23 setembro 2006

PRINCÍPIOS BÍBLICOS DO DÍZIMO


Rev. Ashbell Simonton Rédua
asredua@yahoo.com.br

O dízimo é um dos assuntos menos saborosos a um sem número de paladares. Todavia, é da vontade de Deus que ele seja proclamado entusiasticamente.
Muitas vezes, quer nos parecer que as exigências bíblicas são demasiadamente violentas para que as observemos, mas o exame dos fatos tem provado precisamente o contrário: Deus nos pede somente o razoável, que é possível.
É nossa convicção que Deus, sendo justo e perfeito, não é capaz de exigir o quer que seja de absurdo dos que o amam e o seguem. Disso temos prova sem conta.
Vivemos, é verdade, no período da Graça, iniciado com o advento de nosso Senhor Jesus Cristo. Na Graça, entretanto, há ordem, e até existe uma lei que não apenas regula esta matéria da contribuição para o sustento da causa, como todas as relações humanas, a lei do AMOR. Essa lei, cujo cumprimento é exigido de todos quanto estão na Graça, assim o dízimo e a preferência pelas ofertas voluntárias não pode ser relegada à plano inferior. Maior, mil vezes maior do que a lei é a Graça. Pôr isso mesmo, as manifestações desta terão que ser superiores às daquela. A lei manda andar uma milha, a Graça propõe andar duas milhas. A lei estende a mão ao amigo, a Graça constrange o amor pelos inimigos.
O dízimo é também um desafio à fé. Quem faz o desafio é Deus. E o faz prometendo abrir as janelas do céu e derramar bênçãos incontáveis, de tal maneira que se tornarão pequenos para contê-los os celeiros do servo fiel.
A idéia de que todo crente é obrigado a dizimar é grandemente nas igrejas evangélicas. A todo crente é ensinado o dever de dizimar.
O dízimo segue o princípio de voluntariedade, obrigatoriedade e proporcionalidade

1. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
Antes mesmo da Lei, podemos observar que o dízimo era tinha sido praticado de forma voluntária:
a) Em Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. 18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. 19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Há algumas considerações deste texto: Não existe ordenança ou evidência de que dizimar foi ordenado por Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer que o dízimo foi, completamente, uma decisão voluntária de Abraão.
Este também é o único texto nas Escrituras que menciona Abraão dizimando, portanto não temos nenhuma evidência de que dizimar era uma prática habitual e constante na vida do povo. No caso de Abraão, o dízimo proveio do despojo da sua vitória militar.
b) Em Gênesis 28:20-22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; 21 E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; 22 E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Este texto é uma resposta de Jacó ao voto que fez à Deus. Se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus o dízimo. Tudo indica que houve liberalidade e voluntariedade da parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar depois que Deus cumpriu a promessa que lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar por 20 anos.


2. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE VOLUNTÁRIA
Há uma espécie de evolução no entendimento bíblico do dízimo, porém apesar que na Lei, ele se torna obrigatório, contudo não perde o seu caráter de voluntariedade. É obrigatório, mas é livre, é voluntário. Vejamos:

1º) Dízimo para o sustento dos Levitas - Em Levítico 27:30-33: "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados."
O dízimo é descrito neste texto como parte do produto da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado, e do rebanho. Cada ano, depois da colheita, os israelitas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas colheitas e do aumento do rebanho
Em Números 18:21-24: E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.
Neste texto o dízimo tem o caráter e o propósito bem definido no seu planejamento: ser o sustento dos levitas. Haja vista que estes não tinham herança na Terra Prometida, tal como a tinham as outras tribos, Deus fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras famílias de Israel. Por isso este princípio da obrigatoriedade é tão importante, e nisto podemos ver claramente registrado em Números 18:31: "E o comereis em todo o lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação." O dízimo foi a recompensa de Deus para suprir as necessidades materiais dos levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Senão houvesse a obrigatoriedade não haveria sustento na casa do Senhor.

