobres receberam assistência financeira das congregações mais prósperas de outros lugares (Atos 11:27-30). É por isso que Paulo enviou instruções à igreja Coríntia (também mencionadas em Romanos 15:25-32) sobre as doações para ajudar os irmãos pobres de Jerusalém (1 Coríntios 16:1-4; 2 Coríntios 8).”
[2] Textos como de Atos 2:32-47 e outros, nos ajudam a entender esta preocupação com os pobres e necessitados de assistência, o qual só seria possível com a fidelidade nos dízimos.
Bem, o Novo Testamento não excluiu o dízimo, mas reafirmou utilizando dos mesmos princípios do Antigo Testamento.

3. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE METÓDICA
Para que possamos compreender este princípio, primeiro precisamos entender o que seja metodicidade, que é a base do princípio da proporcionalidade, isto é, a proporcionalidade depende da metodicidade. Na 1ª Carta aos Cor. 16:2, o Apóstolo Paulo faz esta recomendação: “No primeiro dia da semana, cada de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar”. Note-se bem a primeira parte deste texto Sagrado. “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar”.
Como se pode ver, de acordo com os preceitos do Novo Testamento, o dízimo também tem de ser metódico. Ninguém pode fugir a este princípio bíblico, porque ele também é fundamentado na Nova Aliança. E não pode haver um processo mais prático e mais metódico do que o dízimo. Em primeiro lugar, notemos que Paulo determina o primeiro dia da semana - como o dia próprio para apresentação das contribuições. Em segundo lugar, o texto ensina que a contribuição é individual, e que deve ser posta à parte, na Igreja. Logo não se trata de coletas levantadas nas reuniões públicas em que os crentes colocam nas bandejas ou sacolas, quando encontram alguns níqueis na carteira, como se Deus lhes estivesse pedindo esmolas! Ainda Paulo afirma o dízimo deve-se processar de forma metódica e racional, não com desleixo e abandono.:
a. "no primeiro dia da semana",
b. "cada um de vós ponha de parte",
c. "o que puder ajuntar".
Como podemos observar, tudo obedece a um plano estabelecido por Deus. É um sistema perfeito em que há método e ordem. Paulo diz:: “Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade”, isto é, proporcional à sua renda.
Segundo Solano Portela “Registros antigos, na Palavra de Deus, que antecedem a Lei Cerimonial e Judicial do Povo Judeu, mostram que dar dez por cento das posses, ou seja, o dízimo, era uma prática religiosa abraçada pelas pessoas tementes a Deus, como forma de adoração e reconhecimento de que nossos bens procedem da boa vontade de Deus. Nesse sentido, Abraão, quando deu o dízimo ao sacerdote do Deus altíssimo - Melquizedeque (Gênesis 14.18-20), estava exatamente dando extensão à sua compreensão de mordomia, demonstrando reconhecimento a Deus pelas bênçãos recebidas nesta vida. Assim, simbolicamente, testemunhava que tudo era de Deus.
Essa foi também a compreensão de Jacó (Gn 28.20-22) quando faz um voto a Deus. Ali, lemos: "Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus, então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo". Dentre os muitos textos encontrados na Bíblia sobre contribuições e, mais especificamente sobre o dízimo, este entrelaça o conceito de bênçãos materiais advindas de Deus, com o reconhecimento da oferta proporcional como adoração e expressão da nossa mordomia. Jacó estava em uma jornada, comissionado por seu pai, Isaque, para encontrar uma esposa (28.1,2). Após haver sonhado (28.10-15) com a presença de Deus, no qual ele lhe promete proteção, acompanhamento e a formação de uma descendência, Jacó se atemoriza (28.16) e ergue um memorial a Deus (28.18-19).
O ensinamento é, mais uma vez muito claro. É óbvio que Paulo espera uma contribuição sistemática, pois ele diz que ela deveria ser realizada aos domingos (no primeiro dia da semana), que é quando os cristãos se reuniam. O trecho é muito rico em instrução, demonstrando até a propriedade de reunião e culto aos domingos, contra até alguns setores do neo-pentecostalismo contemporâneo, que insistem que deve-se continuar guardando o sábado, o sétimo dia da semana.
Mas o ponto que chama a nossa atenção, é o fato de que Paulo ensina que a contribuição deve ser conforme Deus permitir que se prospere, ou seja, conforme os ganhos de cada um. Essa é a grande forma eqüitativa apontada por Deus: as contribuições devem ser proporcionais, ou seja um percentual dos ganhos. Assim, todos contribuem igualmente, não em valor, mas em percentual.
Verificamos que é possível se inventar um percentual qualquer. Talvez isso fosse possível se nunca tivéssemos tido acesso ao restante da Bíblia, mas o percentual que o próprio Deus confirmou e registrou: dez por cento dos ganhos individuais, é por demais conhecido! Isso parece satisfatório e óbvio. Não é preciso se sair procurando por outro meio e forma de contribuição. Se isso for feito, pode-se até dizer, "eu contribuo sistematicamente com o percentual que eu escolhi", mas nunca será possível dizer que isso é feito em paridade e justiça com as outras pessoas. Quem vai garantir que o percentual do outro é igual ao meu? Essa aleatoriedade destruiria o próprio ensinamento da proporcionalidade que Deus ensina através de Paulo. A grande pergunta que tem que ser respondida é essa: "Se Deus já estabeleceu, no passado, uma forma de porporcionalidade, “
[3]

CONCLUSÃO:

Ser dizimista não é somente uma oportunidade de mostrar a nossa fidelidade e compromisso para com Deus, mas também é um princípio de Louvor e Adoração. Dele provém exigências que cumpridas proporcionarão ao homem bênçãos oriundas das promessas divinas. Se praticarmos este ensinamento, de forma correta, festejando com a família, amparando os necessitados e sustentando a Igreja com a parte que lhe cabe, o número de dizimistas vai quadruplicar e a velha rejeição, da sociedade brasileira às igrejas protestantes, vai desaparecer. A verdade, ainda que complexa, deve ser esclarecida e praticada sempre e sempre, só ela produz resultados realmente positivos e engrandece o Reino de Deus desenvolvendo toda a sociedade.
Soli Deo Gloria
Rev. Simonton
Notas:
[1] Lopes, Hernandes Dias. As razões dos não-dizimistas http://www.hernandesdiaslopes.com.br/index.php?area=sermoes&acao=ler&article=27, acessado em 22.09.2006

[2] Allan, Dennis. A Bíblia fala sobre Igreja e dinheiro. http://www.melodia.com.br/pages/dinamico.php?id_canal=8&id_texto=1257&acao=materia, acessado em 22.09.2006
[3] Portela, Solano. Mordomia. http://www.solanoportela.net/artigos/mordomia.htm, acessado em 22.09.2006
*Rev. Ashbell Simonton Rédua, é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai, em Niterói-RJ. Vindo a Niterói,RJ, visite a Igreja Presbiteriana do Sinai
Blog: revsimonton.blogspot.com

