31 agosto 2007

ENTRE O SANTO E O PROFANO

*Rev. Ashbell Simonton Rédua
asredua@yahoo.com.br

Há muitas questões levantadas com relação ao site de relacionamento “orkut”. Estas questões se polarizam pela facilidade de se cometerem atos ilícitos e lícitos que permitem ao usuário definir muito bem o seu caráter.
Optei por fazer parte deste site, foi uma opção minha, porque, de tanto ouvir nossos jovens e adolescentes falando sobre o site, há algum tempo já venho me familiarizando com a problemática toda que envolve os participantes das comunidades “orkuteiras”.
O meu interesse se estabeleceu no sentido de que devo estar onde os nossos jovens estão, de conhecer o que falam, sentem e como se expressam entre si, afinal eu sou um pastor e quero cuidar bem do meu rebanho.Apesar de ser uma ferramenta de relacionamento, mesclada ao entretenimento, é um ambiente de fácil navegação através dos ícones que dão acesso a todos os ambientes, mesmo tendo pouco conhecimento de informática.
O Orkut é uma rede amigos, que se agrupam em comunidades on-line com objetivo de tornar a vida social mais afetiva e estimulante, portanto é uma rede social que pode ajudar a manter relacionamentos existentes e estabelecer novos amigos.
Muitas comunidades fazem apologias a diversos assuntos polêmicos ou não, alguns até banais. Existem aquelas comunidades bem intencionadas, sérias e que contribuem com a cultura, particularmente no nosso interesse, a cultura religiosa, discussões teológicas, assim por diante, porém somos conscientes da existência de comunidades que são uma aberração contra tudo o que é puro, bom, sincero, honesto, agradável, etc.
Pois bem, nesta semana deparei-me com uma dessas comunidades, fazendo apologia à bebida, causando-me grande estranheza, pois jamais imaginei alguém que realmente ama o Senhor Jesus Cristo, que é um crente sincero, temente a Deus, de bom caráter, se pronunciasse utilizando o nome de uma Instituição Religiosa tão séria, como a Igreja Presbiteriana do Brasil. Trata-se do “Boteco da IPB” (http://www.orkut.com).
Esta comunidade além de fazer apologia à bebida, utilizando palavras como “presbirita”, “Presbibhama”, suscita nomes de líderes Presbiterianos de grande envergadura moral, cujo compromisso com Deus, com a Igreja e com a Fé Reformada são inquestionáveis, principalmente pelos grandes e relevantes serviços prestados ao Reino de Deus.
Ainda que o tópico do assunto: “papo do boteco (brincadeira)”, seja realmente brincadeira, a seriedade do assunto, e a tonalidade dos recados tomam outras direções, oposto ao padrão Bíblico do Homem Cristão.
Vejam as conversas iniciadas em 07 de fevereiro até 23 de agosto 2007:

- Gui Stitch - Ah, pensei numa brincadeira aqui.
Imagine um boteco de crentes, e vamos começar uma história cada um posta uma frase com quatro palavras e vamos ver o que sai...
- G. S. - começando - Entrei no boteco sozinha...
- R. B. - e pedi aquela gelada
- B. - quando ao olhar para o lado
- G. S. - (como o Bruno se excedeu nas palavras...)
- W. - mulher, que vinha em...
- C. - Vi uma ... minha direção e então
- G. S. - perguntou se eu era...
- G. S. -perguntou se eu era...
- W. - a pessoa que ela
- J. - estava procurando pra começar
- B. - uma profunda conversa sobre
- G. S. - as possíveis influências da...
- R. B. - tradição reformada e a bebida
- G. S. - na vida sexual das...
- W. - das traças que corroem...
- J. P. - ...a igreja por dentro...
- W. - e que levam a
- B. - IPB chegar nesse nivel
- G. S. - de incapacidade intelectual filosófica...
- W. - fundamentalista, que radicaliza nas...
- B. - decisões sobre assuntos que...
- W. - realmente importam para o .... (detalhe esse papo esta com pouca gente né, tá quase um diálogo)
- j. - convívio mútuo de fé...
- W. - cristã, reformada e não....
