27 maio 2006

A PIEDADE NA FORMAÇÃO PASTORAL

O preparo para a vida pastoral não requer somente o conhecimento teológico, de línguas e disciplinas afins, mas também a formação para o exercício da piedade e o comprometimento dos valores éticos e cristãos. Tenho como princípio de que a Formação Pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) deve ser orientado para a formação de bons crentes, honestos e tementes à Deus. Portanto para que isto se concretize é preciso empenhar-se na transformação dos nossos Seminários, colocando como compromisso a evangelização e a valorização do ser humano, resgatando-lhe a dignidade. Abre-se assim o campo para uma vida de fé amadurecida, onde a simples obrigação do compromisso eclesiástico assumido adquire consciência necessária no empenho para transformações. Transformação no sentido de renovação, e não inovação. Lembra-se do princípio “Igreja Reformada, sempre se Reformando”, a isto chamamos Formação Integral do Pastor.
Utilizando-se da palavra “Pastor”, como aquele que protege o rebanho, dá equilíbrio e o dirige com justiça é que se deve aplicar o conceito da Formação Pastoral à Obra Missionária, ou melhor, da Obra de Plantação de Igrejas. Pois, ela também prima por conduzir seus destinatários ao crescimento pessoal para que amanhã possam ter uma participação justa e sábia no crescimento da Igreja e na transformação da sociedade.
A formação Pastoral deve unir formação pedagógica e eclesiástica competente com a sensibilidade ética da vida devocional e piedosa do futuro Ministro, tornando-o capaz de perceber as relações interdependentes que escapam ao entendimento de mentes que não foram direcionadas para a importância destas relações. Desta maneira, percebe-se que os problemas não são mais compreendidos como isolados. Percebe-se que estamos interligados: seminário e igreja e este é o primeiro passo para uma atitude da piedade cristã.
Nesta perspectiva não só se procura responder aos problemas e necessidades primárias da vida acadêmica do futuro Pastor, mas ajuda-los a desenvolver todos os recursos pessoais para sua Formação Acadêmica aberta aos valores denominacionais e do Evangelho. Não é preciso dizer que o conhecimento teórico é insuficiente para levar as pessoas a uma atitude de piedade e vida devocional. A experiência acadêmica na Formação Pastoral aponta os imperativos e exigências éticas, mas não leva necessariamente a uma opção ética na prática. Daí a necessidade de uma Formação Pastoral que articule prática e teoria, e isto é possível se o futuro Pastor, tenha uma vida debruçada na Palavra de Deus e oração.
De acordo com as diretrizes da Igreja Presbiteriana do Brasil temos um duplo desafio: dinamizar a presença do pensamento e valores cristãos num mundo em transformação (Evangelização Urbana), a formação da consciência frente aos desafios éticos (pós-modernidade), a resposta interdisciplinar diante da cultura da complexidade (relativismo e o liberalismo teológico) ; e ao mesmo tempo, ter consciência de que os critérios evangélicos que iluminam a sua teoria devem abri-la às camadas populares e aos problemas e soluções do desenvolvimento sócio-econômico (A igreja tem resposta para o mundo). Assim sendo, a Formação Pastoral contribui para o aprimoramento do trabalho acadêmico desenvolvido pela vida piedosa e devocional, na medida em que amplia o horizonte do saber articulando-o com a perspectiva ética da justiça e da solidariedade e com a busca de um sentido transcendental.
Poderia propor uma metodologia para desenvolver a Piedade e vida devocional na Formação Pastoral, mas... deixe para quando Deus me chamar para este serviço...!
Soli Deo Gloria
Rev. Simonton

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24 maio 2006

NOSSA EVANGELIZAÇÃO É UMA MÁ DISTRIBUIÇÃO DE IGREJAS

Má distribuição de igrejas, será que existe isto? Temos conhecimento da má distribuição de renda, má distribuição de terras, mas má distribuição de igrejas, será isto possível no contexto evangélico brasileiro?
No Brasil, com destaque para o interesse na unidade da igreja, vivemos num tempo de muito conflito, e um das mais importantes questões que a igreja enfrenta, diz respeito à evangelização e o proselitismo e a diferença entre ambos. Alguns tem dito que não há diferença entre ambos. Se as pessoas falam a respeito da necessidade de evangelização, eles encontram a resposta: "A Igreja Protestante não promove conversões”, como se evangelização e proselitismo fossem a mesma coisa.
Ao redor da Igreja Presbiteriana do Sinai, num raio de 1 Km existe mais de dez igrejas, a poucos metros (200) abriu uma nova Igreja, a 50 metros tem uma Igreja Maranata. Fazer o trabalho da evangelização no bairro da Riodades (Fonseca) praticamente virou proselitismo. 80% dos novos membros são oriundos de outras denominações evangélicas.
A diferença entre evangelização e proselitismo não é a mesma que a diferença entre missão centrífuga e centrípeta, embora essa talvez possa ser uma pista para tal.
Evangelização, dentro do uso do termo (em inglês), significa dizer ou espalhar a Boa-nova. Os quatro Evangelhos falam das boas novas sobre Jesus Cristo. Quando nós, como cristãos, dizemos aos outros o que Deus fez em Jesus Cristo, nós estamos evangelizando.
Proselitismo, de outro lado, significa "trazer pessoas para dentro", fazendo-as mudar suas convicções, seu partido, suas opiniões ou sua religião. No proselitismo há uma forte tendência de dizer às pessoas o quão ruim ou erradas são suas igrejas atuais. Dizer às pessoas que suas igrejas são más ou erradas não parece ser "Boa-nova". Se nós evangelizamos, não estamos dizendo "nossa igreja é melhor que a sua igreja". Não estamos nos colocando como seres moralmente ou espiritualmente superiores, e tentando conquistar pessoas para deixar sua igreja juntando-se a nós, de forma que se sintam tão superiores como nós. Quando evangelizamos, dizemos, de fato, que Deus fez grandes coisas. Alguém descreveu uma vez a evangelização como "um mendigo dizendo a outro mendigo aonde conseguir pão". Para um mendigo faminto, esta é uma "boa-nova". E um mendigo transmitindo a outro mendigo tais "boas notícias" não pode se sentir vangloriado ou superior por este motivo.
A diferença é importante e acredito que é uma das mais sérias questões que os estudiosos de missiologia da Igreja Evangélica Brasileira enfrentam nos dias de hoje. Se não enfrentamos, nós, cristãos, podemos nos deparar fazendo críticas às ações que nós próprios praticamos, e condenando o que, em certos lugares e situações, relevamos e perdoamos.
Devemos plantar igrejas onde o evangelho ainda não chegou.
Soli Deo Glória
Rev. Simonton

23 maio 2006

ONDE ESTÁ O INTERESSE PELA EVANGELIZAÇÃO?

Fala-se muito hoje em crescimento de igreja. A igreja que não cresce é uma igreja morta. Vivemos tempos difíceis. Muitas idéias sincréticas, ocultas, o legalismo e o medo. Nota-se como conseqüência a presença de um fanatismo exacerbado, um racionalismo como moda e um indiferentismo mórbido. É mais que necessário que encaremos os desafios da evangelização possibilitando ao mundo um gosto pelo bom prato espiritual, sadio, nutritivo, saboroso.
O abismo que existe entre a evangelização e a prática moderna. A palavra evangelização corrompeu-se bem como a palavra missionário, evangelista e pastor. O que existe hoje, não é evangelização, mas uma concorrência entre as diferentes alas da Igreja Evangélica Brasileira. Daí a constante troca de rótulos denominacionais. A paixão pelo poder, pelos números, pela grandeza, pelo dinheiro tomaram o lugar interesse e amor por Jesus e pelas almas. Para conquistar o maior número possível de adeptos, usamos estratégias parecidas com as estratégias das grandes empresas. Passamos a exigir muito menos e a prometer muito mais. Transformamos cultos em shows. Alongamos o louvor, que nem sempre é mesmo louvor, e diminuímos a exposição da Palavra, que nem sempre é mesmo exposição da Palavra. Projetamos a nossa marca, com a mesma garra e com a mesma eficiência de uma marca de bebida. Se estamos perdendo membros para uma igreja que realiza cultos de libertação, obrigamo-nos a fazer o mesmo ou, quem sabe, com mais poder e com algumas novidades. A sociedade, em vez de nos reprovar, se aproveita de nós para obter também a sua fatia de lucro. Tudo vira mercado.
Por outro lado, erramos por pregar o evangelho como se houvesse uma chance para até mesmo os não-eleitos obterem fé e serem salvos, como se Deus estivesse sinceramente lhes dizendo que Ele deseja sua salvação e que eles podem ser salvos .
As pessoas inverteram a ordem de prioridades do Reino: Deus, família, trabalho. Seu interesse, seu enfoque, suas energias estão direcionados unicamente para o trabalho. Abandonaram o cuidado de suas famílias e diminuíram o envolvimento com sua Igreja. Separaram a fé das questões familiares e das questões ligadas aos dia-a-dia. Entretanto, pagam um preço alto por isso em sua vida afetiva e espiritual. Tentam compensar com outras coisas, tais como ativismo e lazer excessivos, mas os problemas em casa vão se avolumando e se tornando a cada dia maiores: as relações entre marido e esposa se tornam difíceis, a situação entre pais e filhos é marcada por abismos, entre os irmãos as relações vão se deteriorando, aos poucos os pais acabam sentido que estão perdendo o controle da situação, os maridos e as esposas vão perdendo a confiança um no outro, os filhos paulatinamente deixam de honrar e respeitar seus pais.
O Interesse é parada (quod inter sem est) e é só uma manifestação entre o sujeito e o bem. Bem é tudo aquilo que supre uma necessidade, uma carência. Agora quando colocamos esse interesse para agir no mundo, por ser ele dinâmico torna-se no dever e na obrigação de fazermos a nossa própria história. Esta é uma questão moral da evangelização. É moral porque o significante perde o seu significado, isto é, todos sabem da importância da evangelização, mas não há vontade e motivação significativa para desenvolvê-la.
É por tudo isto que a Igreja não pode ficar enclausurada nas quatro paredes enquanto a ordem é avançar, pois o evangelho de nosso Senhor Jesus é a resposta para esse mundo corrompido pelo pecado. Muitos pastores sem visão preferem orientar suas ovelhas que tragam visitantes, e inchar o rol de membros é sua meta prioritária.
A igreja precisa ter interesse de conhecer o contexto urbano ou onde se localiza. Saber quais os tipos de pessoas existentes na cidade. Quais as suas preferências e necessidades básicas. Identificar os focos de convergência da juventude, pois “Deus chama a igreja para o seu contexto particular, como um instrumento da sua graça e salvação, desenvolvendo e realizando a missão como um processo criativo e transformador.
Num contexto fértil como esse, em que testemunhamos diariamente a emergência de formas inesperadas de sociabilidade religiosa, é preciso buscar e explorar novos rumos que permitam que ações evangelizadoras se concretizem de forma dinâmica e criem raízes.
Todos os que se interessam pela evangelização devem prestar atenção ao cenário que se forma, no qual os atores são as ovelhas sem pastor que estão sendo "horrendamente tatuadas pelas complexidades" dos dias em que vivemos. E, em dias como esses, não há tempo para brincar, muito menos para dar motivo a que os nossos observadores venham a desdenhar de nós e se distanciar dos caminhos de Deus.
Soli Deo Gloria
Rev. Simonton