21 setembro 2006

A EFICÁCIA DA EVANGELIZAÇÃO ATRAVÉS DO FOLHETO


Domingo passado, foi um dia muito especial na Escola Dominical da nossa Igreja. Era o dia da EBD, assim resolvemos transforma-la em um dia memorável, inesquecível, e para que isto ocorresse, suspendemos o Estudo Bíblico Dominical e deslocamos o horário do culto das 09h00 para as 10h00. Assim a igreja reunião depois de orar, e ouvir uma breve instrução, saiu pelas ruas, becos, bares, lojas, padarias da redondeza evangelizando. Distribuindo folhetos e convidando o povo para o Culto de Evangelização às 10h00.Eu creio na eficácia e eficiência da Evangelização através de folhetos evangelísticos, não somente pelas experiências vividas nos meus 48 anos de idade, mas daquilo que recebi do meu pai, que por sinal foi um grande evangelista. Mas algo soou diferente neste domingo, as experiências foram inúmeras, tanto aquelas vividas por vários adultos como daquelas vividas pelas nossas crianças. Duas crianças saíram comigo e um jovem. Eu pude observar à alegria deles, quando entregavam um folheto e eram bem recebidos por aqueles que eram alvos de nossa busca. Alguns irmãos ficaram na igreja orando, intercedendo pelo trabalho daqueles que estavam na rua. Talvez alguém pensa que esta é uma tarefa ultrapassada, e atualmente este método de evangelização não funciona mais. Bem, não posso pensar assim, ainda sou do tipo que crer nesta estratégia, e, por isso temos praticado este antigo, porém eficiente método em nossa igreja. “Gouthamlal odiava crentes. Ele os odiava tanto que não permitia que compartilhassem sua fé com ele. Quando repetiu de ano no ensino médio, ficou temeroso e sentiu-se um fracassado. Durante esse tempo, ouvir história sobre crentes deixava-o ainda mais bravo. Certo dia sua mãe recebeu um folheto evangelístico enquanto fazia compras. Mas ela era analfabeta. Curiosa para saber o que estava escrito naquele pequeno pedaço de papel, o entregou a Gouthamlal. “Será que ele poderia lhe falar o que o papel dizia?”, ela pensou. Mas ao invés de ler o folheto para ela, Gouthamlal deu uma olhada nele, e, irritado, disse a ela que se tratava de uma religião não-importante para ele. Desapontada por não poder descobrir o que estava escrito naquele pedaço de papel, sua mãe escondeu-o em um saco cheio de livros. O tempo passou. Então, um dia, ainda desiludido com a vida, Gouthamlal descobriu o folheto enquanto folheava alguns livros. O folheto estava empoeirado e amarelado nas margens. Dessa vez, Gouthamlal quis lê-lo. Enquanto lia, um raio de esperança substituiu o vazio que sentia há muito tempo. O Santo Espírito trabalhou no coração do jovem, chamando a um relacionamento com o Deus Vivo. Ele podia entrar em contato com o pastor da Igreja dos crentes, em uma vila vizinha, para encorajar-se no Senhor. Quando Gouthamlal compartilhou o Evangelho com sua mãe, ela também recebeu o Senhor Jesus. Outros na família deles vieram ao Salvador também. Em sua vila, eles eram os únicos crentes. Em um domingo, o resto do povo em sua vila reuniu-se para decidir se os tirariam da comunidade. Neste tempo, Gouthamlal havia começado a participar da escola bíblica da missão Gospel for Ásia (GFA). Outros alunos e a equipe da escola intercederam com ele por intervenção sobrenatural de Deus. Deus respondeu de uma maneira miraculosa ao permitir uma disputa entre os aldeões: eles discutiram entre eles e dispersaram-se sem tomar uma decisão. O incidente deixou Gouthamlal e sua família encorajados no Senhor. Longe de odiar os crentes, hoje Gouthamlal continua avidamente seus estudos na escola bíblica e deseja evangelizar uma vila não-alcançada de seus nativos Rajasthan. depois de se graduar.” [1]Através do Evangelho, Deus tem feito o que é singular e sem paralelo ao fazer a revelação de Si mesmo. Ainda que possamos imaginar que o resultado não foi o que esperávamos, Deus no momento oportuno realizará a Sua obra, o que depender de nós, isto faremos.Soli Deo GloriaRev. Simonton

14 setembro 2006

HOJE É DOMINGO (DIA DA ESCOLA BIBLICA DOMINICAL)


Prezados irmãos!
Estamos comemorando no próximo domingo (17.09), o “Dia da Escola Bíblica Dominical”. Considerei esta história ou estória, muito propícia para a nossa pretensão de resgatar e restaurarar a EBD. Que essa também seja a meta de todos a Igreja.
Gde Abc
Rev. Simonton
asredua@yahoo.com.br ou asredua@oi.com.br


"HOJE É DOMINGO..."
Uma história muito comovente de uma E.B.D. que um certo dia ela se acabou...

Hoje é domingo...
O sol está alto e o dia está lindo.
Sentado neste banco, o banco de uma praça qualquer; meu pensamento vagueia e viaja pelo tempo, me leva ao passado e faz-me recordar meu tempo de criança. Tempo bom aquele. Lembro-me de tantas coisas, das brincadeiras, dos amigos, lembro-me dos doces de minha mãe, e até mesmo das surras que tomei de meu pai.
Coincidência...
Hoje é domingo. E na minha memória, a lembrança mais viva que tenho, são daquelas manhãs de domingo, manhãs de inverno, tão frio, nós ainda criança, gostávamos de dormir até tarde, acariciados pelo aconchego dos cobertores e do cheirinho de café vindo da cozinha, que mamãe sempre a primeira a levantar-se, tão cedo, se punha á fazer. Não demorava muito, ela vinha nos tirar da cama, “era domingo”, o dia em que as outras crianças dormiam até mais tarde, nós levantávamos cedinho. Mamãe então, arrumava nossas roupas, cobria-nos com alguns trapos velhos, a qual chamávamos de roupa de domingo, porque na verdade nem mesmo roupas tínhamos. Nossos sapatos, então, como era engraçado viviam sorrindo, depois de tanto uso e diversas caminhadas já nem comportavam mais nossos pés. Tínhamos também uma luva e um belo cachecol feitos por mamãe, e com o qual nos vestíamos, para podermos enfrentar o frio. Ah! E o café? O café ficava para mais tarde, tínhamos um compromisso muito importante nas manhãs de domingo, e o café podia esperar.
Papai já com seu chapéu de palha na cabeça, calçava suas botas tão surradas, mas, que no entanto, nunca o havia deixado na mão. Finalmente estávamos todos prontos.
Partíamos.
A distância era longa e a caminhada difícil. Muitas vezes olhávamos outras crianças que passava, por nós e queríamos ser como elas e mamãe nos consolava nos dizendo que elas não tinham a oportunidade de juntar as pedrinhas que guardávamos para as brincadeiras mais tarde. Depois de algumas horas a estrada chegava ao fim, lá adiante avistávamos uma pequena construção, papai ajudou a construir, era a nossa igrejinha; tão pequenina, tão simples e humilde feita de tábuas, mas dentro dela havia um calor tão gostoso que nos fazia esquecer do frio.
Era domingo. E no domingo o povo se reunia para ir a escolinha.
Que saudades eu tenho daquelas manhãs. Chegávamos na igrejinha, dobrávamos os joelhos, agradecidos a Deus por estar ali, pedíamos a sua benção para aquele novo dia e então nos sentávamos para ouvir o professor.
Lembro-me de ouvir a mamãe dizer que aquele homem tão simples, mal sabia escrever seu nome, mas, nas manhãs de domingo vestia seu terno, especialmente preparado para a ocasião, colocava sua gravata e virava um doutor, não um doutor comum, porque o que nos ensinava era algo maravilhoso e especial. Muitas das suas palavras guardo ainda na memória, como se as tivesse ouvindo neste instante.
Era domingo.
E todos estavam na igrejinha. Todas as famílias, pais, filhos, os irmãos, todos juntos ouvindo Deus falar.
Aprendendo a conhecer Deus.
Doce lembrança...
Após a escolinha voltávamos felizes para nossas casas, sempre todos juntos, e ao chegar à casa, saboreávamos, então, os doces e o café que mamãe havia deixado sobre o fogão. Eram domingos maravilhosos. Eu poderia contar lindas histórias sobre aqueles domingos na escolinha dominical, muitas até fariam chorar, mas ninguém as quer ouvir.
Hoje é domingo e eu aqui sentado; sentado neste banco, nem mesmo a igreja fui.
A distância não é tão grande, o caminho é bem mais fácil e já não preciso ir á pé, se eu fosse comparar, nem mesmo parece frio, porque tenho tantas roupas para vestir que não sei qual usar. A igrejinha simples não existe mais é verdade, virou tapera em algum lugar no passado. A igreja, hoje é de pedra, hoje, é de pedra mais resistente, tem janelas, seus bancos são melhores, é bem diferente e fato. O calor que havia naquela simples e humilde igrejinha pode ter esfriado um pouco, mas, é porque muitos se esqueceram que hoje é domingo.
Como eu queria estar lá com os irmãos.
Se meus filhos ao menos estivessem aqui. Por que não os ensinei da mesma forma que meus pais me ensinaram?
Grande engano meu...
Pensei que estaria dando mais conforto a eles deixando-os dormir até mais tarde aos domingos.
Hoje é domingo e meu filho trocou a noite pelo dia, foi dormir quando deveria estar se levantando para ir à escolinha
Grande engano meu...
Pensei que fazendo do meu filho doutor ele aprenderia a respeitar e amar a Deus. Hoje me chama de quadrado e se esqueceu de Deus.
Que saudades que tenho da escolinha.
Como gostaria de estar lá, naquela escolinha junto com meus filhos, com minha família, bem como fazíamos no passado, nas manhãs de domingo. Seria tão bom ouvir Deus falar.
Quisera eu contar minhas experiências aos mais jovens, ser também um professor da escola bíblica dominical.
Hoje é domingo
E eu aqui neste banco a lamentar do passado e sofrendo por não saber aproveitar quando a porta da igrejinha estava aberta aos domingos de manhã, bem cedinho.
Quando os meus filhos nasceram eu deixei de ir a escolinha, a qual nunca havia faltado antes, muitos seguiram meu exemplo, deixaram de ir também, e o pastor cansou de esperar por mim.
Um dia fechou a porta da igrejinha.
E eu aqui, a lamentar...
Hoje é domingo!
E acabou-se a escolinha.
Autor desconhecido

