O ÚLTIMO INSTANTE
Meditação: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” João 11:25
O homem é um ser ansioso, e a ansiedade tem surgido na nossa vida com o nascimento, alguns antes mesmo. A ansiedade é mãe da impaciência, essa grande força impulsionadora da modernidade que se manifesta no desejo de querer tudo imediatamente, sem refletir sobre as conseqüências.
A nossa impaciência acabam por tornar-nos imaturos, esta imaturidade se concretiza no fato de não termos paciência de suportar as adversidades, a contrariedade à sua vontade. Devemos entender que tudo o que se transforma em êxito é produto da paciência. Até o próprio talento tem muito a ver com esta virtude.
Quem tem paciência para esperar o último instante é capaz de grandes realizações.
Houve um dia na vida de Jesus quando, olhando adiante, Ele só conseguia ver coisas absurdas, como a agônia do Getsêmani, a depressão, a agonia, o encaramujar da alma, a vertiginosa descida à região mais abissal, o choro, o gemido, a solidão profunda.
O último instante de Jesus poderia ter sido o dia no qual Judas Iscariotes, discípulo, apóstolo, amigo amado, o troca pôr dinheiro. Judas que fora investido de autoridade, aquele a quem se descortina o reino de Deus, a quem é permitido sonhar com os que sonham na intervenção de Deus na História. Alguém aquinhoado com poder divino para realizar curas, prodígios, expulsãoa de demônios. Aquele que vivenciara realidades concretas da chegado e da demonstração do Reino de Deus. É justamente ele que, em função de um bom negócio, trai à amizade. É esse Judas que beija e apunhala. É ele que dá um susto, não um susto no coração de quem não sabia o que ocorreria, mas um susto naquele, que mesmo ciente do que iria suceder, reserva-se, ainda assim o direito de enfrentar cada instante da vida com seus temores, sonhos e ambiqüidades.
O último instante de Jesus poderia ter sido o dia em que a religião judaíca o acusa de herético, religião segundo o qual foi criado, na qual aprendeu a ler, sendo instruído desde a mais tenra idade, após o julgamento, o acusa de herético, não recebem sua mensagem, rejeitam sua proposta, considera-O demoníaco, expurgando-o.
O último instante de Jesus poderia ter sido o dia da preterição, da troca: “Que preferes a Jesus chamado Cristo, ou ao ladrão?” Seria o dia na qual o poder público faria opção pelo corrupto, em vez do justo. Seria o dia na qual os sistemas e a máquina governamental, pôr questões políticas, entregariam o inocente para ser condenado e libertariam com todas as condições de libertação e seus privilégios - o assassino.
O último instante de Jesus poderia ter sido a crucificação, dia da agressão física, agressão moral, dia de ser humilhado, maltrado, torturado, transpassado, objetivado.
Qual seria a sua atitude do último momento, o último instante? O que você faria se soubesse que no último instante da sua vida se soubesse que o que o aguarda é: a depressão, a facada, a traição, o agravo, a perfídia, a barganha, o julgamento, desprezo, a rejeição. O que você faria se seu último instante você perdesse o emprego, ou lhe roubassem a posição em favor do amior corrupto, se a sua família desistruturasse, houvesse separação conjugal, ou fosse o dia no qual seu marido chegasse bêbado em casa, e tomado pelo machísmo arrebentasse seus rosto, esmurrasse-a, atirasse-a ao chão, enchendo-a de hamatomas, ferindo-lhe os ouvidos com palavrões e impropérios. O que você faria, se amanhá ao entrar no táxi, fosse vítima de um ato sádico, de um assédio sexual.
Mas Cristo ao qual me refiro conhecia o futuro. O último momento de Jesus era o momento de ser Ele partido, rasgado, moído, ultrajado, usado. No entanto, Ele canta um hino! Era justamente o hino que o judeu cantava na Pascóa, o Salmo 115, que afirmava o amparo de Deus. - Rm 8: 28. Jesus cantou antes da agonia, cantou louvores no gemido.
Será que os gestos, jeitos, modos, palavras e tudo mais que a vida nos negou, não estariama gerando em nosso ser uma alma: desértica, um coração duro, frio, incapaz do amor, da dádiva, da troca, do sossego e da paz? Será que os fatos e as ocorrências do último instante estão gerando em nós a idéia de que Deus tem o braço encolhido? Que Deus é um Deus impotente, inoperante e alienado, um Deus-ídolo? Ou será que, pôr sua graça, seremos capazes de enfrentar o que vier, chorando e gemendo com louvor, com gratidão, na certeza de que aquilo que doí em nós, magoa e fere fundo, aquilo que nos embaraça e tonteia pelo impacto, revela que haverá finalmente a direção do único Pai - o único Amigo - e a única e certa vitória.
O último instante de Cristo foi à ressurreição. Cristo canta a ressurreição. Ele canta a intervenção de Deus, celebra a vitória antes dela se concretizar.
Meu desejo é que de alguma forma, o Espírito do Senhor nos ajude a cantar um hino e sair para lutar! Sair para batalhar pela felicidade, alegria e independência a que temos direito. Sair, enfim, para viver a própria vida! Faça a vida à careta que fizer, use contra nós as armas que usar, empunhe em nossa direção as foices traiçoeiras e devastadoras que quiser.
Pois, apoiados ao muro da esperança, em Deus iremos de peito aberto contra todo choque e toda cilada, celebrando de antemão a vitória, a interferência e o amparo do Todo-Poderoso, em meio à agonia.
Está é a esperança da ressurreição de Jesus e também da nossa ressurreição. Lembre-se que o último instante é o momento da vitória, é o momento da ressurreição, tantos dos seus ideais como da sua própria vida.
Feliz Dia, regozimo-nos e alegremo-nos no Senhor!
PENSE: “Vencer uma dificuldade sempre nos dá uma alegria secreta, pois significa superar um limite e aumentar a nossa liberdade." Henri F. Amiel
ORE: Senhor! Ajuda-me a compreender os acontecimentos do último instante e esperar pacientemente pela vitória. Em nome de Jesus. Amém!
Com carinho!
Rev. Ashbell Simonton Rédua