- R. B. - esqueça minha cerveja garcon!
- G. S. - Nesse momento chegou o...
- J. P. - ...Nicodemus com a "tropa de choque" Solano - Meister...
- W. - e poucos foram que mantiveram sua fé..... (já que é pra postar mais de 4 palavras....rs)
- G. S. – OFF contem só quatro palavras, se não, não tem graça...
- J. P. - ...depois de ouvir o...
- G. S. - discurso insano do puritano...
- R. - pedi uma cachaça pra...
- G. S. - esquecer todas as baboseiras...
- j. - e continuar a viver...
- R. B. - em livre-abertura ao futuro!
- J. - e livre-abertura para si
- W. - bebendo sem preconceito e.....
- J. P. - desfrutando da liberdade cristã...
- G. S. - ... mas então, o garçom...
- W. - chega e pergunta:...
- R. B. - Mais um chopp Sr?
- G. S. - E eu, meio que...
- Wilmar - sem jeito respondo....-
- J. P. - mais um pra todos!!...
- W. - eu enfatizo mais....
- B. - traga bem gelado, pois
- j. – boteco ...eu preciso disso...
- W. - para continuar vivendo...
- R. B. - e desfrutando dessa...
- Wilmar - devassa, vamos pra lá?
- D. M. - com certeza, se...
- G. S. - não aparecer nenhum fundamentalista...
- C. - com as mesmas conversas
- D.M. - mas depois quando...
- W. - vemos a verdade ela nos......
- W. - .......................................iic
- A. - acho que vou vomitarrrrraahhhgggg.....
- W. - comuniar o que? fala ai.........ic
- F. - a palavra da verdade....
- W. - e qual é a verdade?
- F. - SÓ CRISTO SALVA!!! A VERDADE É QUE SÓ CRISTO SALVA!!!
- R. B. - aleluia!
- F. - acabou? acabou o papo... tava taum legal....
- R. B. - acabou cerveja. mais uma?
- JR - Sim e dois copos...
- W. - mais outra e outra tulipa
- R. B. - copo americano pra mim :)
Ao analisar a comunidade tenho duas possibilidades de interpretação.
A primeira é que se trata realmente de uma brincadeira, sem graça e sem objetivo, por conhecer o idealizador da comunidade, pessoa séria e comprometida.
Porém o desenrolar da brincadeira tomou dimensões totalmente diferentes daquela protagonizada pelo autor ou mesmo do sentido inicial da brincadeira.
Depois, entendo que boteco é um estabelecimento comercial, muito popular, onde se servem bebidas, mas também lanches e eventualmente pratos simples. O boteco é também conhecido como taberna, bar e botequim. Na nossa cultura carioca, o boteco é o ponto de encontro ideal para os funcionários das empresas, encontros de amigos, para comemorar – com mesa farta, bom-humor e a alegria de viver.
A segunda possibilidade que vejo na comunidade, refere-se a uma crítica as estruturas e a teologia da IPB, e assim os membros da comunidade titubeiam, não sei se foi de propósito ou não, entre o fundamentalismo e o liberalismo/mundanista, entre a liberdade e a libertinagem, entre a ortodoxia e a neo-ortodoxia, entre a fé reformada e outras formas de se expressar a fé, entre as decisões impostas e a liberdade da igreja de tomar parte nas decisões.
E quando os membros falam da Cerveja Alemã e Americana, com toda certeza devemos entender o crescente liberalismo teológico e o mundanismo que tem se infiltrado as igrejas brasileiras.
À primeira vista quando naveguei nesta comunidade, fui acometido de uma tremenda raiva, revolta, mas depois de pensar e analisar e verificar o perfil dos usuários, que, a propósito são de diversas regiões brasileiras, pensei que há um grupo jovem procurando algo mais que formulas filosóficas/teológicas.
