04 maio 2006

“BONDE EVANGÉLICO” E A EVANGELIZAÇÃO


*Ashbell Simonton Rédua

Visando o crescimento da Igreja, muitos grupos evangélicos ao traçarem suas métodos de evangelização levam em consideração a popularidade de Jesus e que suas mensagens chegaria facilmente a cultura popular. Não se preocupam com os princípios, sejam eles éticos, bíblicos, missiológicos, evangelísticos ou mesmos eclesiásticos, não há escrúpulos e nem pudores.
Há algo difuso entre culto e show gospel, um grande sincretismo musical-evangelístico, não fazendo mais diferença entre os que são genuinamente de Cristo dos que parecem ser (joio e trigo).
É comum ouvir as versões gospel dessa musicalidade popular, principalmente neste momento em que diversos seguimentos da Igreja Evangélica Brasileira adotam o estilo funk, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a pastora Priscila Mastrorosa, da Igreja Bola de Neve, em São Paulo, o funk “é uma forma de atrair os jovens que gostam de dançar, para a igreja”.
A responsável de incluir o funk nos cultos evangélicos é uma jovem estudante de 19 anos, Thais Breder, evangélica de nascimento, populariza músicas conhecidas secularmente em versões gospel, como o “Bonde da Unção”, uma versão da música “Bonde do Tigrão”, cantada por Marinara, a policial evangélica:

“Só os pastores
Os intercessores
Os levitas
A igreja toda
Pula, sai do chão
É o Bonde da Unção.”


Segundo o pastor Cristiano Carvalho, do Projeto Vida Nova, em São João do Meriti: “os adolescentes que não viriam num culto, vem aos bailes e acabam gostando”.
Na Baixada Fluminense (Belford Roxo e São João do Meriti), os bailes funk evangélicos são freqüentes no final de semana, o “Bonde da Fé”, como chamam os freqüentadores, usando calça e camisas largas em vez de saia curta, decote ou calça colada e não terá batido bundinha nem rolado até o chão. O baile rola até mesmo dentro das dependências das Igrejas, segundo o Pastor Cristiano, com direito à luz estroboscópica e DJ, usando termos como “tchutchuca”, “a chapa ta quente”, “e nóis na fila”, “o bicho ta pegando” e “o barulho ta sinistro”.
Uma das músicas cantada por Kelly Krenty, DJ dos bailes Evangélicos Funks, cantora e compositora pertencente a Igreja Projeto Vida Nova, na Baixada Fluminense, diz:
“Vou pregar o Evangelho
Para todas as criaturas.
Para os irmãos que estão na pista”
E para todas as tchutchuca
Tchutchuca, preste muita atenção
Jesus é o caminho
Ele é a salvação”.

Analisei este método de crescimento da igreja (evangelização) sobre a ótica de três princípios:

1. Princípio Missiológico da Evangelização
Não pregamos uma proclamação estéril do evangelho, entretanto devemos entender que a ação missionária não deve ser definida em termos de resultados numéricos, visíveis e contábeis apenas. Creio que a fidelidade transpõe os resultados numa perspectiva de prioridade missionária em um contexto neotestamentário.
Entendemos a necessidade de inculturação, evitando-se todo e qualquer resquício de sincretismo religioso ou ambigüidade quanto aos lugares, objetos de culto, vestes litúrgicas, gestos, leituras e cantos bíblicos. A partir destes princípios missionários será possível passar facilmente às conseqüências práticas: a obra missionária, as Igrejas locais, os missionários e pastores, a organização da atividade evangelizadora e a cooperação mútua. Acentua-se a natureza missionária de toda a Igreja local, descobrindo as implicações da Encarnação de Cristo como princípio missiológico.