19 maio 2006

O LEGADO DA MOCIDADE PRESBITERIANA: 70 ANOS DE LUTAS E VITÓRIAS


*Rev. Ashbell Simonton Redua
Estamos comemorando 70 anos de Mocidade Presbiteriana como União da Mocidade Presbiteriana (UMP). Esta nomenclatura deve-se a uma recomendação do Supremo Concílio da IPB, para que os pastores dessem o apoio necessários aos jovens se organizassem em cada igreja local. Esta recomendação foi conseqüência dos vários nomes que até então era dado aos jovens, tais como: Sociedade de Jovens, Sociedade dos Esforços Cristãos, Sociedade Heróis da Fé, Associação Cristã de Moços, etc. Assim o SC/IPB reunido em Fortaleza-CE, no ano de 1938 teve o entendimento que a juventude careciam de maior cuidado, amor, carinho e atenção dos líderes, principalmente dos pastores e presbíteros. Nesta perspectiva criou-se a Secretaria Geral da Mocidade, sendo nomeado naquela época para o exercício do cargo o Rev. Benjamin Moraes.
A partir do bom desempenho do Rev. Benjamin Moraes e as informações prestadas em seu relatório ao Supremo Concílio, este reconheceu que a Mocidade Presbiteriana estava madura para organizarem-se nacionalmente, como de fato aconteceu no ano de 1946, no Instituto Presbiteriano Álvaro Reis - INPAR , o primeiro Congresso Nacional da Mocidade Presbiteriana, organizando-se a Confederação da Mocidade Presbiteriana (CMP), sendo eleito presidente o jovem Tércio Epêneto Emerick.
Na década de 60, o Supremo Concílio resolveu extinguir a Confederação Nacional de Mocidade Presbiteriana, alterando a estrutura do trabalho da Mocidade quanto à sua relevância nacional, devido as dificuldades de relacionamentos entre a Diretoria da CMP e a IPB. Esta situação permaneceu por vinte e seis anos, período de muitas lutas nacionais que atingiram em certa parte a vida da Igreja, porém com o crescimento da Igreja, foram organizadas várias federações presbiteriais e confederações sinodais que de certa forma exigiu uma postura maior da Igreja no cuidado da Mocidade. Isto de fato aconteceu no ano de 1986, sob a coordenação do Rev. Cleómines Anacleto de Figueiredo, Secretário Geral da Mocidade, reorganizando a Confederação Nacional da Mocidade (CNM).
Em 1990 com a eleição da nova Diretoria Nacional da Mocidade, sob a presidência da jovem Eloísa Alves Helena, empreendedora de uma nova dinâmica no trabalho da Mocidade, conseguiu consolidar a estrutura que temos hoje. Aliás me alegro grandemente por ser hoje o pastor da Eloísa, que continua o seu trabalho agora como Secretária Executiva da CNS.
1. Questão Eclesiástica
A primeira questão a ser abordada neste legado é a forma como a Mocidade Presbiteriana posicionava-se frente à questão eclesiástica que se explicitava, cada vez mais claramente, após a o Governo Militar. Ela assume uma postura ofensiva frente à “questão eclesiástica”, passando a organizar e qualificar quadros laicos para uma ação missionária e evangelizadora da Igreja. A “questão eclesiástica” antes de ser político-religiosa, era entendida como uma questão moral. Este posicionamento da IPB é decorrente do posicionamento que esta Sociedade Interna vinha tomando em âmbito nacional, através de sua Doutrina Reformada.

2. O humanismo cristão é outro ponto que precisa ser tratado.
A noção do Humanismo Integral herdado do nosso pioneiro, Ashbell G. Simonton, fez com que os jovens presbiterianos tivessem uma visão de Homem, mais propriamente, de Pessoa, segundo uma perspectiva transcendente de suas necessidades materiais e espirituais. A relevância do humanismo cristão no Serviço da expansão da Igreja, trouxe a Igreja um olhar mais atento aos problemas e dificuldades dos métodos empregados na Plantação de novas igrejas.

3. Outra característica é o caráter vocacional do pastoreio
Ser pastor era algo sublime e desejoso de todo jovem presbiteriano. Aquele que sentia-se vocacionado para o ministério, sentia-se agradecido a Deus pôr esta vocação, a sua igreja local e sua família de deliciavam de gratidão pôr esta vocação. Era comum os pais orarem a Deus pôr um filho homem, e, quando este nascia, os pais consagravam e dedicavam a obra do Senhor. Era sonho das solteiras casarem-se com um pastor, era sonho das mães terem um filho ou um genro pastor. Porém a partir de 1970, geralmente o que se pensa que somente é pastor, aquele que não conseguiu ser nada na vida. As mães não oram mais a Deus pedindo um filho homem, porém se nasce homem, ele deve ser tudo na vida, menos pastor. Pastor hoje é sinônimo de pobreza, solidão, angustia. A crise vocacional é acentuada ainda com a visão tecnocrata do ministério pastoral. A idéia da Igreja como empresa e o pastor como executivo. A visão do crente não é mais a visão do homem espiritual, crente, fiel a Deus, mas é a visão de um empresário e uma empresa. Ao perder-se a visão espiritual do ministério, a visão pedagógica, a igreja passa a determinar todas as regras em que o pastor deve obedecer. Se ele obedece as diretrizes da igreja, este permanecerá pôr longo tempo nesta igreja, porém se ele descordar, é mandado embora. É preciso termos em conta que qualquer pastor que opta pelo trabalho espiritual e pedagógico da igreja, terá de líder com questões que consequentemente ferirá uns ou trará descontentamento a outros. Neste caso seguindo os preceitos Bíblicos ele não será um pastor bom, fiel e sincero as instituição religiosa que o contratou. É comum então observarmos o marketing na Igreja, que reflete esta visão tecnocrata.

4. Moderação e e tolerância.
Neste legado tem-se nas idéias e no comportamento do pastor, um exemplo próximo - tanto quanto possível — da ética e da teologia reformada cristãs, tal como expostas nas páginas do Novo Testamento. Neste legado os jovens presbiterianos estava longe dos extremismos e deturpações que caricaturizam a igreja pós-moderna. Para eles, o pobre não é a razão de ser dos evangelhos — como queria a teologia da libertação —, pois todas as pessoas carecem do Criador, independentemente de sua condição social. Criticam a chamada "teologia da prosperidade", segundo a qual o cristão fiel é abençoado por Deus para conquistar cada vez mais e mais bens — num rasgo de individualismo e desejo de posse que nada tem a ver com a solidariedade e a simplicidade recomendadas pelo apóstolo Paulo.