Quando a filosofia se infiltrou no cristianismo, o modernismo Alemão que posteriormente infectou as grandes denominações nos Estados Unidos, as heresias surgidas neste período se encarnaram nas doutrinas fundamentais da Palavra de Deus dando origem ao dogma do modernismo do século XX e XXI, tais como:
- A teologia bíblica como resultado de um processo evolutivo da raça humana;
- Negação dos milagres;
- A interpretação alegorica das Escrituras, algo tão antigo e que na roupagem do liberalismo e do racionalismo tomam dimensões negativas quanto a fé, por exemplo, Adão e Eva não existiram, O Dilúvio não aconteceu; José, filho de Jacó, não existiu;
- Muitos eventos do Antigo Testamento são apenas mitos.
- A evidência da humanidade de Jesus em detrimento da sua divindade (Jesus Histórico);
- As narrativas dos Evangelhos não são factuais,
- A teologia da preconização
- A Teologia relacional
- Pragmatismo religioso (nada se cria, tudo se copia);
Portanto, não posso concordar com essa turma quando afirmam que os líderes alvos do bate-papo são enquadrados como fundamentalistas. Na verdade eles não sabem o que estão dizendo. Não há fundamentalista na Igreja Presbiteriana do Brasil como também não há liberal. Todos somos presbiterianos, de fé reformada, o nobre professor Sebastião M. Arruda afirma com sabedoria: “A Fé Reformada deu-nos:
a) a Bíblia em nossa língua materna;
b) o direito de cultuar conforme a nossa consciência;
c) a prática apostólica da pregação do Evangelho;
d) desenvolvimento da ciência.Portanto, essas quatro características devem estar sempre presentes na pregação Reformada, e é a integração delas que vai produzir o seu caráter mais importante e singular.
Alguém já disse que a Fé Reformada tem sido chamada de “doutrina de ferro”, e que mesmo isso não sendo um elogio, tem que ser admitido que ela tenha produzido homens com caráter de aço: Calvino, Kuyper, Cromwell, Knox, etc.
A Teologia de Calvino foi responsável pelo despertamento religioso da Escócia. Foi a doutrina de Calvino, sobre o estado como servidor de Deus, que estabeleceu a idéia de governo constitucional e que conduziu ao reconhecimento dos direitos e liberdades dos súditos.
Foi a Fé Reformada que valorizou a mulher, que incrementou a educação e o preparo de homens para melhor servir na comunidade. É duvidoso que algum teólogo tenha desempenhado um papel tão significativo quanto o de Calvino na história mundial...
Só a Fé Reformada pode de modo coerente, sustentar a soberania absoluta do Senhor. Talvez alguém possa objetar que a Fé Reformada é dualista, porque mantém a tensão entre Deus e o homem. Mas é exatamente essa tensão que explica que a Fé Reformada não é dualista. As duas partes, Deus e o homem, não estão no mesmo nível. Deus é Criador, e o homem é Sua criatura.
Assim, de modo coerente, posiciona-se a Fé Reformada: “Porque crê que Deus é verdadeiramente Deus, crê, também, que só a Palavra de Deus é regra de fé e prática; por conseguinte, vê o homem como a Bíblia diz que ele é: uma criatura de valor, feita à imagem e semelhança de Deus, vice-gerente de Deus na terra, responsável pela administração das obras das mãos de Deus, contudo caído e morto em pecado, incapaz até mesmo de desejar o bem.” (ARRUDA: O Presbiteriano Conservador na edição de Nov/Dez 1995).
Entendo que preciso tomar pelo menos duas posições, como pastor e líder da Igreja:
1. Dar aos jovens as condições de sentirem o gosto, a alegria de serem crentes, do encontro com Deus, e da alegria de pertencerem à Igreja, de conhecerem bem os fundamentos da nossa fé e por outro lado, de colocarmos o dinamismo, a alegria, a esperança, o serviço e a missão da igreja;
2. Estimular os jovens para se colocarem à disposição de Deus no serviço ao mundo, do crescimento e da superação das situações complicadas, seus dons, talentos, alegria e fé.