2. Princípio Teológico da Evangelização
Por conta disso, eu tenho observado que a religiosidade pregada e vivida por muitas igrejas evangélicas, tem evidenciado por demais a experiência com Deus; mas suas conseqüências só estão gerando prazer estético e sensação de domínio do sobrenatural. E esta evangelização foge muito dos princípios basilares da experiência de Deus realizada pelos cristãos das primeiras comunidades de Fé, que possuía dentre outros elementos a pertinência de:
1. Gerar verdadeiros discípulos para a unidade, comunhão e missão da Igreja;
2. Incentivar a implicância ética e religiosa na vivência cotidiana (como força monérgica de propagação dos valores evangélicos experimentados em vida).
3. Transformar a historia humana (com seus fracassos, lutas e conquistas ) em história de salvação, onde Deus se faz próximo da humanidade como um Deus que cria, salva e santifica o seu povo por Amor;
Evangelho, quando prega um cristianismo barato é inerte sob três alicerces:
1. Legitima o sucesso e o “lucro espiritual” para os convertidos;
2. Tenta resgatar um conceito falso de nobreza da vida humana, quando nega a possibilidade do sofrimento para o crente no seu processo de santificação;
3. Transforma falsamente a existência pecaminosa e decaída do convertido, quando afirma veementemente que sua salvação está garantida pela confissão da Fé;
Creio que o Evangelho não é produto ou grife, mas deveria ser entre nós uma notícia alvissareira e crítica do nosso tempo. Não podemos escravizá-lo ás regras do mercado. Nesta linha de pensamento, acredito que as concessões mágicas feitas por alguns seguimentos evangélicos ás massas desafortunadas, não constituem-se em meras concessões do poder e domínio sobre Deus, mas essas seguem cada vez mais uma dinâmica empresarial, ditada pela férrea lógica do mercado da fé, que pressiona os diferentes concorrentes religiosos a acirrarem seu ativismo e a tornarem mais eficazes suas ações e estratégias evangelísticas ás custas das palavras e Obras de Jesus.

3. Princípio Teleológico da Evangelização
Mesmo a noção de evangelização de modelos históricos não questiona o direcionamento teleológico das práticas desenvolvimentistas cristãs, a evangelização como fim em si mesma. Isso implica que as igrejas locais incorporam ou adaptam tecnologias modernas, enquanto deixam intactos os aparatos da modernização.
Tal posição nos diz pouco sobre como práticas desenvolvimentistas podem ser transformadas através de aplicações em diferentes locais e através da história. Neste sentido, a vida moral possui um essencial carácter teleológico, visto que consiste na ordenação deliberada dos atos humanos para Deus, sumo bem e fim (telos) último do homem. Comprova-o, mais uma vez, a pergunta do jovem a Jesus: “Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?”. Mas esta ordenação ao fim último não é uma dimensão subjetivista, que depende só da intenção. Ela pressupõe que aqueles atos sejam em si próprios ordenáveis a um tal fim, enquanto conformes ao autêntico bem moral do homem, tutelado pelos mandamentos. É o que lembra Jesus na resposta ao jovem: “Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos” (Mt 19: 17).

Conclusão
Todas estas questões mostram um contexto que não é mais caracterizado por identidades estáveis e visões de mundo compactas. Pressupõe-se uma diversificação que suscita exigências e buscas heterogêneas. Do ponto de vista da missão, por parte das Igrejas locais, a questão reflete-se nos métodos e nos conteúdos. Como tornar a mensagem de Jesus significativa e como torná-la uma proposta para o "ser urbano"?
Soli Deo Gloria

* Ashbell Simonton Rédua, é Pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai (Niterói-RJ) e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB

3 comentários:

Unknown disse...

Rev. Simonton. Fui designada este ano de 2010, secretária de Evangelização da SAF da IPB Central de Paracatu-MG, do Rev. Pedro Fernando Nunes Lino. Para elaborar o projeto de evangelização para ser desenvolvido pela SAF neste ano, estou lendo alguns artigos sobre o assunto e me sinto imensamente acrescida com o teor e profundidade de seu comentário.
Também percebo a seriedade quanto às estratégias evangelísticas utilizadas hoje em dia nas igrejas e o quanto os Cristãos confundem o que é oferecido: "por GRAÇA", com aquilo que é: "de graça".
Suas palavras me levaram a uma reflexão mais séria a respeito do evangelismo, obrigada!

Cirlene Cunha disse...

Com todo respeito ao senhor! enquanto a igreja do pastor Cristiano Carvalho está usando de Metodos INTELIGENTES para povoar o céu, o que o senhor está fazendo?? tomando conta da vida dos outros!!
Infelizmente é muito facil criticar os outros com palavras bonitas, mas dificil é fazer de forma bonita!
Deus não ouve ritmo, mas sim a canção do coração!
O senhor nunca ouviu falar de evangelismo de impacto?, não né!, está perdendo o seu tempo com comentários futeis, ao invés de procurar maneiras de ganhar vidas!
Um abraço, é uma pena saber que ainda existem despregadores da palavra!

Anônimo disse...

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