Alguns desafios a Mocidade Presbiteriana do Brasil
1. A relevância da fé em Deus, ou da Igreja para os dias de hoje, muitos continuam perguntando, dentro e fora do contexto cristão, e as respostas têm sido as mais variadas. Somos desafiados a uma dupla tarefa: estar conscientes e sensíveis. Nossa atitude em relação ao contexto e nossa busca por uma obediência sincera as Escrituras, darão o tom de nossa relevância.
2. A vida de adoração da Igreja de Cristo, já que nos tornamos especialistas em evangelização relegando a adoração a um segundo plano. A nossa vida de adoração geralmente é marcada pelo ritualismo sem realidade, formalismo sem poder, euforia sem temor, religiosidade sem Deus. Somos desafiados a resgatar uma vida de adoração pela solicitude, silêncio e oração.
3. Desafiados a resgatar a prioridade da leitura e pregação da Bíblia.
4. Desafiados a resgatar temas como: : Visão Bíblica da História, Antropologia Bíblica, Pecado, Depravação, Dignidade e a Teologia da Criação, Teologia dos Pactos, Predestinação, Perseverança dos Santos.
5. Por último, neste contexto de desintegração social, somos desafiados a tornar possível as relações humanos na vida da Igreja.
Mocidade Presbiteriano, nós pastores precisamos de vocês, nós IPB precisamos de vocês. Vocês fazem parte da Igreja na preservação da sã Doutrina. Lembrem-se somos Herdeiros da Reforma, e, nestes 70 anos olhem para a história do passado, das lutas e vitórias conquistadas e lute, lute mais ainda para o Alvo Supremo.
Parabéns,
Mocidade Presbiteriana
Rev. Simonton
Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB. Secretário Executivo do SLF.

17 maio 2006

ATOS DE VIOLÊNCIA EM SÃO PAULO

O Antigo espectro do Leviatã, parasitando o mundo da vida da sociedade, totalizando-a de cima para baixo, é cada vez mais desgastado por duas vertentes. De um lado, existem as novas comunidades étnicas emergentes. Embora algumas sejam formalmente constituídas como poder soberanos, elas já não são propriamente Estados, uma vez que não cortaram o cordão umbilical entre o Estado e a comunidade étnica, Paradigmático, nesse aspecto é o caso de São Paulo, onde as máfias locais já funcionam como uma espécie de estrutura paralela de poder.
Em virtude desse caráter inseparável dos dois pólos evitar a armadilha liberal-democrata de uma concentração exclusiva nos fatos horripilantes nos potenciais ainda mais pavorosos do que está hoje acontecendo em São Paulo. Para combater eficazmente essas novas formas de populismo organicista, devemos como que voltar o olhar crítico para nós mesmos e submeter ao exame crítico o próprio universo liberal-democrata.
É claro que a responsabilidade pela questão da segurança no país não se restringe aos governos estaduais, cabendo ao governo federal uma parcela significativa na questão
Os atos de violência em São Paulo trouxeram de volta a discussão sobre a segurança pública.. De uma maneira geral, predomina a defesa do aumento do rigor na aplicação das penas e a reformulação de todo o sistema penitenciário. Nada mais correto. São medidas urgentes e imprescindíveis. Mas ao lado do debate específico sobre segurança pública deveria ocorrer uma discussão mais ampla sobre as raízes da criminalidade no Brasil, e como extirpá-las.
A par disso, quando a organização interna das facções criminosas começou a prosperar, a Administração Penitenciária, por ocasião das rebeliões que se foram tornando freqüentes, adotou a equívoca conduta de negociar quase a qualquer preço, firmando posição apenas no tocante a não transigir com fugas impostas mediante tomada de reféns. Os líderes dessas facções embrionárias logo se aperceberam da tática correta a adotar, em vista da disposição permanente em negociar: a obtenção de transferências planejadas, a fim de disseminar lideranças por todas as unidades do sistema prisional paulista. De fato, foram muito bem sucedidos nesse propósito, o que fica demonstrado pela notável articulação do movimento maciço a que se refere a pergunta.
As lamentáveis condições de vida em nossas prisões, não são segredo para ninguém. O sistema carcerário brasileiro não tem cumprido seu principal objetivo, que é reintegrar o condenado ao convívio social, de modo que não volte a delinqüir. A origem etimológica da palavra "pena", significa castigo, suplício, mas isso não significa que os infratores devam ser desumanamente supliciados. O propósito da pena privativa de liberdade é recuperar o infrator e não torná-lo pior, sobretudo, se constatarmos que ela é uma evolução em relação ao sistema antigo de execução penal, que punia com o açoite, a mutilação e a própria morte. A situação é muito complexa, ali juntou-se os ingredientes que produzem a violência de hoje, se não vejamos: exclusão social, desemprego, ausência do Estado no combate a corrupção, venda de drogas, contrabando de armas, participação de policiais na cooperação com a criminalidade. Embora o quadro seja desanimador, é possível, melhorar com uma ação estratégica da Igreja, tanto na implantação delas, como ações de desarmamento por parte da Igreja.
Quando vemos isso, temos que nos posicionar. Há alguns posicionamentos para esta situação. O primeiro deles é que em cada igreja, em cada congregação, em cada casa, seja separado um momento de oração, e que este seja sistemático e não esporádico, pedindo paz para a cidade, rejeitando totalmente o espírito de violência que assola a nação.
Nos cultos de oração e nos cultos principais, precisamos interceder pela paz. Paz esta que começa dentro da nossa própria casa. quando esta violência, como a que estamos vendo em alguns estados da nação, fica fora de controle é importante que haja arrependimento e pedido de perdão pela Igreja, pelos atos de injustiça da nação – a injustiça em qualquer nível leva à violência, salientando que não se preocupar com o próximo é um ato de injustiça – pedindo misericórdia do Senhor, pensando em nós e em nossos filhos. Vamos buscar ao Deus da paz, pela nossa casa, pela nossa rua, pelo nosso bairro, pela nossa cidade, pela nossa nação, pelas autoridades do nosso País, para que sobre eles venha sabedoria vinda do Senhor, lembrando que a oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16).
Acredito numa transformação social do país, a partir do crescimento dos evangélicos comprometidos com Deus e com o povo desenvolvendo a Pregação da Palavra de Deus com veículo de transformação do homem e a ação social e uma vida piedosa de oração.
Soli Deo Glória
Rev. Simonton

15 maio 2006

CUIDE BEM DO SEU PASTOR

* Rev. Ashbell Simonton Rédua
Vivemos tempos difíceis na vocação pastoral, tanto para a Igreja como para o pastor, assim um dos maiores desafios que enfrento em minha vida pastoral é manter um equilíbrio adequado em minhas prioridades.
Como pastor preciso desempenhar vários funções, na permanência fiel ao seu chamado. Estas funções requer que eu seja estudante da Palavra de Deus e um homem de oração; tenho de liderar a igreja, trabalhar muito para pregar e ensinar a Palavra, de modo que as ovelhas estejam continuamente sendo transformadas por ela na imagem de Cristo. Tenho de realizar a obra de evangelista e dedicar-me à obra de lidar individualmente com os membros da igreja. Tudo isso e muito mais está incluído na obra de servir a Cristo como um pastor.
Deus me chamou para ser um pastor. Esta é a minha chamada vocacional e ocupa a maior parte do meu tempo. Constantemente, eu me admiro do fato de que Deus me deu o privilégio de servi-Lo desta maneira. O ministério pastoral é a chamada vocacional mais sublime do mundo. Minhas responsabilidades pastorais têm precedência sobre quaisquer atividades que envolvam recreação ou não façam parte do ministério. Tudo o que está envolvido no pastorear o rebanho de constitui o meu dever. Neste ministério, a minha tarefa mais importante é trabalhar fielmente na pregação da Palavra e na oração
Existe uma solidão inevitável que acompanha o meu pastorado.
A maior parte do meu trabalho pastoral pode ser feita somente quando estou sozinho com meu Deus. Sem esse tempo de intimidade com Deus, o tempo gasto com as pessoas não terá muito valor.
Quando tenho de fazer certas escolhas difíceis, faço baseado nas prioridades do meu chamado. Então, eu posso descansar meu coração sabendo que agi com fé, fundamentado nas exigências que Deus tem feito para a minha vida.
Obrigam-me a ser o único homem da igreja que conhece o bastante acerca de Deus. Colocam-me a lutar com Deus, permitindo que saia apenas quando estiver machucado e surrado, a ponto de ser uma bênção.
Nesses 16 anos de ministério, tendo encontrado colegas que estão sangrando e chorando pelo cuidado de sua igreja.
Meu grande apelo a Igreja é: Cuide bem do seu Pastor.
1. Cuide orando por eles. Os pastores genuínos desejam, acima de tudo, as orações de rebanho. Devemos orar pelos pastores, e especialmente que tenham condições de pregar a Palavra. Pastores são humanos, frágeis e pecadores como os demais. Sua tarefa é difícil. O pastorado desgasta e esgota um homem. Pastores são o alvo prioritário do diabo e seus anjos, pois sabem que se conseguirem derrubar e inutilizar um pastor, atingem uma grande vitória. Portanto, os crentes deveriam orar de forma muito especial pôr seus pastores, para que o Senhor os protegesse de toda obra maligna, e que lhe concedesse a Palavra, facilidade e capacidade para transmitir a mensagem de Deus, confiança e ousadia, sabedoria e conhecimento para expor “o mistério do evangelho”.
2. Cuide investindo no Pastor. Dê-lhe condições de estudar, reciclar, aprender mais, porque no fim isto será revertido como fruto para a vida da igreja.
3. Trate-o com honra e respeitabilidade. Ser amável, dócil, cortez com o pastor de vossas almas. Eu não posso tratar o pastor como qualquer pessoa, ele é uma pessoa muito especial desempenhando uma grande missão dada diretamente por Deus. Sabemos que podemos ser amigo do pastor, mas sem perder o respeito e ignorar sua autoridade pastoral sobre as ovelhas do seu rebanho. Mostre que embora o pastor seja seu amigo, merece respeito e honra. Honra e respeito são características daqueles que amam o Pastor.
4. Pague bem o seu pastor. O pastor para produzir bons frutos precisa ser bem remunerado. Paulo exorta a Igreja de Corinto sobre o sustento pastoral (II Cor 11: 8-9). O Pastor precisa dessa tranqüilidade financeira, para dedicar-se de corpo e alma ao serviço do Reino. Muitas vezes queremos nivelar, por baixo, o sustento financeiro pastoral pela nossa renda familiar. Desenvolva na igreja uma mentalidade que possa contribuir para que o pastor e sua família tenham condições financeiras de realizar um trabalho sem maiores preocupações nesta área.
5. Lembre-se dos dias especiais na vida do seu pastor. Duas datas são importantes na vida do pastor: o nascimento e o dia do Pastor. O pastor e sua família também celebram o dia do aniversário, de casamento, natal e tantas outras datas significativas. Lembre-se destas datas tão importantes. Faça um cartão da família e envie para o pastor. Faça uma chamada telefônica e expresse a alegria da sua família por aquela data na vida do seu pastor e de sua família.
6. Não critique o pastor perante os seus filhos. Pastores têm falhas e limitações, mas não podemos destruir a imagem positiva que nossos filhos devem cultivar para com o líder espiritual da nossa igreja. Se há algum ponto que não concorda, procure-o e diga-lhe, em amor, das suas opiniões e discordâncias.
7. Participe dos trabalhos da igreja. Leve a sua família a participar dos trabalhos propostos pelo pastor. Ofereça-se para ser um voluntário num novo projeto. Convide outras famílias para o trabalho da igreja. Estas atitudes proporcionarão alegria ao pastor, com certeza.
Cuide bem do seu pastor! A nossa proposta é que, através destas e outras atitudes, nossas igrejas possam ajudar a tantos pastores que têm sido bênçãos para nós e para nossos familiares.
Soli Deo Glória
Rev. Simonton
* Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai, Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB e Vice-presidente da Aliança Protestante Nacional.
Contato: asredua@yahoo.com.br