Soli Deo Gloria
*Rev. Ashbell Simonton Rédua – Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbitério do Norte (Recife-PE), em 1989, Bacharel em Teologia com Especialização em Capelania, pelo Seminário Teológico Evangélico do Nordeste (Recife-PE), 1990, Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo (2006), Especialização em Bíblia pelo Centro de Pos-Graduação Andrew Jumper, Graduando em Direito pela Centro Universitário Plínio Leite, e Especializando em Direito Ambiental pela Universidade Gama Filho Currículo completo http://lattes.cnpq.br/9018318255138280

APAIXONADOS POR JESUS: SÍNDROME DE UMA GERAÇÃO GENÉRICA

*Rev. Ashbell Simonton Rédua
A geração hodierna é uma geração de apaixonados por Jesus. A paixão é uma perda da consciência dos próprios limites da realidade. O que interessa é o momento e a felicidade desse momento, especialmente em se tratando do Louvor e Adoração, e não as qualidades vinculativas do Culto à Deus.
Aos apaixonados por Jesus é uma geração que vive no limbo teológico e ainda estão neles, isto é, alguém que participa do louvor até enjoar. Suponhamos que você adore ao Senhor e aqueles primeiros cultos é delicioso, “divino-maravilhoso”. Depois vem os outros que é supergostoso, depois de algum tempo é bom, mas chega o momento em que não há mais prazer. O que significa que a repetição do estímulo diminui a intensidade da resposta. Então, a adoração acabou. Mas o que a substitui? Será que de repente entra-se numa nova onda, quem sabe um “louvor extravagante”, algo fora do comum e o meu desejo e atraído para viver este estilo de vida nos momentos culticos de louvor e adoração. Infelizmente não. Há um entorpecimento espiritual. É como alguém que estivesse operando um aparelho com baterias fracas, produzindo apenas as mais frágeis fagulhas da espiritualidade.
Ser apaixonados por Jesus é apenas ser genérico, isto é faz parte de um gênero relativo a viver um estado puro, como se realmente fosse. Ser genérico é ser movido pela paixão, é levar-se a perder o controle de si próprio (Rm 12:1-2), ou seja, sempre há um real perigo de se ficar cego (cego guias de cego), de “perder a razão”, de sujeitar-se ao raciocínio direto, o que obriga o adorador a pensar no culto como objeto do adoração, e a fazer bobagens, a rastejar, se for preciso, a dançar, enfim a viver um frenesi de “vale tudo” para “preencher” a falta alucinado do verdadeiro Deus e Senhor na sua vida.
A geração de apaixonados por Jesus acreditam que a vida sem aquela paixão não vale a pena ser vivida (e isso nunca é verdade). É uma espécie de loucura, uma idéia fixa que destrói a auto-estima e o equilíbrio do apaixonado. Ela nos impede de enxergar os nossos defeitos e nos faz acreditar que esta forma de vida é a chave de nossa felicidade, isto a paixão é idealizadora.
Alguém poderia dizer: “Entendo que as músicas são lindas, estou emocionado, não mereço, pois ando com uma fome de adorar, ando com saudade de expressar-me, pois já não agüento mais ser apenas uma esponja, absorvendo e comendo o tradicionalismo que mata as nossas igrejas. Isto mesmo, ser apaixonado por Jesus me trouxe de volta a mais antiga lembrança do amor à Deus. Isto mesmo, esta geração de apaixonados trouxe de volta o “meu primeiro amor”.
Entendo que na Teologia há vários modelos de aplicação da paixão, como por exemplo quando nos reportamos “A paixão de Cristo”. Das várias interpretações da Paixão de Cristo, seu sacrifício cruento, sua morte vicária e a salvação do homem.
Pois bem, ser apaixonado por Jesus, não tem a mesma conotação da “Paixão de Cristo“, são circunstâncias e evidências bem diferentes teologicamente.
Entendo também que quem quer viver apaixonado por Jesus, vive em conflito, sofrimento, busca seus próprios interesses. Mas quem quer viver em amor pelo Senhor é alegre, é livre, produz, é um conquistador, aprende coisas novas para trocar lições de vida com outros irmãos. O amor incentiva a doação, ao perdão, sobre, não aponta os culpados por seu sofrimento, não acusa, não odeia. Se sente especial, torna sua vida mais alegre, mais interessante e torna também as dificuldades mais fáceis de serem superadas. São mais calmos, os apaixonados são muito agitados. Os que amam são mais calmos, serenos, tranquilho.