Vindo a Niterói visite a Igreja Presbiteriana do Sinai, na rua Riodades, 197 – Fonseca.
Visite também nossos sites:
www.revsimonton.com.br

08 setembro 2006

DIA DO SEMINARISTA DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL


Niterói-RJ, 08 de setembro de 2006.


Do: Rev. Ashbell Simonton Rédua - Membro da JET
Aos: Seminaristas do Seminário Presbiteriano da IPB
Assunto: Dia do Seminarista Presbiteriano



Meus queridos seminaristas Presbiterianos!

Meus queridos seminaristas, hoje estamos comemorando o seu dia. Fala-se menos hoje em formação pastoral, e, mais em formação de líderes. Infelizmente não encontramos na Bíblia a palavra “líder” para descrever aqueles que são chamados para servir à Deus na Vocação Pastoral. Deus teve apenas um Filho e tornou-O um Pregador. O ministério pastoral é uma obra árdua. Paulo comparou a vida do pastor à do soldado e à do lavrador. Ele encorajou o jovem Timóteo a participar “dos sofrimentos” no ministério (2 Tm 2:3,6). No cerne desta obra árdua está a santa tarefa de pregar. D. Martyn Lloyd-Jones afirmou que “a mais urgente necessidade da igreja cristã é a verdadeira pregação”. “Prega a palavra!” foi a admoestação do apóstolo a Timóteo. “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4:2). A razão pela qual Timóteo precisava pregar a Palavra com autoridade era a inevitável tendência íntima dos homens no sentido de resistirem à sã doutrina. A pregação é o meio ordenado por Deus para combater essa tendência.

Meus queridos seminaristas, hoje, ouvimos muito a respeito da irrelevância da pregação. O homem moderno (especialmente o que cresceu nas últimas 4 décadas) simples- mente não ficará quieto diante de tais atividades “tradicionais” da igreja. O que precisamos fazer, portanto, é dar-lhe o que ele quer: dramatização, dança, multimídia. Todos estes e outros métodos estão sendo trombe- teados como os novos veículos da proclamação para a igreja de hoje.
Eles nos dizem que a pregação está fora de moda. Esperar que grandes grupos de pessoas se assentem nos bancos da igreja e ouçam um homem falar por meia hora ou mais não é apenas presunçoso, é tolice. Apesar disso, “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Co 1:21).

Meus queridos seminaristas, se temos esperança de ver genuíno avivamento e reforma, é preciso haver o retorno de poder ao púlpito. A pregação ungida pelo Espírito é a grande necessidade de nossos dias.

Meus queridos seminaristas, queimem seus olhos com estudo cansativo. Desarticulem seu equilíbrio emocional com a preocupação pelas coisas de Deus. Troquem suas aparências piedosas por uma caminhada humilde com Deus e com os homens. Gastem-se para a glória de Deus. Desliguem seu telefone. Destruam suas folhas de avaliação. Ponham-se à prova, examinem-no, submetam-no a testes. Humilhem-se por sua ignorância das coisas divinas. Envergonhem-se por causa de sua boa compreensão de assuntos econômicos, de resultados de campeonatos esportivos e de questões sobre partidos políticos. Gracejem-se de suas frustradas tentativas de “ser um psiquiatra” ou um “psicólogo” pregando auto-ajuda.

Meus queridos seminaristas queremos “Pastor, que conheçam Deus”. Quando, por fim, você subir ao púlpito, queremos ouvir uma palavra vinda de Deus. Se não, dispenseremos e diremo-lhes à vocês que também sabemos ler jornal, digerir os comentários da televisão, avaliar os problemas superficiais do dia, lidar com as enfadonhas tendências da comunidade e abençoar o arroz e feijão, melhor do que você.

Meus queridos seminaristas, se Deus prolongar a minha vida, espero observar o seu ministério. E ficarei muitíssimo triste se descobrir que o formalismo vazio e professos de coração dividido permanecem sem perturbação no seu pastorado. Você deve suspeitar imediatamente que algo está errado em seu ministério, se os seus ouvintes aprovam o seu ministério e, ao mesmo tempo, se deleitam com o pecado e tranqüilizam suas consciências na busca por diversões mundanas.

Meus queridos seminaristas, a todos os pregadores eu posso dizer: “Prega a palavra!” Mas, para você, eu tenho algo mais a dizer: “Insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina”.
O quê? Temos de fazer isto sempre? Sim, sempre. “Insta, quer seja oportuno, quer não.” Por amor a Cristo, à Igreja, à própria alma e à sua saúde, eu o exorto: seja vigilante no exercício deste ofício sublime. Sim, por amor a Cristo, todo o seu tempo não é suficiente para que exalte o precioso nome dEle. E, visto que há poucos que O honram, seja este o seu perpétuo trabalho.
Que o Senhor vos abençoe na confirmação da vossa Santa Vocação.

Soli Deo Glória

Rev. Simonton


07 setembro 2006

"AMOR À TERRA, AMOR À DEUS"


*Rev. Ashbell Simonton Rédua

Venho do além desse monteque ainda azula no horizonte,onde nosso amor nasceu;do rancho que tinha ao ladoum coqueiro que, coitado,de saudade, já morreu.Venho do verde mais belo,do mais dourado amarelo,do azul mais cheio de luz,cheio de estrelas prateadas que se ajoelham, deslumbradas,fazendo o sinal da cruz.[1]

