19 maio 2006

O LEGADO DA MOCIDADE PRESBITERIANA: 70 ANOS DE LUTAS E VITÓRIAS


*Rev. Ashbell Simonton Redua
Estamos comemorando 70 anos de Mocidade Presbiteriana como União da Mocidade Presbiteriana (UMP). Esta nomenclatura deve-se a uma recomendação do Supremo Concílio da IPB, para que os pastores dessem o apoio necessários aos jovens se organizassem em cada igreja local. Esta recomendação foi conseqüência dos vários nomes que até então era dado aos jovens, tais como: Sociedade de Jovens, Sociedade dos Esforços Cristãos, Sociedade Heróis da Fé, Associação Cristã de Moços, etc. Assim o SC/IPB reunido em Fortaleza-CE, no ano de 1938 teve o entendimento que a juventude careciam de maior cuidado, amor, carinho e atenção dos líderes, principalmente dos pastores e presbíteros. Nesta perspectiva criou-se a Secretaria Geral da Mocidade, sendo nomeado naquela época para o exercício do cargo o Rev. Benjamin Moraes.
A partir do bom desempenho do Rev. Benjamin Moraes e as informações prestadas em seu relatório ao Supremo Concílio, este reconheceu que a Mocidade Presbiteriana estava madura para organizarem-se nacionalmente, como de fato aconteceu no ano de 1946, no Instituto Presbiteriano Álvaro Reis - INPAR , o primeiro Congresso Nacional da Mocidade Presbiteriana, organizando-se a Confederação da Mocidade Presbiteriana (CMP), sendo eleito presidente o jovem Tércio Epêneto Emerick.
Na década de 60, o Supremo Concílio resolveu extinguir a Confederação Nacional de Mocidade Presbiteriana, alterando a estrutura do trabalho da Mocidade quanto à sua relevância nacional, devido as dificuldades de relacionamentos entre a Diretoria da CMP e a IPB. Esta situação permaneceu por vinte e seis anos, período de muitas lutas nacionais que atingiram em certa parte a vida da Igreja, porém com o crescimento da Igreja, foram organizadas várias federações presbiteriais e confederações sinodais que de certa forma exigiu uma postura maior da Igreja no cuidado da Mocidade. Isto de fato aconteceu no ano de 1986, sob a coordenação do Rev. Cleómines Anacleto de Figueiredo, Secretário Geral da Mocidade, reorganizando a Confederação Nacional da Mocidade (CNM).
Em 1990 com a eleição da nova Diretoria Nacional da Mocidade, sob a presidência da jovem Eloísa Alves Helena, empreendedora de uma nova dinâmica no trabalho da Mocidade, conseguiu consolidar a estrutura que temos hoje. Aliás me alegro grandemente por ser hoje o pastor da Eloísa, que continua o seu trabalho agora como Secretária Executiva da CNS.
1. Questão Eclesiástica
A primeira questão a ser abordada neste legado é a forma como a Mocidade Presbiteriana posicionava-se frente à questão eclesiástica que se explicitava, cada vez mais claramente, após a o Governo Militar. Ela assume uma postura ofensiva frente à “questão eclesiástica”, passando a organizar e qualificar quadros laicos para uma ação missionária e evangelizadora da Igreja. A “questão eclesiástica” antes de ser político-religiosa, era entendida como uma questão moral. Este posicionamento da IPB é decorrente do posicionamento que esta Sociedade Interna vinha tomando em âmbito nacional, através de sua Doutrina Reformada.

2. O humanismo cristão é outro ponto que precisa ser tratado.
A noção do Humanismo Integral herdado do nosso pioneiro, Ashbell G. Simonton, fez com que os jovens presbiterianos tivessem uma visão de Homem, mais propriamente, de Pessoa, segundo uma perspectiva transcendente de suas necessidades materiais e espirituais. A relevância do humanismo cristão no Serviço da expansão da Igreja, trouxe a Igreja um olhar mais atento aos problemas e dificuldades dos métodos empregados na Plantação de novas igrejas.