Há eu prefiro o padrão bíblico que é o amor. Amo os apaixonados por Jesus, e quero vê-los não apaixonados, mas amando o Senhor Jesus. Amando de todo o teu coração, não com um coração dividido, de todo o teu entendimento, racionalmente e de toda a tua força, e por causa desse amor, procure ser fiel ao Senhor e desfrutar constantemente da Sua presença, a maior de todas as presenças na nossa vida.
Soli Deo Glória

IPB: 148 ANOS SERVINDO A DEUS AO BRASIL E AO MUNDO

O presbiteriano nacional completa 148 anos de serviço à Deus, ao Brasil e ao mundo no próximo dia 12 de agosto 2007.
Creio que podemos dividir a história do presbiterianismo nacional em seis (06) etapas importantes e relevantes na vida da Igreja Presbiteriana do Brasil.
A implantação foi a primeira fase postulada de 1859 a1869.. Fase essa que inicia com o surgimento da Igreja Presbiteriana do Brasil como resultado do esforço e trabalho missionário pioneiro articulado pelo Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867).
A segunda fase desse processo foi a consolidação do Presbiterianismo no Brasil (1869-1888). Simonton e toda a equipe missionária pertenciam a Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos (PCSA). Com a chegada dos missionários da Igreja Presbiterian do Sul dos Estados Unidos, George N. Morton, Edward Lane, fixando residência em Campinas, fundaram a Igreja de Campinas e o Colégio Internacional. Esses e outros missionários evangelizaram a região da Mogiana, Oeste e Triângulo Mineiro e Sul de Goiás, destacando nesta obra o Rev. John Boyle.
A Igreja avançava em direção a todos os recantos brasileiros estendendo a obra missio-evangelizadora no nordeste e norte do Brasil, precisamente de Alagoas até a Amazônia, destacando nesta obra os trabalhos de John Rochwel Smith, fundador da Igreja Presbiteriana do Recife (1878). Delacery Wardlaw, em Fortaleza e o Dr. George W. Butler, o “medido amado”, bem destacado na obra do Rev. Edjece Martins, “A Bíblia e o Bisturi”. Um dos pastores mais conhecidos nesta fase no nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma família numerosa de presbiterianos, muitos deles pastores.
A terceira fase, a Dissenção (1888-1903), isto é, a primeira ruptura denominacional. Neste período foram organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil jurisdicionando três presbitérios (Rio de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco), contando com 20 missionários, 12 pastores nacionais e 59 igrejas. O Primeiro presidente foi o Rev. Blacford. Foi criado o Seminário Presbiteriano, funcionando em Nova Friburgo no final de 1892, sendo mais tarde (1895) transferido para São Paulo. O Mackenzie College em 1891 (Colégio Protestante), foi transferido para Lavras o Colégio Inernacional que mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, em homenagem ao Rev. Samuel R. Gammon (1865-1928). No nordeste é criada a primeira escola evangélica, o Colégio Americano de Natal (1885) e na cidade de Garanhuns são lançadas as bases do Colégio Quinze de Novembro e o Seminário Presbiteriano do Norte, mais tarde transferido para Recife. No Rio de Janeiro e São Paulo foram destaques neste período o Rev. Eduardo Carlos Pereira (1888) e Álvaro Reis (1897). A Igreja crescia tanto para o Norte como para o Sul do Brasil, chegando ao Pará e Amazonas, bem como a Santa Catarina, expandindo-se também para o interior de Minas (Alto Jequitibá). Este período foi marcado por uma grande crise surgindo conflitos entre o Sínodo e a Junta de Missões de Nova York. Enquanto o Sínodo media esforços e buscava apoio para a obra evangelistica, conseqüentemente na instalação dos Seminários, a Junta preferiu dar ênfase à obra educacional, principalmente através do Mackenzie. Este conflito ganhou corpo principalmente nos desentendimentos entre o Rev. Eduardo Pereira e os líderes do Mackenzie, Horace Lane e William Wandbell. Com as posições radicais do Rev. Eduardo C. Pereira e apoiado por um grupo de seus colegas brasileiros, criou o jornal “O Estandarte”, enquanto o Rev. Álvaro Reis, criava “O Puritano” (1899). Os problemas aumentaram principalmente devido aos debates acerca da maçonaria, e por fim a crise chega ao fim com um triste desfecho em 31 de julho de 1903, durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, o Rev. Eduardo Carlos Pereira e seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente.