O 7 de setembro deste ano tem um significado ainda maior, uma vez que o brasileiro deve se conscientizar de que seu patriotismo se manifestará de modo concreto no mês de outubro próximo, através do voto em pessoas que em primeira instância cremos que contribuirão para o progresso do Brasil.
Os sentimentos de patriotismo decorrem do direito natural que aquele direito que se compõe de princípios inerentes à própria essência humana. É constituído pelos princípios que servem de fundamento: "o bem deve ser feito", "não lesar a outrem", "dar a cada um o que é seu", "respeitar a personalidade do próximo", "as leis da natureza", etc., seu caráter é universal, eterno e imutável e pertencem a todos os tempos, não são elaborados pelos homens e emanam de uma vontade superior porque pertencem à própria natureza humana; "o direito de reproduzir" "o direito de constituir família" "direito à vida e à liberdade"... independe de ato de vontade por refletir exigências sociais de natureza humana, comuns a todos os homens o direito natural não pode ser afetado por qualquer lei, pois, é um conjunto de normas jurídicas promulgadas, isto é, oficializadas pela inteligência governante de conformidade com o sistema ético de referência da coletividade em que vigora o Direito Natural é o direito legítimo, que nasce, que tem raízes, que brota da própria vida, no seio do povo. É bem claro este direito na comunidade Israelita. A lei mosaica determinou como o quarto mandamento da Lei de Deus: “Honra teu pai e tua mãe”. Nesse mandamento está subentendido o dever de respeito e obediência aos que exercem autoridade como um desdobramento e ampliação do núcleo familiar, do Direito Natural. Aí estão incluídos os compromissos com a Pátria e com os que a administram ou a governam.
O amor à sua terra e seu povo levou Jesus, em sua natureza humana, a manifestar, com lágrimas, seu profundo sentimentos pelas iminentes desgraças que atingiriam sua Pátria: “Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar...” (Lc 19:4). E de fato a cidade de Jerusalém foi destruída pelos romanos no ano 70. O cerco e a queda de Jerusalém são descritos com pormenores gráficos pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, no livro “Guerras dos Judeus”, que foi publicado por volta do ano 75 da nossa era.
O amor ao Brasil, manifestado por ações em nossas comunidades, é um compromisso de nossa fé e deve ser cultivado, como se faz com outros aspectos da vida espiritual. O papel da Igreja, em sua relação com o governo, leva-lo-á, assim como grande parte dos pensadores medievais
[2], a colocar o Direito Natural como de importância decisiva, pois só com uma norma de caráter mais geral, colocada acima do Direito Positivo, poderia haver alguma esperança de realização da Justiça Cristã.
Segundo Calvino a passagem de Romanos 13.1-7, onde é mencionado as autoridades e nossos deveres para com elas. Assim entende o Reformador que a Igreja e o Estado são duas instituições distintas, mas procedentes de Deus (Rm 13.1-2), cada uma com funções espécíficas. “A Igreja é as primícias deste Reino vindouro; o Estado, por sua vez, deve manter a ordem provisória na sociedade humana.”
[3]
“Existe uma coerência fundamental entre as idéias de João Calvino a respeito de dinheiro, pobreza e ética cristã, por um lado, e as práticas beneficentes da Igreja Reformada de Genebra, por outro lado. Calvino não somente escreveu e pregou amplamente sobre o assunto, mas, juntamente com os outros pastores locais, pressionou repetidamente as autoridades locais para que protegessem os pobres e adotassem leis que favorecessem a beneficência.”
[4] A Igreja, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado. No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas, mas ambas servem a vocação pessoal e social dos mesmos homens. A Igreja lembra continuamente a transcendência da pessoa humana, destinada ao convívio eterno com Deus. Ao pregar a verdade evangélica, ilumina todos os campos da atividade humana, respeita e promove a liberdade e a responsabilidade política dos cidadãos em vista da justiça e do amor.
Mas uma coisa importantíssima tem feito falta à nossa pátria! A Bíblia diz:
"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor!"(Salmos 33:12)
Se os princípios bíblicos de justiça, relacionamento interpessoal e vivência fossem a plataforma política de nossos governantes e o padrão de atuação em todos os âmbitos de nossa Sociedade, poderíamos estar vivenciando outras realidades nessas questões fundamentais que afligem a cada um de nós!
Precisamos nos posicionar com corações e mentes sem lançar ao desprezo a nossa pátria, onde nascemos e vivemos. Precisamos orar para que Deus abençoe essa nação, para que nossos líderes sejam por Ele confrontados com suas próprias atitudes e ações e entendam que sua função é de grande honra, que implica em dignidade e senso de compromisso, e que compreende liderar para o melhor um povo muito especial!
Que você se posicione, agora, buscando a Deus de todo seu coração, para que a felicidade possa vir sobre nossa pátria, não só no dia de sua independência, como também nas próximas eleições, entendendo que você é peça chave para o desenvolvimento de nossa grande nação.
“Deus salve o nosso país”
Soli Deo Gloria

*Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai, em Niterói-RJ, e, secretário executivo do Sínodo Leste Fluminense
Visite meu site:
www.revsimonton.com.br
Blog: http://revsimonton.blogspot.com/
http://reformados.blogspot.com/

* Texto escrito especialmente para o site: O Militar Cristão (
http://www.militar.cristao.nom.br/]

[1] Almeida, Guilherme. Canção do Expedicionário. No decorrer de todo o poema, Guilherme de Almeida transcreve o que havia de mais precioso na alma brasileira, desde a música popular e a literatura, até as tradições religiosas. Está canção é eternalizada através da música Spártaco Rossi. É uma das canções oficiais das Forças Armadas.
[2] A doutrina de Agostinho (354-430 d.C.) tem um importante papel nos postulados do Direito Natural absoluto. Mais tarde, a doutrina de São Tomás de Aquino (1226-1274) mostra em maior grau a necessidade da realidade através do conceito de Direito Natural relativo expressar os ideais cristãos.
[3] Lopes, Augustus Nicodemus. O Ensino de Calvino Sobre a Responsabilidade Social Da Igreja. http://www.thirdmill.org/files/portuguese/92317~9_19_01_10-06-21_AM~O_Ensino_de_Calvino_Sobre_a.html, acessado em 06.09.2006
[4] Matos, Auderi de Souza. Amando a Deus e ao Próximo: João Calvino e o Diaconato em Genebra. http://www.ipb.org.br/estudos_biblicos/download/amandoasdeuseaoproximo.doc. acessado em 06.09.2006

02 setembro 2006

NOVOS DESAFIOS AO MILITAR CRISTÃO

*Rev. Ashbell Simonton Rédua


“O que vimos e ouvimos... o que nossas mãos tocaram... a respeito do Verbo da vida... nós o comunicamos para que vivais em comunhão conosco” (I João 1: 1,3)

“Ame pessoas, use coisas, nunca faça o contrário."
[1]
Juiz Federal William Douglas.

"Um coração tem razões que a própria razão desconhece. É o coração e não a razão que sente a Deus. Há verdades que são sentidas e verdades que são provadas, porque conhecemos a verdade não só pela razão, mas pela convicção intuitiva a que se pode chamar coração. As verdades primárias não são demonstráveis, e não obstante nosso conhecimento delas não é menos correto. A verdade pode estar acima da razão e não ser contrária a ela."
[2

Filósofo Blaise Pascal


Pensar em novos desafios para o Cristão Militar faz-me refletir mais sobre a realidade conflitante, dialética, do nosso contingente militar brasileiro. Vivemos num país capitalista e que, todavia, possui uma das maiores populações cristãs do mundo. Dessa forma, é oportuno o questionamento sobre como entrecruzam-se no cotidiano militar esses aspectos, tão importantes para uma sociedade: a religião e o sistema militar. Vale destacar que ambos deveriam gerar bem-estar para nós, porém, infelizmente, cabe mesmo é a pergunta: quem mais estaria contribuindo para a nossa infelicidade: um sistema militar pautado pelo egoísmo e que repudia o amor ou uma religião que seja alienante em vez de libertadora.
Nesta reflexão estarei pontuando alguns desafios que nós militares cristãos temos de enfrentar.