13 maio 2006

COMO VÃO OS NOSSOS PROJETOS EVANGELÍSTICOS

* Rev. Simonton
Precisamos rever os nossos projetos evangelísticos, principalmente na forma como abordamos os não-cristãos, estamos mais afugentando-os do que atraindo-os.
Há alguns dias estava ouvindo uma palestra pronunciada pelo Rev. Dr. Antonio José do Nascimento, sobre esse assunto no Sínodo Leste Fluminense, e ficamos tremendamente chocados com a nossa situação: hoje os cristãos são 33% da população do mundo (incluindo católicos, ortodoxos, protestantes, copa, etc), neste universo os Protestantes são 11% da população do mundo (incluindo todos os evangélicos e até as seitas evangélicas).
Quando dirijo-me pastoralmente a minha Igreja local, no que diz respeito à inexistência de um plano de ação específico e à falta do aproveitamento do nosso potencial humano, minha igreja não foge à regra. E não parece razoável imaginar que neste grupo seleto de crentes venhamos a encontrar pessoas que não conhecem a Bíblia! Se o problema está na igreja, constituído por homens que conhecem pouco a Bíblia, a causa provavelmente esteja mais em cima, ou seja, em pastores que pouco treinam ou nada treinam as suas ovelhas.
A maior parte das igrejas não tem um projeto específico de evangelização, não tem um departamento de evangelização. E, quando têm, arrisco-me a afirmar que é um modelo antigo e inadequado, distante da realidade do mundo atual. Se a evangelização tem como ponto final e culminante o engajamento do indivíduo numa igreja, não podemos nos esquecer que evangelização é uma caminhada de vários estágios.
Os nossos projetos evangelísticos não tem surtido o efeito necessário haja vista que a crise familiar e social que enfrentamos é mero reflexo da crise de autoridade. Palavra pastoral não tem valor algum, basta estar investido de autoridade para ser "mandão" e ninguém dá a menor importância para o que se diz e ensina. Igualmente mortal, alguns engrenaram nesta prática e perdem de obedecer a Deus por conta de não se submeterem aos seus líderes espirituais. Igrejas cheias de corações vazios.
Esse Evangelho chegou até nós, igrejas foram plantadas, vidas foram transformadas, mas a visão da missão da Igreja ficou bem aquém daquilo que deveria ter acontecido. O Evangelho avançou muito, mas priorizando sempre as próprias denominações e estruturas eclesiásticas, e também as suas posturas apologéticas.
Os nossos projetos evangelísticos nos frustam, nos traz desânimos, principalmente quando o líder-pastor faz esforços e não há nenhuma reação positiva por parte da igreja. Entendo que o padrão bíblico da estratégia evangelística é da vida em equipe, cada um cooperando e sendo usado por Deus na vida do outro. Quantas vezes encontramos pastores que reclamam sobre algo que está acontecendo entre os líderes da igreja ou sobre a falta de participação do povo? A culpa é do pastor! Ele pode criar um ambiente em que as pessoas sentem que eles, juntos com o pastor, formam a equipe que dirige a obra. É isto que estou tentando fazer a três anos na Igreja Presbiteriana do Sinai, o processo evangelístico não é somente do pastor, mas é de toda a Igreja como uma grande equipe.
Não podemos usar estratégias para atrair fiéis com o mesmo padrão utilizado pelas cidades para agradar os homens. A motivação de muitos líderes é construir torres para tornar o nome do homem célebre. Com esse objetivo utilizam uma teologia ou doutrina que não confronta a cidade, ao contrário, conformam-se a ela, e convida a todos a construírem suas torres particulares. Desta forma, pensam estar contribuindo para a construção da grande obra de Deus, constroem torres que nos levam aos céus, sem Deus, onde Cristo não é o ponto de atração.
Queremos ser instrumentos de Deus no que Ele deseja realizar no mundo. Por isso entramos no Seu serviço! Seu serviço não é um serviço qualquer. Não seguimos os padrões do mundo se queremos realizar toda a Sua vontade na obra de evangelização.
Como estão os nossos projetos evangelísticos? Em grande parte vai de mal a pior.
Soli Deo Gloria
* Rev. Simonton é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB

12 maio 2006

"MÃE, MINHA MAEZINHA, DONA DO MEU CORAÇÃO"

* Ashbell Simonton Rédua
Há vários dias especiais no decorrer de um ano que nos trás angústia, tristeza, saudades e lembranças do passado, e um desses dias é o “Dia das Mães”.
Não há dúvida de que o “Dia da Mães” é uma data muito especial, aí eu fico pensando, será que o melhor mesmo, não é ser filho durante os outros 364 dias? Sim porque a gente se lembra mais da mãe neste segundo domingo de maio, mas ela não deixa de pensar na gente um só dia.
Mãe que, sendo moça pensa como uma anciã e, sendo velha , age com as forças todas da juventude;
Mãe melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças;
Mãe quando pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;
Mãe quando forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões;
Mãe quando viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome desta mulher se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página: eles lhes cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria “Mãe, Minha Maezinha, Dona Do Meu Coração”.

11 maio 2006

GRAMPO VIROU MORDAÇA. O QUE É PIOR?

* Ashbell Simonton Rédua
** Suely Montalvão Rédua
O epsódio de 2001se repete, com outra roupagem, mas com o mesmo princípio, agora de forma sacrificial, tentar calar a imprensa com a greve de forme.
Embora a mídia do ponto de vista ético age com excesso, nem por isso, Garotinho tem o direito de suscitar uma “ditadura branca”, na tentativa de amordaçar a imprensa com uma greve de fome.
Em 2001 o grampo virou mordaça, hoje a greve de fome tenta fazer a mesma coisa. Naquela época as denûncias do Globo¸ hoje também o mesmo jornal.

A primeira coisa que destaco nesta questão é: a legimidade da investigação - a imprensa dá legitimidade a investigação, por estar a ele vinculada. O que leva o público a crer na legitimidade da imprensa como o quarto poder, conferindo-lhe direito de atuar em casos da esfera jurídica ou policial. E, para a procedência do princípio da representação, deve-se verificar se o candidato, ou se terceiro, agindo a mando do candidato, doou, prometeu ou entregou ao eleitor dádivas ou benesses, em troca de seu voto. Deve-se, portanto, examinar se ficou demonstrada a finalidade de obter o voto do eleitor. Em conseqüência, por meio dessa ação, não se examina a potencialidade do ato praticado para comprometer a lisura das eleições.

A segunda questão que vejo aqui é da ilicitude investigatória da imprensa – O Globo notificou “Fitas mostram que Garotinho sabia de suborno a fiscal da Receita” (manchete de quarta 11/7). Não fosse a ilicitude da investigação desencadeada pelo o Globo, que invadiu atribuição conferida pela Constituição Federal à Polícia Judiciária, eis que a denúncia não poderia ter sido ofertada pela mídia que atuou na clandestinidade.