Após 1903, seguiu-se um período muito triste na vida da igreja, período marcado por divisões de comunidades, luta pela posse de propriedades, litígios judiciais, inquietação, estendendo este período até 1906. nesta época a IPB contava com 77 igrejas e cerca de 6500 membros, a IPI tinha 56 igrejas e 4200 membros. A reconstituição (1903-1917) da obra presbiteriana do Brasil levou as igrejas da IPB a trabalharem duro na evangelização e na educação. Em 1910 foi organizada a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil, sendo eleito o primeiro presidente o Rev. Álvaro Reis. Os conciliares visitam a Ilha de Villegaignon e comemoraram o 4º centenário do nascimento de Calvino, fato importante este que tem sido cultivado pela Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Em 1971 foi aprovado o Modus Operandi, um acordo entre a igreja e as missões norte-americanas pelo qual os missionários desligaram-se dos concílios da IPB, separando os campos nacionais (presbitérios) dos campos das missões. Estava assim restaurada a Igreja Presbiteriana do Brasil.
A fase de Cooperação (1917-1932) destaca-se pela influência e relevância da Igreja Presbiteriana do Brasil com os vários setores da vida religiosa e social do Brasil. As principais áreas de cooperação foram a literatura, educação cristão e educação teológica, nesta época foi criado o Seminário Unido no Rio de Janeiro, que existiu até 1932. O Instituto José Manoel da Conceição, fundado pelo rev. William A. Wadbell na cidade de Jandira-SP (1928), que tinha o objetivo de preparar os jovens que ingressariam no seminário. A Associação Evangélica de Catequese dos índios (1928), depois Missão Evangélica Caiuá, idealizada pelo Rev. Albert S. Maxwell instalada em Dourados-MS, esforço cooperativo das igrejas presbiterianas, independente, metodista e episcopal.
Nesta época também a Missão criou o Colégio Agnes Erskine, em Recife, o Colégio 15 de Novembro, em Garanhuns; a Escola de Ponte Nova-BA; o Colégio 2 de Julho, em Salvador-BA; O instituto Gammon, em Lavras-MG e o Instituto Cristão e principalmente o Mackenzie.
A última fase, a organização (1932-1959), período em que a IPB continuou a crescer e aperfeiçoar a sua estrutura voltando parte de sua obra para os trabalhos específicos como as sociedades internas, principalmente o trabalho feminino e mocidade, e o desenvolvimento das missões estrangeiras e nacionais, literatura e ação social. Este período logrou êxito e conclusão com o centenário da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Dentre algumas convicções da IPB, destaco o Culto, no qual a igreja procura obedecer o princípio regulador. Isto significa que o culto deve ater-se as normas contidas nas Escrituras Sagradas. Assim o culto caracteriza-se pela teocentricidade, simplicidade, reverência, hinódia com base teológica bíblica e a pregação expositiva. Por isso o culto reformado é solene, respeitoso, fervoroso e alegre. Culto rígido, fechado e sem vida não faz parte do padrão presbiteriano, contudo, quando não se observa este padrão consequentemente as igrejas locais acabam se afastando dos princípios históricos originários.
A centralidade das Escrituras Sagradas é outra de suas marcas, a Bíblia é a nossa regra de fé e prática.
A prática dos sacramentos (Ceia do Senhor e batismo), marca imprescindível a vida e comunhão da igreja, como meios de graça. A ministração correta dos sacramentos, isto é, rejeitarmos qualquer concepção da Ceia do Senhor que a reduza a apenas símbolo memorial e bem como o batismo infantil e adulto.
Aproveitamos esta oportunidade para refletirmos sobre a nossa denominação e a nossa igreja local.
Que o Senhor abençoe a Igreja Presbiteriana do Brasil!