1. Desafio do relacionamento com o dinheiro e as coisas materiais
Sabemos que o dinheiro e as coisas materiais têm afastado muitos militares cristãos do caminho do Senhor, colocando-as sob as garras impiedosas do inimigo e impedindo-os de levarem uma vida correta e devota, conforme é o desejo de Deus para todos aqueles que crêem, claramente manifesto em sua Palavra. Muito tempo e energia são gastos com os problemas e desafios financeiros do dia a dia, seja por falta de conhecimento prático para lidar com os vários aspectos da complexa vida financeira destes nossos tempos, seja por falta de entendimento das preciosas instruções que a Palavra de Deus nos traz sobre como lidar com as questões financeiras e materiais.
Os resultados negativos dessa falta de conhecimento e habilidade para lidar com o dinheiro são vários: dificuldade de pagar as despesas do lar, dívidas descontroladas, falta de preparação financeira adequada para o futuro, estresse, brigas e desentendimentos no quartel, na família e na igreja, desesperança e enfraquecimento da fé. Boa parte destes males são resultado de uma lamentável idolatria do dinheiro e das coisas materiais, ainda que por vezes praticada de forma involuntária. Mas não nos esqueçamos do alerta que o próprio Jesus nos fez: “Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus.” ( Lucas 16:15 – NVI ).
Portanto, enquanto cristãos cujo propósito maior de vida é andar nos bons e retos caminhos do Senhor, devemos todos aprender a lidar corretamente com o dinheiro, para que ele de fato seja tão somente um “meio” para a nossa vida material neste mundo, e não um “fim” em si mesmo. A princípio parece tarefa simples, mas somente cristãos sábios e bem informados, atentos para as instruções bíblicas e também dotados de boas técnicas de autogestão das finanças pessoais, estarão devidamente capacitados para resistirem ao consumismo e à busca vã do prazer pela posse e consumo do material.

2. Desafio do relacionamento pessoal num pluralismo cultural e religioso
Um novo desafio para o militar cristão é o pluralismo cultural e religioso. Nesta se faz uma tentativa de descrição ou análise da realidade militar a partir dos problemas vividos no interior da caserna. Nesta perspectiva basta uma rápida olhada crítica da nossa realidade que descobriremos que estamos envolvido num forte pessimismo dualistico dos termos que marcam o nosso contexto: “alterações culturais e sociais militares” (o militar de dez anos atrás é diferente do militar de hoje) , “individualismo e fragmentação” (o pulo do gato: não passamos tudo que sabemos com medo de perder as garantias e o favorecimento individual), “horizontes sem transcendência” (para muitos chegar ao final da carreira militar e chegar a beira da sepultura), “antropologia militar em questão” (o que é o homem militar), “o pluralismo ético e religioso: subjetivismo e relativismo”( “A pergunta que as pessoas fazem com relação ao cristianismo não é se ele é a verdade ou não, mas simplesmente se funciona. Elas querem saber se vai mudar a vida delas para melhor, se Cristo realmente é poderoso para transformá-las, e pode dar-lhes paz, alegria, esperança e propósito às suas existências”
[3]).
Diante desta tenebrosa realidade descrita não fica difícil afirmar que o Militar Cristão é chamado a dar sua contribuição de esperança, neste universo (militar) em que a convivência social nos diversos ambientes de vida não melhorou quando a mentalidade acima descrita. Ora, o pluralismo cultural e religioso estava já presente na formação do Exército Brasileiro, na Batalha dos Guararapes quando da expulsão dos holandeses (calvinistas), do Brasil. Sabemos da história o quanto custou a “erradicação” do pluralismo cultural e religioso e a implantação de uma unidade cultural e religiosa a partir da hegemonia do discurso cristão católico. O que mudou nas últimas décadas talvez tenha sido a crescente consciência de ter o militar cristão cada vez menos o discurso hegemônico – tanto do ponto de vista cultural quanto do ponto de vista religioso – dentro da vida militar. E aí o desafio é colocar-se corretamente dentro desta nova conjuntura e não sonhar com a restauração da sociedade militar através do ponto de vista apenas religioso.
Segundo o Dr. Augustus Nicodemus “O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono da "arrogância" teológica do cristianismo, nega que exista verdade religiosa absoluta, e exalta a experiência religiosa individual como critério último para cada um. Por exemplo, o padre católico Raimundo Panikkar, descendente de hindus, escreveu um artigo onde defende que isolacionismo já não é mais possível na sociedade globalista em que vivemos. Embora afirme que aceitar o pluralismo religioso não signifique o mesmo que aceitar o relativismo, deixa claro que a experiência religiosa individual é a chave para a convivência pluralista. Diz ele, "No momento eu estou experimentando o amor de Deus por mim em Cristo Jesus, e por este motivo eu sei com perfeita clareza que ele é o caminho, a verdade e a vida".
O pluralismo religioso defende uma nova teoria missiológica, onde não mais se prega a necessidade de conversão de outras religiões ao cristianismo, e sim a cooperação entre todas as religiões, naquilo que têm em comum. O pressuposto é que o cristianismo não é o único caminho para Deus, embora seja o melhor, e que Deus está agindo salvadoramente no âmbito de outras religiões, como as religiões orientais.”
[4]

3. Desafio da busca de um modo próprio de viver o cristianismo dentro do Quartel (de ser cristão).
O terceiro desafio também se concretiza na busca de um modo de ser cristão ou de um meio próprio de se identificar e viver servo do Senhor Jesus Cristo.
A missão do militar cristão, aquela pela qual ela será julgada na história, é a comunicação de Jesus Cristo. Não como notícia de jornal e nem mesmo como lembrança piedosa, mas como experiência e eficácia. O testemunho é uma comunicação de experiência. Assim foi a primeira palavra do Apóstolo João na sua primeira Epístola (1Jo 1:1.3): “...o que vimos e ouvimos... o que nossas mãos tocaram... a respeito do Verbo da vida... nós o comunicamos para que vivais em comunhão conosco”. Nossa comunhão é com o Pai, com seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo.
Passados os tempos apostólicos, a experiência do Cristo deve passar através das atitudes fundamentais do cristão: as virtudes cristãs (teológicas). Na prática o cristão dá testemunho da presença viva e atuante do Cristo no tempo histórico, não a partir do que viu e ouviu pessoalmente, mas pelo exercício da fé, da esperança e do amor que ele procura viver no seu meio social de referência e na sua vida de cada dia na caserna.
Por seu método de trabalho, o militar cristão se orienta para a ação e para a transformação das pessoas com quem entra em contato. Ele não tem como objetivo próprio a produção de um pensamento sistemático ou científico. Mas a partir do seu método, de ação-reflexão, a experiência pode alimentar uma consciência de um “modo de ser cristão”, que pode ser capitalizada como uma memória. É esta memória que, por sua vez, pode se apresentar como objeto para uma teologia prática-pastoral, se é percebida como consciência coletiva..., ou teologia espiritual, se é olhada como conjunto de itinerários de indivíduos.
A metodologia de trabalho do militar cristão nas suas dimensões de “identificação com o meio” e de “afirmação cristã” dá uma grande importância ao sistema de motivação espiritual, tanto no seu aspecto de “adesão a uma escolha”, quer dizer, de afirmação da eficácia desta escolha, quanto na procura da razão do agir, quer dizer, na afirmação de sua dimensão ética.
Quando se nos exige cultivar uma vida interior - o primeiro espaço da nossa liberdade -, a dinâmica e a energia que aí acumulamos depende da capacidade de sair para os outros e de nos relacionarmos com eles. O fechamento sobre si mesmo traz o risco de provocar entupimentos, como as doenças das populações ricas, com gorduras e colesteróis. O egocentrismo “engorda” e produz as enxúndias da alma.
O “ver, julgar, agir” do método é um processo permanente de escolha. Mas escolher - dentro desse espaço de consciência - deveria sempre significar crescer. Dito em outras palavras, as escolhas pequenas e também as grandes que fazemos, durante a vida, deveriam sempre nos dar um “mais”, deixar-nos maiores. Não para nos encharcar de grandeza..., mas para gastar com os outros.

Conclusão
Concluo este artigo com as palavras de Smith Wigglesworth “Encha seu coração e sua mente com a Palavra de Deus. Memorize versículo, de modo que você possa citar a passagem corretamente quando estiver em reuniões ao ar livre ou pregando para alguma pessoa. Ao fazer isso, estará lançando sementes no coração dela, as quais serão germinadas pelo Espírito Santo. Ele será capaz de trazer à sua mente aqueles textos que você memorizou um dia. Você precisa estar ensopado com a apalavra de Deus, tão cheio dela que você mesmo seja uma carta viva, conhecida e lida por todos os homens. Os crentes são fortes apenas quando a Palavra de Deus habita neles.”
[5]


* O Rev. Simonton é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai em Niterói e ST QSau R/1 EB


Matéria escrita especialmente para o site: O Militar Cristão (
http://www.militar.cristao.nom.br/)

Ofereço aos amigos e companheiros do Hospital Geral do Recife.