A terceira questão que vejo que é: até onde a ética delimita o caráter da imprensa - A maior rede de televisão do país, dona também do O Globo já foi acusada de omissão frente aos abusos cometidos pelo governo militar à época da ditadura. A referida rede de TV foi complacente diante do terror. Não denunciou o regime anti-democrático, nem as perseguições políticas, nem as torturas. Em troca favoreceu-se da generosa mão do poder, tornou-se rica e poderosa. Mesmo tendo se formado em um Brasil miserável, alcançou a proeza de tornar-se a quarta maior rede de televisão do planeta. Tudo isto enquanto a parcela da imprensa que denunciava o regime autoritário era censurada de todas as formas, conforme demonstra a história de jornais como a Folha da Tarde, atual Folha de S. Paulo, ou ainda O Estado de São Paulo. Os ganhos oriundos da verdade omitida poderão fazer da imprensa uma empresa lucrativa, nunca um canal de união entre o cidadão comum e a realidade de seu tempo.
O político corrupto jamais dispensará o apoio da imprensa de sua região. Busca favorecê-la de todas as formas, cede benefícios, promove isenções fiscais, etc. O retorno, quando ocorre, vem em forma de apoio político traduzido nas manchetes dos jornais.
Infelizmente a nossa ética é a ética do favorecimento. Quando Garotinho tentou impedir a divulgação do conteúdo das fitas, erro fatal, quem não deve não teme, prestou um grande serviço à depuração do jornalismo brasileiro ao converter grampo em mordaça e acionar um salutar debate jurídico.
* Rev. Ashbell Simonton Rédua, graduando em Direito pela UNIPLI
*** Suely Montalvão Rédua, graduando em Comunicação Social pela UNIPLI

10 maio 2006

A REALIDADE DA VOCAÇÃO PASTORAL

A ação vocacional na pessoa só pode acontecer num dinamismo de aliança e de comunhão com Deus no amor. Consciente de que foi escolhido por Deus desde sempre, o indivíduo que é chamado deixa-se envolver na aventura da relação e do amor. Homem de Deus que faz uma experiência diária de comunhão e de diálogo com Deus, o chamado descobre os projetos de Deus, identifica-se com eles e aceita testemunhá-los no mundo. O amor de Deus que lhe enche o coração, compromete-o no amor aos irmãos. “É por isso que todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:35). O amor é verdadeiramente o coração da Igreja, o amor é a chave de todas as vocações. Falar da vocação e das vocações significa falar da realidade mais profunda da pessoa. Não se trata apenas de buscar a satisfação de um mero desejo pessoal ou de se sentir realizado em determinadas tarefas gratificantes. É um processo que se passa ao nível mais profundo da pessoa. O mais importante e decisivo é a resposta ao chamamento a seguir Jesus na Igreja e a continuar a sua missão no mundo, que pode levar à consagração total da pessoa. Qualquer tipo de vocação assumida nesta perspectiva, abre para um projeto belo e nobre de realização da pessoa humana nas suas mais profundas aspirações: no dom de si, na relação com os outros, na transformação da sociedade e do mundo, segundo o projeto salvífico de Deus. A ação vocacional procede da decisão amorosa e maternal da Igreja de prestar o melhor serviço a todas e a cada uma das pessoas, para serem elas mesmas segundo o propósito de Deus, para descobrirem “o dom de Deus” e o Seu amor incondicional e único e para assumirem o serviço que devem prestar na Igreja e no mundo.
1. O desprezo com o qual a vocação é tratada.
Ela é sempre odiada pelos homens perversos e irreverentes porque revela sua imundície e desmascara suas hipocrisias. O ensino dos ministros é freqüentemente uma preocupação corrosiva sob suas consciências, prevenindo-os de cair e se espojar quieta e secretamente em seus pecados – como eles viriam a fazer sob outras circunstâncias. É por isso que eles rejeitam tanto a vocação dos ministros quanto seus ministérios. Eles os assistem fecharem-se sobre seus menores fracassos, na esperança de desgraçá-los. Eles imaginam que menosprezando a vocação do pregador podem remover a vergonha de suas próprias condutas vis. É inevitável que eles devam odiar aqueles que são chamados ao ministério, uma vez que eles alimentam ódio mortal tanto pela lei quanto pela mensagem do evangelho que eles trazem, e pelo Deus que eles representam.

2. A dificuldade de desempenhar os deveres do chamado de um ministro.
Permanecer na presença de Deus, entrar no santo dos santos, pôr-se entre Deus e seu povo, ser a boca de Deus para o seu povo, e a do povo para Deus; ser o intérprete da lei eterna do Velho Testamento e do perpétuo Novo Testamento, permanecer e sustentar o ofício do próprio Cristo, cuidar da saúde das almas – essas considerações subjugam as consciências daqueles que se aproximam com reverência e sem precipitação do posto santo de pregador.

3. A inadequação das recompensas e status financeiro dados àqueles que recebem este chamado.
Todos os homens são carne e sangue. No que diz respeito a isto, devem ser fascinados e ganhos para abraçar esta vocação por meio dos argumentos que possam bem persuadir carne e sangue. O mundo tem tido uma atitude descuidada sobre isto a cada era. Conseqüentemente, na lei, Deus deu cuidadosas instruções para o cuidado dos Levitas (Num. 18:26). Porém de forma especial agora, sob o evangelho, o chamado ministerial é pobremente provido, muito embora deva ser recompensado mais do que todos. Certamente seria uma honrável política cristã fazer, no mínimo, boa provisão para estes vocacionados, de forma que homens dignos de recompensa possam receber por isto. A falta de tal provisão é a razão por que tantos jovens com habilidades incomuns e grandes perspectivas se voltam para outras vocações, especialmente o Direito. As mentes mais perspicazes de nossa nação estão empregadas. Por que? Porque na Prática Legal eles têm todos os meios para seu progresso, enquanto que no ministério, em geral, a renda é nada mais que uma clara estrada para a pobreza. Esta é uma grande blasfêmia sob nossa igreja. A menos que especial atenção seja dada a este assunto, isto será deixado sem reforma. Essas considerações, tomadas juntas, produzem um argumento infalível. Pois quem irá aceitar tão vil desprezo e tão pesada responsabilidade sem recompensa? Porém onde há um tal desprezo e um tal peso, e uma recompensa tão pobre, é de se maravilhar que um bom ministro seja um dentre milhares.

09 maio 2006

UM OUTRO EVANGELHO: O EVANGELHO SEGUNDO JUDAS


* Ashbell Simonton Rédua
Nestes dias temos sido impactados com a divulgação arqueológica de um outro evangelho: O Evangelho Segundo Judas. A "National Geographic" anunciou sua intenção de publicar uma tradução em vários idiomas de um antigo texto chamado "O Evangelho de Judas", no final deste mês. O manuscrito de 31 páginas, escrito em copta, encontrado em Genebra em 1983, não aparece até agora traduzido nas línguas modernas (Cockburn, 2006). Segunto a National Geographi Society “Esta é uma revelação que com certeza vai suscitar discussões acaloradas: De acordo com um texto antigo recém-descoberto, o chamado “Evangelho de Judas”, o discípulo conhecido por ter traído Jesus pode ter sido o servo mais fiel do Cristo e ter aceitado a desgraça perpétua por levá-lo à morte – devido a um pedido do próprio Salvador. Examine a mística do pensamento gnóstico do início da era cristã, expresso em palavras escritas em um papiro encadernado em couro e atribuídas ao próprio Jesus. Ouça as interpretações de quatro estudiosos da Bíblia. Acompanhe o trajeto deste documento frágil, de sua descoberta no Egito a sua tradução, culminando na apresentação ao mundo.[1] (Cockburn, 2006).
Acredita-se que este manuscrito, encadernado em couro, tenha sido copiado por volta do ano 300 d.C., foi descoberto na década de 1970, no deserto egípcio de El Minya.
O correspondente da Folha em Washington France Presse afirma que “Ao contrário da versão dos quatro Evangelhos oficiais, o texto em questão indica que Judas era um iniciado que traiu Jesus a pedido dele próprio, e para a redenção da Humanidade. A principal passagem do documento é atribuída a Jesus, que diz a Judas: "Tu superarás todos eles. Tu sacrificarás o homem que me cobriu." Segundo exegetas, a frase significa que Judas ajudará a libertar o espírito de Jesus de seu invólucro carnal.”
[2] (Presse, 2006).
Ainda que a pessoa do Apóstolo Judas Iscariotas possa carregar sobre o estigma da traição do Senhor Jesus Cristo, por algumas moedas, a Bíblia não exita em descrever o caráter desse seguir do Mestre. No início, Judas seguia Jesus com retidão. Era possuido ambições humanas alheias à missão de Cristo e interesses pessoais mesquinhos, mas estavam num segundo plano; o que importava acima de tudo era colaborar com o Senhor. No entanto, com o passar do tempo, essa situação foi-se invertendo: as ambições pessoais de Judas, não devidamente subjugadas à medida que foram pouco a pouco ganhando terreno até que, em dado momento, o Apóstolo percebeu com nitidez que a proposta de Jesus não se coadunava em absoluto com elas. Então, em lugar de retificá-las, preferiu mantê-las e colocá-las em primeiro lugar na sua vida. A partir daí foi-se desenvolvendo em sua alma um processo de infecção generalizada pelo câncer de um tremendo egoísmo. Seu coração foi-se endurecendo e distanciando aceleradamente de Cristo. A sua consciência foi-se embotando. Perdida a confiança em Jesus, passou a olhá-lo com olhos cada vez mais críticos, até chegar, após sucessivas decepções, a odiar Aquele a quem tanto admirara. Finalmente veio a traição vil.
Segundo o texto da A revista National Geographic , Judas não foi o traidor que vendeu Jesus por 30 moedas de prata, mas um discípulo privilegiado, encarregado da missão mais difícil: sacrificá-lo para ajudar a sua essência divina a escapar da prisão do corpo e subir ao céu.
“Para Igreja russa, Evangelho de Judas não afeta a doutrina cristã”
[3], afirmou o Patriarcado ortodoxo de Moscou, o padre Mikhail Dudkó. "Não podemos imaginar que a descoberta de um texto atribuído a um personagem do início do cristianismo ou mesmo de um dos discípulos de Cristo mude a composição da Sagrada Escritura"[4]
Esta descoberta é tão importante para a Igreja Cristã, porque derruba o mito de uma religião monolítica, e mostra o quão diverso e fascinante era o cristianismo primitivo. Recorde que o gnosticismo surgiu em meados do século II, e o "Evangelho de Judas", se autêntico, provavelmente remonta ao final do século II. O texto poderia não ter sido escrito por uma testemunha presencial, como ao contrário o são ao menos dois dos evangelhos canônicos. Segundo a National Geograph Society “ Testes com cinco amostras separadas do papiro e da sua encadernação de couro datam o códice entre 220 e 340 d.C.”[5]
A Igreja definiu o cânon das Escrituras Sagradas desde o ano 200 com o Cânon de Muratori e outros concílios como o de Cartago III e IV. Os apócrifos foram excluídos da Bíblia por serem fantasiosos sobre a pessoa de Jesus e outros personagens bíblicos, ou por possuírem heresias, especialmente os evangelhos gnósticos. Esses foram encontrados numa caverna da cidade egípcia de Nag Hammadi, em 1945. Alguns levam os nomes dos Apóstolos e outros personagens bíblicos, mas não foram escritos por eles.
Levando em conta a sua autenticidade ou não, isto não terá implicações na canonicidade das Escrituras Sagradas. O fato de existir um outro evangelho, como foi afirmado a alguns anos atrás da existência do 5ª Evangelho (Evangelho de Tomé), não podemos estranhar o fato de existir outro evangelho.