Soli Deo Gloria
Rev. Simonton

03 agosto 2007

PRESBÍTEROS: GUIAS E PROTETORES DO REBANHO



*Rev. Ashbell Simonton Rédua

Quando me proponho a falar da dimensão do ministério presbiterial, neste primeiro domingo de agosto, quando celebramos na Igreja Presbiteriana do Brasil, “o dia do Presbítero”, logo vêm na mente os desafios atuais, sobretudo os desafios afetivos-sexuais, em um contexto marcado por escândalos de má conduta cristã e uma visão negativa de seu relacionamento cristão.
Conscientes disso, pretendo tratar deste tema de forma mais ampla, pois sabiamente nossa confissão reformada nos alerta para tanto outros possíveis desvios e perigos que tange a nossa dimensão eclesiástica. Vivemos num período histórico grandemente desafiador, no qual a minha querida igreja sobre as quais se firmaram gerações e gerações sofre uma crise quase sem paralelo na história no contesto da família, enquanto o divórcio era tolerado para os membros comuns apenas, hoje debatemos com presbíteros docentes vivendo segundo, terceiro e até o quarto matrimônio e este também em crise. As escolas teológicas e confessionais carecem de novas abordagens que lhes restituam sua verdadeira função de elementos estruturais na formação do homem pós-moderno. A cultura religiosa pós-moderna, da religiosidade popular, da influência musical gospel, da liturgia aberta e liberal, da insersão de novas técnicas de comunicação na substituição da pregação expositiva, tais como corinhografia, coreografia, danças rítmicas e shows evangélicos. A ampla comercialização das diversas propostas espirituais, tais como : “Igrejas com propósitos”, “Igrejas sem propósitos”, “Células”, “G12”, “Igrejas de Relacionamentos”, “Igrejas Interdenominacionais (não sou de ninguém e todo mundo é meu também)”. São oferecidos roteiros espirituais baratos, que prometem um bem-estar imediato, fácil e a qualquer hora do dia e da noite (Igrejas 24 horas), haja vista que o mundo pós-moderno não acolhe facilmente percursos árduos, penosos, de despojamento, contudo busca e persiste a fome de algo autêntico e verdadeiso, mas sem a disponibilidade de passar por um caminho duro e comprometido (escrevo aqui de crentes de horas e locais marcados).
Assim penso que os presbíteros como guias e protetores do rebanho devam ter algumas características:
1. O Presbítero deve ser discípulo e discipulador. A questão do discipulado e do discipulador deve envolver inteiramente a vida do presbítero, levando em conta a sua maturidade cristã e humana, resultando na capacidade de desenvolver a difícil tarefa de ser discípulo. Aquele que é capaz de ouvir os outros e sobretudo o “outro”, este é capaz de levar as Boas Novas da Salvação aos outros, não por palavras, mas especialmente pelo testemunho de uma vida integra e fiel ao Senhor
2. O Presbítero deve ser capaz de conhecer em profundidade a alma humana, intuir dificuldades, ser um facilitador no relacionamento e no diálogo com outro, obter confiança e colaboração, exprimir juízos seremos e objetivos. É necessário o cultivo de uma série de qualidades humanas necessárias à construção da personalidade pastoral, tais como equilíbrio, fortaleza, liberdade, amor à verdade, lealdade, respeito pela pessoa de cada um, sentido de justiça, fidelidade à palavra dada, coerência e capacidade de suportar o peso das responsabilidades presbiteriais.
3. Os Presbíteros devem ter o seu próprio modus vivendi. Como qualquer outra pessoa, os presbíteros sofrem condicionamentos das mudanças culturais da pós-modernidade. Num processo dramático de desconstrução e reconstrução, alguns presbíteros transformam suas concepções de família, relações afetivas, a maneira de se vestir, do ato sexual, comportamento, hábitos em tendências ou possibilidade quando não como realidade. Algumas reinvidicações nos quais destaco a opção pelos grupos minoritários, discriminados, a emancipação da mulher (debates sobre diaconisa, presbíteras e pastoras), a liberação da sexualidade e do prazer (poucos se aventuram a falar com os casais da igreja sobre sexo e suas formas desvirtuadas, o direito ao orgasmo, o homossexualismo), o divórcio, a relativização da virgindade, a rediscussão da fidelidade conjugal. É certo que a onda individualista alastrou na sociedade cristã e contaminou os presbíteros, que preferem viver sua vida num relacionamento com os concílios da igreja muito diferente daquele surgido no nascedouro do cristianismo.