[1] Douglas, William. Pensamentos. http://www.filhotesdecristo.hpg.ig.com.br/pensamentos.htm, acessado em 31.08.2006
[2] Pascal, Blaise. Pensamentos. http://www.filhotesdecristo.hpg.ig.com.br/pensamentos.htm, acessado em 31.08.2006
[3] Lopes, Augustus Nicodemus. PNEUMATOLOGIA REFORMADA, DE VERDADE! DEFINIÇÕES E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS, http://www.thirdmill.org/files/portuguese/48933~9_19_01_11-14-53_AM~PNEUMATOLOGIA_REFORMADA.html, acessado em 31.08.2006
[4] Lopes, idem ibid.
[5] Wigglesworth, Smith. Pensamentos. http://www.filhotesdecristo.hpg.ig.com.br/pensamentos.htm, acessado em 31.08.2006

24 agosto 2006

MODELO ECLESIÁSTICO E A IDENTIDADE REFORMADA

Rev. Ashbell Simonton Rédua
asredua@yahoo.com.br
Em vista da secularização crescente, números decrescentes de membros das Igrejas, enfraquecendo-as em geral, pergunta-se hoje qual o modelo para o crescimento da Igreja. Nisso, na discussão presente sobre a vida evangelística e missionária da Igreja, se mostra que imaginações e modelos diferentes de missão a acessos e centros de gravidade diferentes ao entendimento do agir evangelístico e missionário da Igreja.
Ao mesmo tempo, as igrejas se reencontram em virtude da globalização em vizinhanças inter-religiosas e interculturais. Não só no trabalho pelo mundo inteiro, mas também no lugar, o encontro com outras religiões aumenta, colocando os membros das igrejas cristãs diante de desafios práticos e teológicos a respeito da sua convivência com os que crêem diferentemente no pluralismo religioso crescente das sociedades contemporâneas.

A primeira questão com a qual deparamos ao abordar este tema é a de definir exatamente sobre o que estamos falando. O nosso assunto gira em torno da compreensão da identidade reformada. Limitando o nosso tema aos modelos que temos algumas igrejas locais vem utilizando dentro da IPB. E creio que esse é o nosso problema, quando falamos de Identidade Reformada ou Identidade Presbiteriana.

Quando não sei quem eu sou, também não sei para onde vou. Se eu não conheço a identidade Presbiteriana (reformada), também não sei como conduzir a igreja nesta perspectiva. Talvez caberia perguntar aqui nesse momento: qual o seu modelo de pregadores? Apóstolo Paulo, Agostinho, Calvino, Zuinglio, Baxter, John Owen, Jonathan Edwards, Billy Graham, Ashbell Green Simonton, José Manoel da Conceição, Kelly, Hernandes Dias Lopes, etc. Isto porque o modelo definirá a minha identidade no púlpito na Igreja.

Se temos consciência da nossa identidade reformada, também temos o sinal que nos indica o caminho para onde estamos indo, e por isso não temos necessidade de inventar moda, não temos necessidade de copiar modelos eclesiológicos, teológicos e pastoral. Se eu tenho consciência da minha fé reformada não preciso copiar modelos de:
- G12
- Igreja com propósito
- Igreja de Células
- Igreja em Células
- Carimatismo, pentecostalização e neo-pentecostalização
- Semi-pelagianismo
- e nem o Pragmatismo.

Temos que estar atentos para uma única coisa: Não aplicar em nossas Igrejas nenhum modelo pronto. Não podemos pegar pacotes prontos e colocar em nossas Igrejas. Porque um modelo estratégico de trabalho não vai dar certo na sua igreja, isto porque um modelo precisa de uma experiência. Aquele modelo é experiência daquele pastor. O modelo em células é um simples modelo de crescimento, o próprio Rick Warren trabalha com células e, para termos nossa experiência e nossos modelos é necessário “o joelho no chão”, pedir ao Pai, que Ele dará a estratégia ideal para a nossa igreja local, contudo não podemos desviarmos dos princípios da identidade reformada. O Prof. Dr. Rev. Alderi Matos escrevendo sobre Jonathan Edwards afirma: “Seu critério básico para definir a questão é o mesmo que deve ser observado pela igreja contemporânea: verificar até que ponto Deus ocupa o lugar central da vida, do culto, das práticas e do testemunho. Além de advertir contra o mero emocionalismo, que excita as emoções mas não produz transformações duradouras, Edwards também combate o erro de se dar ênfase não a Deus, mas às respostas humanas a Deus, algo tão comum nos nossos dias com toda a celebração do eu, a empolgação religiosa e os testemunhos auto-congratulatórios. Em última análise, o que determina se a conversão e a vida espiritual são genuínas ou não, são os seus frutos visíveis: convicção de pecado, seriedade nas coisas espirituais, preocupação com a glória de Deus, apego às Escrituras, mudança no comportamento ético, relações pessoais transformadas e influência regeneradora na comunidade (Fides Reformata III/1, 86).”[1]

A construção do nosso modelo pede que a participação nasça no interior das igrejas locais subindo aos concílios superiores da igreja. Tal modelo não contradiz o modelo anterior no seu elemento fundamental. Pois os modelos que se recebem no interior do Povo de Deus não são conferidos pela vontade popular, mas pela graça de Deus. Modelos se escolhem e se constroem. Trabalho lento e difícil que não se faz sem tensões e até conflitos. A confiança está depositada na força do Espírito e no espírito de responsabilidade de fiéis e membros que conheçam a identidade reformada da Igreja. Só uma obra conjunta, na força do Espírito Santo, é capaz de construir o modelo para o Povo de Deus, cuja base última é a Palavra de Deus.
Soli Deo Gloria


* Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai em Niterói-RJ.
** Contatos: asredua@yahoo.com.br ou asredua@oi.com.br


[1] Mattos, Alderi de Souza. Aspectos Essenciais da Identidade Reformada. http://www.thirdmill.org/files/portuguese/61825~11_1_01_9-39-35_AM~ASPECTOS_ESSENCIAIS_DA_IDENTIDADE_REFORMADA.html, acessado em 24.08.2006