3. Outra característica é o caráter vocacional do pastoreio
Ser pastor era algo sublime e desejoso de todo jovem presbiteriano. Aquele que sentia-se vocacionado para o ministério, sentia-se agradecido a Deus pôr esta vocação, a sua igreja local e sua família de deliciavam de gratidão pôr esta vocação. Era comum os pais orarem a Deus pôr um filho homem, e, quando este nascia, os pais consagravam e dedicavam a obra do Senhor. Era sonho das solteiras casarem-se com um pastor, era sonho das mães terem um filho ou um genro pastor. Porém a partir de 1970, geralmente o que se pensa que somente é pastor, aquele que não conseguiu ser nada na vida. As mães não oram mais a Deus pedindo um filho homem, porém se nasce homem, ele deve ser tudo na vida, menos pastor. Pastor hoje é sinônimo de pobreza, solidão, angustia. A crise vocacional é acentuada ainda com a visão tecnocrata do ministério pastoral. A idéia da Igreja como empresa e o pastor como executivo. A visão do crente não é mais a visão do homem espiritual, crente, fiel a Deus, mas é a visão de um empresário e uma empresa. Ao perder-se a visão espiritual do ministério, a visão pedagógica, a igreja passa a determinar todas as regras em que o pastor deve obedecer. Se ele obedece as diretrizes da igreja, este permanecerá pôr longo tempo nesta igreja, porém se ele descordar, é mandado embora. É preciso termos em conta que qualquer pastor que opta pelo trabalho espiritual e pedagógico da igreja, terá de líder com questões que consequentemente ferirá uns ou trará descontentamento a outros. Neste caso seguindo os preceitos Bíblicos ele não será um pastor bom, fiel e sincero as instituição religiosa que o contratou. É comum então observarmos o marketing na Igreja, que reflete esta visão tecnocrata.

4. Moderação e e tolerância.
Neste legado tem-se nas idéias e no comportamento do pastor, um exemplo próximo - tanto quanto possível — da ética e da teologia reformada cristãs, tal como expostas nas páginas do Novo Testamento. Neste legado os jovens presbiterianos estava longe dos extremismos e deturpações que caricaturizam a igreja pós-moderna. Para eles, o pobre não é a razão de ser dos evangelhos — como queria a teologia da libertação —, pois todas as pessoas carecem do Criador, independentemente de sua condição social. Criticam a chamada "teologia da prosperidade", segundo a qual o cristão fiel é abençoado por Deus para conquistar cada vez mais e mais bens — num rasgo de individualismo e desejo de posse que nada tem a ver com a solidariedade e a simplicidade recomendadas pelo apóstolo Paulo.

Alguns desafios a Mocidade Presbiteriana do Brasil
1. A relevância da fé em Deus, ou da Igreja para os dias de hoje, muitos continuam perguntando, dentro e fora do contexto cristão, e as respostas têm sido as mais variadas. Somos desafiados a uma dupla tarefa: estar conscientes e sensíveis. Nossa atitude em relação ao contexto e nossa busca por uma obediência sincera as Escrituras, darão o tom de nossa relevância.
2. A vida de adoração da Igreja de Cristo, já que nos tornamos especialistas em evangelização relegando a adoração a um segundo plano. A nossa vida de adoração geralmente é marcada pelo ritualismo sem realidade, formalismo sem poder, euforia sem temor, religiosidade sem Deus. Somos desafiados a resgatar uma vida de adoração pela solicitude, silêncio e oração.
3. Desafiados a resgatar a prioridade da leitura e pregação da Bíblia.
4. Desafiados a resgatar temas como: : Visão Bíblica da História, Antropologia Bíblica, Pecado, Depravação, Dignidade e a Teologia da Criação, Teologia dos Pactos, Predestinação, Perseverança dos Santos.
5. Por último, neste contexto de desintegração social, somos desafiados a tornar possível as relações humanos na vida da Igreja.
Mocidade Presbiteriano, nós pastores precisamos de vocês, nós IPB precisamos de vocês. Vocês fazem parte da Igreja na preservação da sã Doutrina. Lembrem-se somos Herdeiros da Reforma, e, nestes 70 anos olhem para a história do passado, das lutas e vitórias conquistadas e lute, lute mais ainda para o Alvo Supremo.
Parabéns,
Mocidade Presbiteriana
Rev. Simonton
Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB. Secretário Executivo do SLF.

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