Por muito tempo, na Igreja, quando se tentava enfrentar essas questões em relação aos presbíteros, projetavam-se modelos idealizados de presbíteros, que mais se adequavam às necessidades institucionais, mas não respondiam ao desafio da originalidade de cada um. Nas últimas décadas, essas questões passaram a incomodar muito mais inúmeros presbíteros, que procuravam articular sua realização pessoal às reais necessidades da Igreja. Na perspectiva conciliar, a identidade do presbítero passa em sua definição pela comunhão dos presbíteros entre si e com o pastor no serviço à comunidade;. Hoje, porém, muito se perdeu dessa perspectiva e se retoma a questão da identidade presbiteral numa ótica muito mais subjetiva, do direito de cada um ser
feliz.
Precisamos prestar atenção a alguns sintomas, dentre os quais os momentos de dúvida, quando é posta em discussão a própria identidade e a própria vocação, o próprio papel, o modo de desempenhar o ministério presbiterial. Este é o aspecto mais evidente. Depois a dúvida pode ficar mais ampla e envolver mais em geral o aspecto institucional, a Igreja na qual se exerce o ministério, a época em que vivemos. Ao lado disso, há sintomas que dizem respeito à estrutura cotidiana da vida: podem ser momentos de excessivo cansaço, fraqueza existencial, momentos latentes ou não de depressão; ou o excesso de trabalho, a procura obsessiva de atividades que parecem justificar a própria existência, a fuga de todo espaço vazio ou sossegado de silêncio e de reflexão.
Este último sintoma; o excesso de trabalho; é hoje muito difundido;. Parece que uma pessoa só se sente valorizada quando pode ostentar uma agenda cheia, e não quando usa o tempo para aprender a contemplar, a fazer intervalos de introspecção, até mesmo para saber avaliar com alegria os passos dados na missão.
4. É bom lembrar que antes de ser presbítero é preciso ser cristão e antes de ser cristão, ser humano. Somente sobre fundamentos sólidos humanos se pode edificar o verdadeiro presbítero, pois este deverá ter condições de colocar a totalidade de sua vida sob o dinamismo do Espírito Santo. A capacidade de tomar decisão, de assumir a vida nas próprias mãos, confiando na presença permanente de Deus, faz parte do dinamismo do processo de maturação humana. Esta é construída a partir da tomada de posição pessoal e do relacionamento com os outros, na base do diálogo e do compartir a vida com os demais.
Por outro lado, esse processo, não pode ser tão indefinido, pois ele tem responsabilidades inadiáveis no exercício do ministério. Para isso, ele contará com a graça de seu estado ministerial e deverá estar aberto para, em comunhão com os irmãos de presbiterato e com os leigos com quem trabalha pastoralmente.
Conclusão: O presbítero deverá ter um senso profundo de realismo em relação a si mesmo, suas ambigüidades e potencialidades, e com a realidade que o cerca. Conhecer-se é fundamental no processo de auto-aceitação em vista da maturidade humana e espiritual. Só aplicamos a medicina correta quando detectamos com precisão onde estão nossos pontos fracos. Nada mais prejudicial nesse ponto do que a camuflagem do que se é, verdadeira e profundamente. Deixar aflorar o que somos, com nossas emoções e sentimentos, para resgatar tudo o que nos edifica e trabalhar o que nos destrói. A não-repressão do que se sente traz consigo a possibilidade de superação do que é negativo na pessoa e de redimensionamento das aspirações de um eu-ideal distanciado do que a pessoa realmente sente e quer, isto é, de seu eu-ideal. Podemos dizer que levamos essa riqueza de vida, contida na experiência dos presbíteros, parafraseando o apóstolo dos gentios, em vasos de barro, só assim os Presbíteros serão guias e protetores do rebanho.
Em homenagem aos Presbíteros da IPB/ 1º domingo de agosto de 2007, este é o vosso dia.
Soli Deo Glória