19 agosto 2006

CONSAGRAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO

*Rev. Ashbell Simonton Rédua

Atrair o homem para Cristo é um dos grandes desafios da CNHP no quadriênio de 2006-2010.
Mas se os homens se lançam à procura da felicidade ilusória que a sociedade moderna tão facilmente lhes oferece, como fazê-los aderir a um Igreja Reformada com as exigências e os sacrifícios que lhe são inerentes?
Tentar esconder a Doutrina da Graça de Cristo, julgando assim poder ganhar a simpatia do homem contemporâneo é ilusão que só poderá produzir esterilidade no processo evangelístico.
A resposta a este problema crucial para quem se dedica à evangelização, em nossos dias, a encontramos no princípio: “Se Cristo lhes for apresentado com o seu verdadeiro rosto, os homens reconhecem-No como resposta convincente e conseguem acolher a sua mensagem, mesmo se exigente e marcada pela Cruz” .
Descortinar a verdade em toda a sua totalidade deslumbrante é o segredo de uma autêntica evangelização, método que os Homens Presbiterianos seguem na evangelização individual, no lar, na família e em todos os setores da atividade humana.
Mas, surge então a dificuldade: como chegar até aos que não freqüentam a Igreja? A resposta é lapidarmente simples: indo até junto deles. É esse o papel do evangelizador.
Consagração e Evangelização, tema este proposto para 2006, assim parto do pressuposto de que a Evangelização é conseqüência da consagração. A presença de crentes consagrados no país preserva das trevas, da escuridão, da ignorância, pois os crentes consagrados são a luzes do mundo e o brilho dessa luz não pode ser escondido (Mateus 5.14-15).
A presença de cristãos consagrados no país manifesta a glória de Deus através das obras que são fruto da fé (Mateus 5.16)
Portanto, a evangelização genuína do Brasil é a resposta para a crise política e moral que ele vive no momento. Se o país está se apodrecendo na corrupção, é porque falta sal; se está perdido e desorientado, é porque falta luz!
Consagrar é oferecer a Deus aquilo que temos de mais valioso: nossa vida!
Somos chamados para sermos separados para Deus, consagrados a Ele, pois, somos Dele. Para que a evangelização flua na sua vida, tem que haver consagração da sua parte. Se desejarmos ser usados por Deus na evangelização do Brasil, temos de estar dentro de Seu padrão, ou seja, vivendo de acordo com a Sua Palavra. Deus conta com você para a realização da obra evangelística do Brasil! Ele deseja te usar!
Do mesmo modo, a nossa consagração perde o sentido se não estiver baseada no amor ao Senhor e no prazer de andar em sua presença. Sem essa motivação, a evangelização torna-se simplesmente um ato religioso ou legalista.
Ser consagrado ao Senhor é mais que rejeitar o pecado ou a carne. Ser consagrado ao Senhor é rejeitar tudo o que estiver impregnado pela morte.
Logo, a consagração é uma das condições para sermos usados por Deus na obra de evangelização. Não me refiro àquela consagração religiosa ou legalista, mas àquela que vem de um coração que deseja a presença de Deus.
Quando evangelizamos sem consagração as conseqüências são imediatas:
- Perdemos o poder para vencer o pecado e subjugar o inimigo
- Perdemos a liberdade conquistada em Cristo. Por causa do pecado muitos que outrora foram libertos vivem agora debaixo das cadeias do diabo;
- Perdemos a visão, o discernimento e a sensibilidade espiritual;
- Perdemos a direção espiritual. Por causa das cadeias espirituais que nos prendem passamos a andar em círculos;
Devemos entender que Os seguidores do Senhor Jesus Cristo têm a obrigatoriedade de mostrar-se diferente na sociedade, não compartilhando dos mesmos prazeres e satisfações comuns àqueles que desconhecem o amor do Redentor. Ele é chamado para ser exemplo e padrão de conduta, demonstrando através de suas ações que é regido pelo Espírito de Deus. Responsabilidade, integridade e dignidade são qualidades inerentes aos que vivenciam o senhorio de Cristo.
Como parte prática da consagração o empregado no desempenho de suas funções profissionais jamais pode afastar-se da direção do Espírito Santo, que o faz ser uma pessoa digna no cumprimento de suas funções e delegações. O Patrão precisa ser visto como um instrumento de bênção, levantado por Deus para proporcionar meio, através dos quais os compromissos sociais são honrados.
A Consagração a Deus deve ser total, incluindo: a vida, a família, bens, emprego, tudo! Afinal o servo é simplesmente um mordomo que administra os recursos que foram proporcionados. Consagre o teu emprego ao Senhor, mesmo que seja simples e pouco remunerado (faça sempre o melhor!). Ore diariamente, suplicando bênçãos ao teu empregador (chefes e encarregados).
O Homem Presbiteriano deve entender que ao consagrar sua vida ao Senhor, estará também capacitado a evangelizar, testemunhando daquilo que tem recebido de Deus; se cada conselho de igreja se empenhar na consagração; e se cada família preocupar-se ativamente com a salvação de seus parentes, amigos e vizinhos, cumpriremos o alvo proposto pela CNHP para 2006: Consagrando e Evangelizando. A sinceridade na apresentação desse tema implica na consagração integral do coração e da vida de quem deseja evangelizar o Brasil.

*Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai, em Niterói-RJ
**Artigo especialmente para a Revista “Proposta”, da CNHP, 4º Trimestre de 2006.

11 agosto 2006

147 ANOS DE PRESBITERIANISMO NO BRASIL

*Rev. Ashbell Simonton Rédua
Estamos comemorando no dia 12 de agosto 147 anos de implantação do presbiterianismo no Brasil, como resultado do trabalho pioneiro do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867).
O Rev. Simonton nasceu em West Hanover, no Estado da Pensilvânia, seus primeiros estudos fora no Colégio de Nova Jersey com o pensamento norteado para o magistério (professor) e a magistratura (advogado). Influenciado pelo reavivamento de 1855, reposicionou o seu pensamento fezendo a sua pública profissão de fé e, mais tarde, ingressou no Seminário de Princeton, objetivando o Ministério da Palavra. Despertado para o trabalho missionário transcultural, após ouvir um sermão de seu professor, Rev. Charles Hodge, professor e teólogo, Candidatou-se ao trabalho missionário, perante a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, em princípio com o desejo de ser missionário na Colômbia, mais tarde aceitou o desafio citando o Brasil como campo de sua preferência.
A data de 12 agosto, tornou-se a data oficial da Implantação do Presbiterianismo no Brasil, sendo o marco dessa data , a chegada de Simonton ao Rio de Janeiro. Após a sua ordenação, basicamente dois meses, Simonton embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, já com 26 anos de idade.
Esta não foi a primeira tentativa da implantação do Calvinismo no Brasil, mas foi a que consolidou, como define o Historiador Presbiteriano Rev. Alderi Matos
[1]. Anteriormente tivemos outras três tentativas da Implantação do Calvinismo (Presbiterianismo na Escócia), no Brasil.

A primeira tentativa foi dos Franceses (1555-1578). No início da sua história, o Brasil foi alvo do interesse político e econômico de diversas nações européias, entre elas a França. Assim, em novembro de 1555 uma expedição comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571) chegou à Baía da Guanabara e implantou uma colônia que ficou conhecida como França Antártica. Esse empreendimento contou com o apoio do almirante Gaspard de Coligny (†24-08-1572), influente estadista e futuro líder dos calvinistas franceses, os huguenotes.
Sendo inicialmente simpático à causa da Reforma e procurando elevar o nível moral e espiritual da sua colônia, Villegaignon escreveu a João Calvino solicitando o envio de colonos protestantes. A Igreja Reformada de Genebra atendeu prontamente ao pedido, enviando um grupo de evangélicos sob a liderança de dois pastores, Pierre Richier e Guillaume Chartier.
A nova expedição chegou à Baía da Guanabara no dia 7 de março de 1557. Três dias depois, a 10 de março, uma quarta-feira, os colonos desembarcaram na pequena ilha (Forte Coligny) e realizaram o primeiro culto protestante no Brasil e possivelmente no Novo Mundo. O oficiante foi o Rev. Pierre Richier, que, acompanhado de todos, cantou o Salmo 5 (hino 122 do Hinário Presbiteriano: "À minha voz, ó Deus, atende"). Em seguida, o referido pastor pregou um sermão sobre o Salmo 27.4: "Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei, que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo." No domingo 21 de março houve a primeira celebração da Santa Ceia.
Influenciado pelo ex-dominicano Jean Cointac, Villegaignon passou a entrar em atrito com os calvinistas sobre uma série de questões teológicas, reproduzindo nos trópicos o que acontecia na Europa. Ele inicialmente proibiu aos reformados a celebração da eucaristia, depois as pregações e finalmente as reuniões de oração. O pastor Chartier foi enviado à França em busca de instruções e os colonos protestantes foram expulsos da pequena ilha em que a colônia estava instalada, até hoje conhecida como Ilha de Villegaignon.
A expulsão colocou os calvinistas em contato direto com os índios tupinambás, aos quais procuraram evangelizar, sendo esse evento o primeiro contato missionário protestante com um povo não-europeu. Entre esses reformados estava o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde escreveu um valioso relato dessas experiências, intitulado História de uma Viagem Feita à Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578. Em seu livro, Léry não somente fornece informações sobre a natureza, a fauna e a flora de um Brasil ainda intocado pela civilização branca, mas descreve de maneira singularmente perspicaz e objetiva os mais variados aspectos da cultura indígena.
Ao passar pelas imediações um navio que se dirigia para a França, os frustrados colonos resolveram retornar ao seu país. Pouco depois, quando o barco ameaçou naufragar, cinco calvinistas ofereceram-se para voltar à terra. Estes cinco – Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques Le Balleur – foram prontamente aprisionados por Villegaignon, que apresentou-lhes uma série de questões teológicas e exigiu uma resposta por escrito dentro de doze horas. Esses leigos redigiram um notável documento, conhecido como Confissão de Fé da Guanabara, que finalmente custou as suas vidas.
Diante da recusa dos calvinistas em abjurar as suas convições, Villegaignon condenou-os à morte. Bourdel, Verneuil e Bourdon foram estrangulados e lançados ao mar. André Lafon, sendo o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada sob a condição de que não divulgasse as suas idéias religiosas.
Jacques Le Balleur fugiu para o continente, indo parar em São Vicente, onde pregou as suas convicções. Por insistência dos jesuítas, foi levado para a capital colonial, Salvador, onde esteve aprisionado por vários anos (1559-1567). Em 1567, o governador geral Mem de Sá levou-o para o Rio de Janeiro, fundado recentemente, onde ele foi enforcado e os últimos franceses foram finalmente expulsos.

