15 outubro 2007

ENTRE O CONSERVADORISMO E O LIBERALISMO

Rev. Ashbell Simonton Rédua


A pós-modernidade é uma época marcada não somente pelo conflito de civilizações, culturas, mas também pelo conflito das religiões. Na particularização desses conflitos é possível identificar atitudes liberais e conservadoras entre os crentes, de forma a tipificar um conjunto de características dentro do fenômeno religioso.

No campo teológico, os ortodoxos consideram as Escrituras Sagradas como verdade absoluta e imutável (Inerrância das Escrituras Sagradas), neste sentido as Escrituras é “A Palavra de Deus”, impossível de conter erros. O Concílio Internacional da Inerrância Bíblica, promulgou XIX artigos sobre a Inerrância Bíblica

Artigo I.

Afirmamos que as Sagradas Escrituras devem ser recebidas como a Palavra oficial de Deus.

Negamos que a autoridade das Escrituras provenha da Igreja, da tradição ou de qualquer outra fonte humana.


Artigo II.

Afirmamos que as Sagradas Escrituras são a suprema norma escrita, pela qual Deus compele a consciência, e que a autoridade da Igreja está subordinada à das Escrituras.

Negamos que os credos, concílios ou declarações doutrinárias da Igreja tenham uma autoridade igual ou maior do que a autoridade da Bíblia.


Artigo III.

Afirmamos que a Palavra escrita é, em sua totalidade, revelação dada por Deus.

Negamos que a Bíblia seja um mero testemunho a respeito da revelação, ou que somente se torne revelação mediante encontro, ou que dependa das reações dos homens para ter validade.

Todas as leis e mandamentos e Textos Sagrados devem ser aplicados de forma inflexível e literal.

Contrariamente os liberais admitem a existência de diversos tipos de verdades nas Sagradas Escrituras. Nesta sustentação, afirmam existir nos Escritos Sagrados uma considerável carga metafórica, simbólica, mitológica e por isso a Bíblia não seria tão absoluta como afirma os conservadores, mas um livro de cunho significativo que pode ser reinterpretado diferentemente a cada tempo de acordo com as preocupações e os problemas desse tempo. Neste sentido a Neo-ortodoxia tendenciosamente espiritualista, argumento que a “Bíblia contém a Palavra de Deus”. Desse modo, o liberalismo estariam comprometido com uma concepção de vida, modos vivendi, que não é previamente questionado, mas aceito sem um devida justificação (Teologia Relacional) .

Levando em conta que tanto o conservadorismo e o liberalismo é um fenômeno presente em todos os seguimentos religiosos, devemos entender que no contexto protestante reformado é possível tipificar atitudes conservadoras e liberais relativas e multifaceadas. Neste sentido se há tendências liberais e conservadoras na igreja, deverá também haver posições intermediárias em que alguém manifeste com determinado conhecimento mais conservador do que liberal e em sentido contrário mais liberal do que conservador, isto é há o conservador e liberal lato sensum e stricto sensum.

Além das questões Teológicas Bíblicas, existe algumas implicações também no processo de Plantação e Implantação de Novas Igrejas, matéria divergentes entre o conservadorismo e o liberalismo. Há de se admitir que o conservadorismo questiona profundamente o crescimento por divisão (conflitos), neste sentido as novas igrejas são frutos de erros, discórdias, e geralmente centrado em uma pessoa (O Profeta, Apóstolo, etc) fundador do novo grupo. Assim é possível encontrar evangélicos que aceitam a Igreja Assembléia de Deus, a Universal do Reino de Deus, a Renascer, a Igreja Internacional da Graça e rejeitam a Igreja Rompendo em Fé, Igreja da Orla das Vestes de Jesus, Internacional de Deus, Internacional do Poder, etc. Dentro da denominação esta tolerância pode desvanecer e dar lugar a conflitos e perseguições (dança litúrgica, coreografia, palmas, etc).