[1] Cockburn, Andrew O Evangelho de Judas,
http://nationalgeographic.abril.com.br/ngbonline/evangelho/index.shtml)
[2] Presse, France, Evangelho Segundo Judas" é apresentado ao público. Folha on line,
06/04/2006 - 18h54, http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u59432.shtml
[3] Dudkó, Mikhail. Para Igressa russa, Evangelho de Judas não afeta a doutrina cristã.
7 de abril de 2006, 13h52.
[5] Cockburn, Andrew O Evangelho de Judas,
http://nationalgeographic.abril.com.br/ngbonline/evangelho/index.shtml
* Rev. Ashbell Simonton Rédua é Pastor da Igreja presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB

08 maio 2006

EXPIAÇÃO LIMITADA

**Ashbell Simonton Rédua
A Expiação Limitada, está inserida dentro de um dos temas mais importantes da Teologia Reformada, na verdade esta doutrina não é peculiarmente calvinista. Ela é sustentada por alguns dos maiores expoente da tradição cristã, entre eles Agostinho, Pedro Lombardo, Tomás de Aquino, bem como Calvino. A doutrina surgiu como resposta do Sínodo de Dort (1618-1619) nas controvérsias sobre a extensão da expiação desde o aparecimento do Arminianismo.

As doutrinas distintas da teologia reformada (Os cinco pontos calvinistas) são resumidas em inglês pelo uso do acróstico TULIP:
Total depravity = Depravação total Unconditional election = Eleição incondicional Limited atonement = Expiação limitada Irresistible grace = Graça irresistível Perseverance of the saints = Perseverança dos santos

Também conhecemos esta doutrina como a “redenção particular” ou “redenção limitada”. Segundo a doutrina a morte de Cristo teve eficácia somente para os eleitos. A eleição em si não salva ninguém; apenas destaca alguns pecadores para a salvação. Os que foram escolhidos pelo Pai e dados ao Filho precisam ser redimidos para serem salvos. Para assegurar sua redenção, Jesus Cristo veio ao mundo e tomou sobre Si a natureza humana para que pudesse identificar-Se com o Seu povo e agir como seu representante ou substituto. Cristo, agindo em lugar do Seu povo, guardou perfeitamente a lei de Deus e dessa forma produziu uma justiça perfeita a qual é imputada ao Seu povo ou creditada a ele no momento em que cada um é trazido à fé nEle. Através do que Ele fez, esse povo é constituído justo diante de Deus. Os que constituem esse povo são libertos da culpa e condenação como resultado do que Cristo sofreu por eles. Através do Seu sacrifício substitucionário Ele sofreu a penalidade dos seus pecados e assim removeu sua culpa para sempre. Por conseguinte, quando Seu povo é unido a Ele pela fé, é-lhe creditada perfeita justiça pela qual fica livre da culpa e condenação do pecado. São salvos não pelo que fizeram ou irão fazer, mas tão somente na base da obra redentora de Cristo.

Segundo a Bíblia de Estudo de Genebra, as Escrituras não ensinam que todos serão salvos, o que exclui o universalismo real. Os outros dois pontos de vista não diferem entre si sobre quantos serão salvos, mas a respeito do propósito pelo qual Cristo morreu. As Escrituras tratam dessa questão. O Novo Testamento ensina que Deus escolheu para a salvação um grande número dentre os da raça decaída e enviou Cristo ao mundo para salvá-los (Jo 6.37-40; 10.27-29; 11.51-52; Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 1Pe1.20). Diz-se que Cristo morreu por um povo específico, com uma clara implicação de que sua morte assegurou a salvação dele (Jo 10.15-18,27-29; Rm 5.8-10; 8.32; Gl 2.20; 3.13-14; 4.4-5; 1Jo 4.9-10; Ap 1.4-6; 5.9-10). Antes de morrer, Cristo orou por aqueles que o Pai lhe tinha dado e não pelo mundo (Jo 17.9,20). A oração de Jesus animou aqueles por quem ia morrer, e ele lhes prometeu que jamais deixaria de salvá-los. Tais passagens apresentam a idéia de uma expiação limitada. O antigo Testamento, com sua ênfase sobre a eleição da graça, oferece grande apoio a essa doutrina. (Bíblia de Estudo de Genebra Nota Teológica, página 1248)
A justificação é a própria redenção objetiva, a qual é distinta da santificação, que é a redenção subjetiva, tese conhecida nos meios católicos como da dupla justiça formal, por ter tido defensores entre os teólogos católicos, inclusive no concílio de Trento. A concepção errônea a respeito da expiação decorre, portanto, de uma concepção errônea acerca da justificação, que veio com a Reforma Protestante: a de que Deus justifica o homem, independente mesmo da remissão dos pecados, isto é, da justificação de fato. Em outras palavras, não é o “realizar-se a expiação” que concretiza a salvação do pecador, mas é pela aplicação dos méritos da Paixão de Cristo que a salvação se concretiza (Cl 1:24).
Expiação Limitada e sua importância
Segundo o Dr. Van Baren* Esta verdade é significante e importante na vida da igreja e nas vidas de seus membros individuais.
Em primeiro lugar, ela dá ao filho de Deus a plena certeza de sua salvação. Se Cristo morreu deveras por todo homem que já viveu, eu nunca poderei estar certo de minha própria salvação. Se Cristo morreu por todos, e mesmo assim muitos perecem, que certeza eu posso ter de que serei salvo? Veja que tal visão, que além de tudo é anti-escriturística, pode levar somente alguém a duvidar sobre sua salvação.
Mas agora, à luz do testemunho da própria Escritura, alguém pode saber com certeza se ele é salvo e se entrará na glória celestial. Jesus morreu pelos pecados do Seu povo — aqueles dados a Ele pelo Pai. Quando Jesus morreu por eles, eles também receberam o Seu Espírito, que opera nos seus corações aquela vida que Cristo mereceu por eles. Tais pessoas são convertidas, confessando diante de Deus e dos homens que pertencem a Cristo. Estes são aqueles que clamam em arrependimento sincero, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18:13). E estes têm a certeza do perdão dos pecados e a certeza da vida eterna no céu. Ninguém pode tomar esta certeza deles. Ninguém pode destruir a fé deles. Estes não cairão da graça de Deus uma vez lhes dada. Estes encontrarão conforto e segurança em sua confissão, “Jesus morreu por mim”.
Mas ainda mais importante, esta verdade da Escritura de que Jesus morreu somente pelos pecados do Seu povo, é a única verdade que exalta o poder e a glória do Nome de Deus. Qualquer outra visão divergente detrata a glória do Seu Nome. Qualquer visão da expiação que sugira que a decisão final com respeito à salvação de alguém descansa no homem, detrata o poder e glória de Deus. Deus não compartilha Seu poder e glória com ninguém! Somente Ele é Deus! Ele tem poder absoluto. Ele determina do princípio ao fim. Ele determina o destino final de toda criatura — e Ele assim o faz em harmonia com Sua perfeita justiça.
Quando alguém considera apropriadamente o fato da expiação; quando alguém entende que aquele por quem Cristo morreu será certamente salvo — ele não pode fazer nada, senão glorificar o Nome de Deus que opera tais maravilhas!

* Rev. Gise J. Van Baren
** Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB.