A Segunda tentativa foi a dos holandeses na Bahia (1624-1625). “Nesse contexto, a Bahia parecia presa fácil, e a cidade de Salvador foi tomada. Conquista, entretanto, perdida um ano depois (1624-1625). Os holandeses, porém, decidiram prosseguir com a empreitada, agora voltada para Pernambuco. O sucesso do projeto deu início ao Brasil Holandês (1630-1654).
Durante esse período, tem lugar um capítulo pouco conhecido da história eclesiástica brasileira, a da Igreja Cristão Reformada, nome da Igreja Protestante na Holanda. Era uma igreja do Estado, situação das igrejas no Ocidente, seja nos países católicos, seja nos protestantes. A Igreja Cristã Reformada veio para o Brasil sob a bandeira holandesa, e foi expulsa com ela.”
A Terceira tentativa foi a dos holandeses em Pernambuco (1630-1654). Além dos holandeses, segundo alguns historiadores[2], também verificou-se nesse período a presença alemães, ibéricos, ingleses, franceses e índios no Nordeste, quase 30 anos depois da expulsão dos holandeses da Bahia.”[3] “Na medida que os holandeses ampliavam o território conquistado, eram implantadas congregações reformadas. Durante algum tempo, existiram 22 igrejas protestantes no Nordeste, sendo que a do Recife era a maior, contando, inclusive, com uma congregação inglesa e uma francesa. Esta se reunia no templo gálico, que tinha no conde Maurício de Nassau seu membro mais ilustre e o pastorado era exercido pelo espanhol Vicentius Soler.
Na leitura dos documentos da época, surge uma igreja cercada de pessoas dispostas a expulsá-la de sua terra como a religião dos invasores.
Entretanto, para os índios, os holandeses não eram invasores, mas sim libertadores, o que levou a missão reformada no Nordeste a fazer uma opção preferencial pelos indígenas. Para os holandeses, as tribos aculturadas constituíam os brasilianos e as não-subjugadas os tapuias.”
[4]
Consolidando a implantação do presbiterianismo no Brasil, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português, em abril de 1860. “Em janeiro de 1862, recebeu os primeiros conversos, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro periódico evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Ashbel Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes).”
[5]
Conclusão:
Percerbe-se que a preocupação primeira de Simonton fosse a expansão do reino de Deus, porém na implantação do Presbiterianismo no Brasil não se descuidava quanto à observância dos bons princípios administrativos e às regras de fé estabelecidas em nossos símbolos de fé (Confissão de Fé, Catecismo Maior e Menor de Westminster).
Uma data importante que muito bem poderia ter oficiado como o dia do Presbiterianismo no Brasil, é o da ordenação do ex-padre José Manoel da Conceição
(1822-1873), foi o primeiro brasileiro a ser pastor (17.12.1865). Visitou incansavelmente dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando e fundando comunidades, consolidando com outros o Presbiterianismo no Brasil.
Neste 12 de agosto de 2006, PARABENIZO, a Igreja Presbiteriana do Brasil, pelos 147 anos de presença no solo brasileiro, intervindo na mudança história desse país. PARABÉNS!


BIBLIOGRAFIA
Matos, Alderi de Souza. Esboço Histórico da Igreja Presbiteriana do Brasil.
http://www.ipb.org.br/quem_somos/historia.php3, acessado em 08.08.2006.

Matos, Alderi de Souza. Simonton e as Bases do Presbiterianismo no Brasil.
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/17744~11_1_01_10-43-20_AM~Simonton_e_as_Bases_do_Presbiterianismo_no_Brasil.html, acessado em 08/08/2006.

Índios protestantes no Brasil holandês. Revista História Viva nº 4, Ano, fevereiro de 2004,
http://www2.uol.com.br/historiaviva/, acessado em 08.08.2006

Rédua, Ashbell Simonton. Simonton e os 146 anos de presbiterianismo no Brasil,
http://www.ipb.org.br/artigos/artigo_inteligente.php3?id=61, acessado em 08/08/2006


* Rev. Ashbell Simonton Rédua, é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai em Niterói-RJ.
- Contato e informações:
asredua@yahoo.com.br


[1] Matos, Alderi de Souza, Esboço Histórico da Igreja Presbiteriana do Brasil. http://www.ipb.org.br/quem_somos/historia.php3, acessado em 08.08.2006.
[2] Podemos citar historiadores Cristãos-Reformados, o Rev. Frans Leonard Schalkwijk (Rev Chiquinho, como nós ex-alunos o chamamos), - Luiz Koshiba - História do Brasil, Editora Atual, Bóris Fausto, História do Brasil – EDUSP: o que chamamos de União Ibérica (1580-1640). A União Ibérica “Desde 1556 a Espanha era governada por Filipe II (1556 - 1598), membro de uma das mais poderosas dinastias européias: os Habsburgos ou Casa d'Áustria, que além da Espanha detinha o controle do Sacro-Império Romano Germânico, sediado na Áustria, com influências também sobre a Alemanha e a Itália. Nos tempos do reinado de Filipe II, a exploração das minas de prata da América espanhola havia atingido o seu apogeu. Com a entrada da prata do México e do Peru, a Espanha se transformara, durante o século XVI, na mais poderosa nação européia. Isso levou os historiadores a classificarem o século XVI como o século da preponderância espanhola. Tendo em mãos recursos abundantes, Filipe II aliou o poderio econômico a uma agressiva política internacional, da qual resultou a anexação de Portugal (até então, reino independente) e a independência da Holanda (até então, possessão espanhola). Assim, de 1580 até 1640, o rei da Espanha passou a ser, ao mesmo tempo, rei de Portugal, dando origem ao período conhecido como “União Ibérica”.
Portugal havia adotado até então uma política internacional muito prudente, evitando, tanto quanto possível, atritos nessa área, ciente de sua própria fragilidade. Essa situação foi altera­da completamente com a sua anexação pela Espanha, já que Portugal herdou, de imediato, todos os numerosos inimigos dos Habsburgos. Do ponto de vista colonial, o mais temível inimigo era a Holanda. (http://www.culturabrasil.org/holanda.htm)
[3] Índios protestantes no Brasil holandês, Revista História Viva nº 4, Ano, fevereiro de 2004, http://www2.uol.com.br/historiaviva/, acessado em 08.08.2006. A base histórica deve-se ao Rev. Franscisco Leonardo Schalkwijk. Coordenador do Departamento de História e professor de História da Igreja na Faculdade Internacional de Teologia Reformada.
[4] Índios protestantes no Brasil holandês, Revista História Viva nº 4, Ano, fevereiro de 2004, http://www2.uol.com.br/historiaviva/, acessado em 08.08.2006.
[5] Matos, Alderi de Souza, Esboço Histórico da Igreja Presbiteriana do Brasil. http://www.ipb.org.br/quem_somos/historia.php3, acessado em 08.08.2006