Muitos dos conflitos internos que vivemos em nossas denominações esta firmada neste passear entre o conservadorismo e o liberalismo. É bem visível nas posições teológicas surgido recriminações mútuas. Os conservadores tendem a culpar os liberais por abrirem as portas da igreja a idéias e doutrinas que consideram duvidosas. Os liberais por seu turno tendem a considerar as atitudes dos conservadores como contrárias ao verdadeiro espírito da religião; para eles a intolerância (e a violência que por vezes esta provoca) faz da religião cristã uma fonte de mal no mundo moderno (a questão do aborto, ordenação feminina, pastores e membros de igrejas homosexualismo, etc)

Na verdade, o que existe são grupos de crentes cuja atitude (liberal ou conservadora) pode obter maior ou menor visibilidade com os seu atos. Estas atitudes tem como fruto a “perda da identidade”, e no nosso caso a identidade reformada.

É importante posicionarmos teologicamente e não titubear entre um extremo e outro. Enquanto para os conservadores alguns fundamentos da fé teológicos são inegociáveis, tais como:

Manter fidelidade incondicional à Bíblia, que é inerrante, infalível e verbalmente inspirada;

Acreditar que o que a Bíblia diz é verdade (verdade absoluta, ou seja, verdade sempre, em todo lugar e momento);

Julgar todas as coisas pela Bíblia e ser julgado unicamente por ela;

Afirmar as verdades fundamentais da fé cristã histórica: a doutrina da Trindade, a encarnação, o nascimento virginal, o sacrifício expiatório, a ressurreição física, a ascensão ao céu, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, o novo nascimento mediante a regeneração do Espírito Santo, a ressurreição dos santos para a vida eterna, a ressurreição dos ímpios para o juízo final e a morte eterna e a comunhão dos santos, que são o Corpo de Cristo.

Ser fiel à fé e procurar anunciá-la a toda criatura;

Denunciar e se separar de toda negativa eclesiástica dessa fé, de todo compromisso com o erro e de todo tipo de apostasia;

O liberalismo, nega a validade de quase todos os fundamentos da fé reformada, adotando escatologicamente o universalismo, todas as pessoas serão salvas no final de tudo até mesmo o diabo, e, conseqüentemente, o aniquilanismo do inferno, da morte e do pecado. Isto porque o liberal não tem princípios, porque”‘é incapaz de distinguir entre “princípios” e meras regras operacionais. Um liberal pode ter princípios, sim, e a maioria dos que conheço os têm, mas os têm enquanto indivíduos concretos e não enquanto "liberais". A maior parte dos liberais que conheço não são liberais. São conservadores com nomes trocado. Confundem o liberalismo” religioso “clássico, que é parte integrante da tradição conservadora, com a ideologia liberal que é uma camada histórica do movimento progressista. Parecem mais "progressistas", mas essa aparente astúcia retórica, além de obrigá-los a reprimir seu conservadorismo e a restringir a luta ao terreno religioso, tem um segundo preço maior ainda: fazendo da sucessão temporal um critério de superioridade, eles acabam endossando uma metafísica predestinacionista da História que é a essência” da Teologia Reformada.

“Quanto tempo falta ainda para que "liberais" que acreditam em princípios substantivos descubram que nunca foram liberais e sim conservadores? Com isso, decerto, perderão muitos falsos amigos.

REFERÊNCIAS

ABRAÃO, Paulo Pascoal Monte. Os Baptista Hoje, http://seminariobaptista.blogspot.com/2006_05_24_archive.html, acessado em 15.10.2007

BOICE, James Montgomery. O Alicerce da Autoridade Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1989

OLAVO, Carvalho. O Patinho Feio na Política Nacional. http://www.midiasemmascara.com.br/print.php?id=5655, acessado em 15.10.2007

Um comentário:

Anônimo disse...

Dando uma navegada na redinha, encontrei o seu texto sobre, conservadores e liberais, achei pertinente e esclarecedor.

Só assim escreveria alguma coisa no sentido de estabelecer um dialogo por este meio, visto a distancia, a não ser que o Altissimo no seu plano, amanhã lhe encontre querento cantar aquele frevo: "Voltei Recife".
Um abraço, e que o Senhor continue a nos abençoar com todas as bençãos espirituais em Cristo.

Otacilio Gama
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