07 maio 2006

IGREJA PRESBITERIANA DO SINAI: Uma História que Começou em 1959




* Rev. Ashbell Simonton Rédua
A Igreja Presbiteriana do Sinai foi organizada em 1º de maio de 1966, mas sua origem data do ano de 1959, quando alguns crentes residentes na Rua Riodades e adjacências, a convite de um casal recém-chegado da Igreja Presbiteriana da Vila da Penha, Rio de Janeiro, resolveram, com o propósito de preencher o tempo de que dispunham aos domingos, reunir-se na casa do irmão Orick da Silva Bastos, para cantar hinos e estudar a Bíblia.
O trabalho cresceu, tomou forma regular, e a partir do segundo domingo de setembro de 1959, foi oirganizada a Escola Dominical, com a presença de mais de 200 pessoas, sendo a cerimônia presidida pelo Rev. Antonio Elias, hoje pastor Emérito da Igreja Presbiteriana Betânia de Icaraí.
Com o crescimento demonstrados através dos dados colhidos nos relatórios estatísticos da Escola Dominical, motivou e encorajou a
Primeira Igreja Presbiteriana de Niterói a organizar uma Congregação Presbiteriana.
Foi comprado um terreno para construção do templo, o que de fato ocorreu, sendo inaugurado de forma festiva esta fase no segundo Domingo de maio de 1965.
No ano seguinte também em maio, precisamente no dia 1º de maio de 1966 foi organizada a Igreja Presbiteriana do Sinai, sendo a cerimônia presidida pelo Rev. Uzias Britto.
A Comissão Organizadora da Igreja era composta pelo Rev. Uzias Britto, Rev. Aproniano Wilson Macedo e Presbítero Sebastião de Souza Coelho. Estiveram presentes o Rev. João Gomes Netto, Presidente do Presbitério de Niterói e o Rev. Felipe Dias, que foi o primeiro pastor da Igreja.
Foram arrolados como membros da Igreja que nascia, 54 membros comungantes e 33 membros não comungantes. Por profissão de fé e batismo foram recebidos 3 membros, por reconciliação, 2 membros e jurisdição à pedido 1 membro, totalizando 93 membros.
Os primeiros oficiais eleitos foram: Presbíteros Délio Maciel Batista, Teomilo Eliodoro Wenner e João Batista de Souza; Diáconos Alarico Ferreira dos Santos e Francisco Peçanha.
O primeiro pastor eleito foi o Rev. Gedeão de Paula, que pastoreou a Igreja aproximadamente por 14 anos. A Igreja crescia, novos membros eram recebidos por profissão de fé e batismo, e alguns ainda hoje fazem parte da igreja, servindo-a por mais de 39 anos.
Neste período de 40 anos de organização, a igreja sofreu algumas dificuldades, sendo a pior delas enfrentada, quando surgiu um cisma no ceio da Igreja. Um movimento doutrinário diferente, liderado por um Presbítero, dividiu a igreja, os que sairam formaram a Igreja Presbiteriana Renovada da Riodades, ficando apenas 38 membros fiéis. Com muita luta e pela fidelidade desses irmãos, o Senhor abençoou e a Igreja voltou a crescer novamente.
Pastores e líderes projetaram a Igreja Presbiteriana do Sinai no cenário
nacional, principalmente no Supremo Concílio da IPB, no Sínodo e no Presbitério de Niteroi. Destaco a liderança nacional do Rev. Gedeão de Paula, como Secretário da Mesa do Supremo Concílio, da Eloisa Helena Alves, na presidência da Confederação Nacional da Mocidade Presbiteriana e atualmente a Secretária Executiva da Confederação Nacional da SAF, a irmã Anita Chagas, na vice-presidencia da Confederação Nacional da Sociedade Auxiliadora Feminina e atualmente vem atuando como Presidente e do Rev. Ashbell Simonton Rédua, membro da CNE – Comissão Nacional de Evangelização da IPB e Secretário Executivo do Sínodo Leste Fluminense, Sem. Wesley Simonton Cindra Redua, Secretário Presbiterial de Mocidade, Sem. Sérgio Tuquio Ladeira Kitagawa, também secretário Presbiterial de Adolescente
Dos vários pastores que pastorearam a Igreja Presbiteriana do Sinai, podemos destacar: Rev. Felipe Dias, Rev. Gedeão de Paula, Rev. Teotônio Bragança, Rev. Jader de Faria Barros Netto, Rev. Flávio Ricardo Barbosa Figueiredo, Rev. Flávio Aguiar Fonseca, Rev. Lucas Ribeiro da Silva, Rev. Adenilde Carreiro Pinto, Rev. Ramon Maluy, Rev. Aguinaldo Silva e atualmente Rev. Ashbell Simonton Rédua.
Hoje, um novo templo substitui o pequeno templo da época da Congregação e há planos de expansão das dependências que já existem. Sem esquecer de lembrar o momento tão especial que a igreja vem vivendo, Tempo de alegria, refrigério, crescimento, com vários projetos de crescimento, evangelização, comunhão, louvor, adoração e educação. Desta maneira, a Igreja Presbiteriana do Sinai continua sempre prosseguindo "para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Filipenses 3:14).
Até aqui nos ajudou o Senhor.

Soli Deo Gloria

* Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB
Contato: asredua@yahoo.com.br

*Matéria publicada no Brasil Presbiteriano do mês de Maio/06.

05 maio 2006

A SALVAÇÃO SEGUNDO ORÍGENES

* Ashbell Simonton Rédua
Nasceu de pais cristãos em 185 ou 186 da nossa era, provavelmente em Alexandria. O pai, Leônidas, morreu mártir na perseguição comandada por Sétimo Seuro, em 202 ou 203. Aos 18 anos assumiu a direção da escola catequista como sucessor de Clemente, mas em 215 os massacres praticados por Caracalla obrigaram Orígenes a deixar Alexandria, fugindo para Palestina onde os bispos Alexandre de Jerusalém e Teócito de Cesaréia o acolheram com honra e o fizeram pregar nas suas igrejas. Fundou uma escola teológica em Cesaréia, tendo como discípulo Gregório Taumaturgo, onde permaneceu até a morte, aos 69 anos, como mártir durante perseguição comandada por Décio. Retomando e ampliando a noção de Clemente, Orígenes compara a ação de Deus a de um pedagogo ou de um médico, que pune e inflige males e dores para corrigir ou para curar.
O processo de assimilação da tradição clássica pelo cristianismo pôde desenvolver-se com maior elasticidade a partir do momento em que, no meio cristão, homens intelectualmente formados na cultura grega passaram a reconhecer a capacidade religiosa da filosofia. Ora, esta atitude claramente assumida no século III por Orígenes, entre outros, tinha a seu favor todo o esforço anterior de Fílon, que procurara mostrar como a fé hebraica podia ser exposta em termos da filosofia grega e justificada racionalmente. Há de considerar-se o trabalho dos estóicos no sentido de uma interpretação alegórica dos mitos antigos e, em particular, da teologia de Homero, desenvolvida por esse gênio cristão.
Orígenes enfatizava a salvação com um processo de transformação na imagem de Deus, e, finalmente, na participação parcial da própria natureza de Deus, chamado Theosis ou divinização.
A teologia pregada por Orígenes é uma teologia que não está importando em sistematizar uma doutrina teológica dentro dos padrões científicos, também não é uma teologia popular, naturalista, que nasce da práxis, como fruto do relacionamento humano. Não é também uma teologia que procura afirmar posições dogmáticas e nem definir um esboço sistemático, ou qualquer conjectura doutrinária, mas, simplesmente, desenvolver uma TEOLOGIA DE BUSCA. Orígenes procura buscar respostas bíblicas em um sistema que se move em dois planos, um superior e outro inferior.
Por certo, a influência platônica e a interpretação alegórica das Escrituras Sagradas foram os motivos para que Orígenes desenvolvesse doutrinas inerentes com os pais apostólicos anteriores e posteriores a ele, tais como a doutrina da salvação universal, da não existência eterna das almas no inferno, da escola das almas.
Se é somente a graça que salva, como evitar o determinismo que desincumbe a pessoa humana de sua responsabilidade própria.
Quando o adjetivo aionios significando "eterno" é usado no grego juntamente com substantivos de ação, ele se refere ao resultado da ação, não ao processo. Assim a expressão "castigo eterno" é comparável a "redenção eterna" e a "salvação eterna", todas expressões bíblicas ... os que se perdem não passarão eternamente por um processo de castigo mas serão punidos uma vez por todas com resultados eternos. Uma vez que a idéia de imortalidade intrínseca da alma (isto é, do indivíduo consciente) deixa de ser considerada como uma intromissão platônica na exegese do segundo século, parecerá que o único significado natural de morte, destruição, fogo e trevas no Novo Testamento como indicadores do destino dos ímpios é de que tais pessoas deixam de existir. Mas tal afirmação quando submetida à prova mostra estar errada.
É bastante evidente que Orígenes sustenta algumas afirmações que são incompreensíveis e incompatíveis com a doutrina bíblica da Igreja Cristã, porém, é verdadeiro que sua intensão sempre fora de ser “um homem fiel a Igreja, a sua doutrina e suas instituições, e jamais deixou de lado a pedagogia eclesiástica.
Por certo, a influência platônica e a interpretação alegórica das Escrituras Sagradas foram os motivos para que Orígenes desenvolvesse doutrinas inerentes com os pais apostólicos anteriores e posteriores a ele, tais como a doutrina da salvação universal, da não existência eterna das almas no inferno, da escola das almas.
Além dos vários comentários da Bíblia, as suas obras mais importantes é a Apologia contra Celso e o Tratado Dos Princípios, que é considerado o primeiro Manual de Teologia e é o lugar onde estão registrados as origens das acusações que recebeu.

Soli Deo Gloria
* Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai em Niteroi-RJ, e membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB. Contato: asredua@yahoo.com.br

04 maio 2006

“BONDE EVANGÉLICO” E A EVANGELIZAÇÃO


*Ashbell Simonton Rédua

Visando o crescimento da Igreja, muitos grupos evangélicos ao traçarem suas métodos de evangelização levam em consideração a popularidade de Jesus e que suas mensagens chegaria facilmente a cultura popular. Não se preocupam com os princípios, sejam eles éticos, bíblicos, missiológicos, evangelísticos ou mesmos eclesiásticos, não há escrúpulos e nem pudores.
Há algo difuso entre culto e show gospel, um grande sincretismo musical-evangelístico, não fazendo mais diferença entre os que são genuinamente de Cristo dos que parecem ser (joio e trigo).
É comum ouvir as versões gospel dessa musicalidade popular, principalmente neste momento em que diversos seguimentos da Igreja Evangélica Brasileira adotam o estilo funk, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a pastora Priscila Mastrorosa, da Igreja Bola de Neve, em São Paulo, o funk “é uma forma de atrair os jovens que gostam de dançar, para a igreja”.
A responsável de incluir o funk nos cultos evangélicos é uma jovem estudante de 19 anos, Thais Breder, evangélica de nascimento, populariza músicas conhecidas secularmente em versões gospel, como o “Bonde da Unção”, uma versão da música “Bonde do Tigrão”, cantada por Marinara, a policial evangélica:

“Só os pastores
Os intercessores
Os levitas
A igreja toda
Pula, sai do chão
É o Bonde da Unção.”


Segundo o pastor Cristiano Carvalho, do Projeto Vida Nova, em São João do Meriti: “os adolescentes que não viriam num culto, vem aos bailes e acabam gostando”.
Na Baixada Fluminense (Belford Roxo e São João do Meriti), os bailes funk evangélicos são freqüentes no final de semana, o “Bonde da Fé”, como chamam os freqüentadores, usando calça e camisas largas em vez de saia curta, decote ou calça colada e não terá batido bundinha nem rolado até o chão. O baile rola até mesmo dentro das dependências das Igrejas, segundo o Pastor Cristiano, com direito à luz estroboscópica e DJ, usando termos como “tchutchuca”, “a chapa ta quente”, “e nóis na fila”, “o bicho ta pegando” e “o barulho ta sinistro”.
Uma das músicas cantada por Kelly Krenty, DJ dos bailes Evangélicos Funks, cantora e compositora pertencente a Igreja Projeto Vida Nova, na Baixada Fluminense, diz:
“Vou pregar o Evangelho
Para todas as criaturas.
Para os irmãos que estão na pista”
E para todas as tchutchuca
Tchutchuca, preste muita atenção
Jesus é o caminho
Ele é a salvação”.

Analisei este método de crescimento da igreja (evangelização) sobre a ótica de três princípios:

1. Princípio Missiológico da Evangelização
Não pregamos uma proclamação estéril do evangelho, entretanto devemos entender que a ação missionária não deve ser definida em termos de resultados numéricos, visíveis e contábeis apenas. Creio que a fidelidade transpõe os resultados numa perspectiva de prioridade missionária em um contexto neotestamentário.
Entendemos a necessidade de inculturação, evitando-se todo e qualquer resquício de sincretismo religioso ou ambigüidade quanto aos lugares, objetos de culto, vestes litúrgicas, gestos, leituras e cantos bíblicos. A partir destes princípios missionários será possível passar facilmente às conseqüências práticas: a obra missionária, as Igrejas locais, os missionários e pastores, a organização da atividade evangelizadora e a cooperação mútua. Acentua-se a natureza missionária de toda a Igreja local, descobrindo as implicações da Encarnação de Cristo como princípio missiológico.

2. Princípio Teológico da Evangelização
Por conta disso, eu tenho observado que a religiosidade pregada e vivida por muitas igrejas evangélicas, tem evidenciado por demais a experiência com Deus; mas suas conseqüências só estão gerando prazer estético e sensação de domínio do sobrenatural. E esta evangelização foge muito dos princípios basilares da experiência de Deus realizada pelos cristãos das primeiras comunidades de Fé, que possuía dentre outros elementos a pertinência de:
1. Gerar verdadeiros discípulos para a unidade, comunhão e missão da Igreja;
2. Incentivar a implicância ética e religiosa na vivência cotidiana (como força monérgica de propagação dos valores evangélicos experimentados em vida).
3. Transformar a historia humana (com seus fracassos, lutas e conquistas ) em história de salvação, onde Deus se faz próximo da humanidade como um Deus que cria, salva e santifica o seu povo por Amor;
Evangelho, quando prega um cristianismo barato é inerte sob três alicerces:
1. Legitima o sucesso e o “lucro espiritual” para os convertidos;
2. Tenta resgatar um conceito falso de nobreza da vida humana, quando nega a possibilidade do sofrimento para o crente no seu processo de santificação;
3. Transforma falsamente a existência pecaminosa e decaída do convertido, quando afirma veementemente que sua salvação está garantida pela confissão da Fé;
Creio que o Evangelho não é produto ou grife, mas deveria ser entre nós uma notícia alvissareira e crítica do nosso tempo. Não podemos escravizá-lo ás regras do mercado. Nesta linha de pensamento, acredito que as concessões mágicas feitas por alguns seguimentos evangélicos ás massas desafortunadas, não constituem-se em meras concessões do poder e domínio sobre Deus, mas essas seguem cada vez mais uma dinâmica empresarial, ditada pela férrea lógica do mercado da fé, que pressiona os diferentes concorrentes religiosos a acirrarem seu ativismo e a tornarem mais eficazes suas ações e estratégias evangelísticas ás custas das palavras e Obras de Jesus.

3. Princípio Teleológico da Evangelização
Mesmo a noção de evangelização de modelos históricos não questiona o direcionamento teleológico das práticas desenvolvimentistas cristãs, a evangelização como fim em si mesma. Isso implica que as igrejas locais incorporam ou adaptam tecnologias modernas, enquanto deixam intactos os aparatos da modernização.
Tal posição nos diz pouco sobre como práticas desenvolvimentistas podem ser transformadas através de aplicações em diferentes locais e através da história. Neste sentido, a vida moral possui um essencial carácter teleológico, visto que consiste na ordenação deliberada dos atos humanos para Deus, sumo bem e fim (telos) último do homem. Comprova-o, mais uma vez, a pergunta do jovem a Jesus: “Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?”. Mas esta ordenação ao fim último não é uma dimensão subjetivista, que depende só da intenção. Ela pressupõe que aqueles atos sejam em si próprios ordenáveis a um tal fim, enquanto conformes ao autêntico bem moral do homem, tutelado pelos mandamentos. É o que lembra Jesus na resposta ao jovem: “Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos” (Mt 19: 17).

Conclusão
Todas estas questões mostram um contexto que não é mais caracterizado por identidades estáveis e visões de mundo compactas. Pressupõe-se uma diversificação que suscita exigências e buscas heterogêneas. Do ponto de vista da missão, por parte das Igrejas locais, a questão reflete-se nos métodos e nos conteúdos. Como tornar a mensagem de Jesus significativa e como torná-la uma proposta para o "ser urbano"?
Soli Deo Gloria

* Ashbell Simonton Rédua, é Pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai (Niterói-RJ) e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB

03 maio 2006

A GREVE DE FOME DE ANTONNY GAROTINHO E A IGREJA

Desobediência civil, greves, protestos e manifestações têm-se tornado práticas cada vez mais aceitas no cotidiano. Seria esse o modo de conseguir algum resultado?
O jejum ajuda-nos a manter o nosso equilíbrio na vida. Quão facilmente começamos a permitir que coisas não essenciais adquiram precedência em nossas vidas.
Acontece que jejum é um exercício espiritual e que a greve de fome é um gesto destinado a despertar o povo, um exercício social. É quase a única maneira que um povo tem de mostrar a sua presença e de pressionar os poderosos. Todos os canais institucionais estão fechados. Para lembrar a sua existência aos poderosos os pobres precisam de sinais fortes. Sem esses sinais o medo é sempre mais forte.
A greve de fome é o último recurso quando não há mais recursos. Quem faz a greve de fome não tira a sua vida, mas pressiona os poderes; cria um risco, mas esse risco existe em outras situações humanas.
Não se aplica o princípio de que o fim não justifica os meios. O meio não é a morte como se a morte fosse o meio de conquistar o fim. O meio é a pressão moral que exerce aquele que faz a greve de fome. Essa pressão moral é um risco.
Como conciliar essas posição de Antonny Garotinho com os princípios Bíblicos e com a ética Evangélica Brasileira?
A ação de uma pessoa inserida num contexto de luta é capaz, apesar da situação politicamente desvantajosa, de alterar este contexto.
A atitude cristã de oferecer a vida em nome da vida, praticada pelo Pré-presidencialista Garotinho na greve de fome, contrária inclusive os preceitos cristãos, enfraquecendo o princípio ético-político.
A divisão entre os seus correligionários e amigos contra e a favor da greve, expressando a divisão entre os propósitos do candidato e o seu próprio partido político.
Igreja Evangélica Brasileira tornou-se, mais uma vez, a teia de relações da sociedade civil por onde se recompôs a política.
Temos de pensar nisto: o Brasil ainda é um país cristão e nossa democracia é formal.
De fato, a batalha pela opinião pública começou agora: a política, desde que não restrita à sua esfera institucionalizada, "é como água, sempre haverá de encontrar caminho para escoar".