2º) Dízimos para as Festividades Religiosas - Em Deuteronômio 14:22-27: Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.
Ao compararmos este texto com o de Números 18:21 observaremos que há um desdobramento orçamentário no período da Lei para a utilização dos dízimos: o primeiro destinado ao sustento dos Levitas como já exposto acima; o segundo destinado as festas religiosas de Israel. Então este texto provê uma outra obrigatoriedade provinda do dízimo para ser usado nas festas religiosos de Israel, "O Dízimo para o Festival". O povo de Israel devia usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém, o local que Ele escolheu para estabelecer Seu nome. O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Este "Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de Israel ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.

3º) Destinados aos cuidados dos Pobres - Deuteronômio 14:28-29: Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.
Aqui, somos ensinados mais um aspecto deste princípio de obrigatoriedade do dízimo que é coletado a cada três anos Este dízimo devia ser ajuntado nas aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei, o povo era responsabilizado por prover sustento, festividades e ação social.
Apesar que alguns textos sagrados evidencia mais a questão da obrigatoriedade, e compreensível nesta obrigatoriedade as exigências da Lei, como por exemplo em Neemias 12:44: Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali.
Com o relaxamento da voluntariedade, temos que entender que a situação exigiu os rigores da Lei, neste período da História de Israel, o dízimo perde a sua voluntariedade, sendo agora algo exigente, determinante na vida do povo como conseqüência do pecado da desobediência..
Estes dízimos já não eram voluntários como o foi nas vidas de Abraão, Jacó e dos primódios isrealitas. EmHebreus 7:5, lemos "E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão." O dízimo perde o seu caráter de voluntariedade, existindo apenas a obrigatoriedade do cumprimento da Lei. Dízimo agora é Lei..
Apóstolo Paulo na 2ª Carta aos Cor. 9:7, escreve o seguinte: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não pôr tristeza ou pôr necessidade, porque Deus ama ao que dá com alegria.” No ato de decisão, a opção a favor do dízimo ou das ofertas não depende, exclusivamente, daquele que decide, segundo a sua vontade soberana? Logo, todos os dizimistas o são voluntariamente e livremente, sem qualquer pressão coercitiva. Assim fez Jacó, na visão de Betel. Deus não exigiu coisa alguma dela. No entanto, ele deliberou ser dizimista pôr sua própria vontade. Foi um ato de incontestável voluntariedade, de acordo com o seu coração liberal, em plenitude de amor e gratidão ao seu Senhor.
Israel ao dizimar além da obrigatoriedade, havia a voluntariedade e suprir as necessidades espirituais e materiais da Casa do Senhor, das Festas ante o Senhor e do auxílio ao pobre, a viúva, ao órfão e ao estrangeiro. O texto de Malaquias 3:8-12, define o dízimo como algo tão contundente no relacionamento com o Senhor Deus,. O texto relaciona de modo claro e objetivo a base do dízimo (finalidade, o propósito), a promessa e as exigências. Lembro ao leitor, que toda promessa exige deveres com base na aliança que Deus faz conosco. A base do dízimo está na Aliança, isto é, a Aliança do Senhor é o fundamento do prática do dízimo, e nesta prática quando cumprimos as exigências. Deus promete abençoar-nos. Veja as promessas relacionadas pelo texto:a) abrirei janelas”: b) “derramarei bênçãos”; c) “Repreenderei o devorador”; d) “Não haverá esterilidade no campo”; e, e) “Serão chamados bem-aventurados”.
Esta obrigatoriedade é bem latente no Novo Testamento, apesar de que muitos não-dizimistas utilizam da argumentação de que o Novo Testamento não se pronunciou como algo obrigatório, evoco aqui o princípio da obrigatoriedade e voluntariedade, de forma bem simples para compreensão do leitor. Vejamos alguns textos neotestamentário:
Em Mateus 23.23: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas“. Neste texto o Senhor Jesus Cristo reafirma os princípios da voluntariedade e obrigatoriedade do dízimo, reafirmando sua necessidade, bem como denuncia a sua prática como demonstração de devoção exterior, isto porque não observando a base, a promessa e a exigência do dízimo, os fariseus substituíram os valores do reino, como a misericórdia, fé e justiça, pelo dízimo.
Em Hebreus 7. 1-10: Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da matança dos reis, e o abençoou, a quem também Abraão separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dentre os melhores despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que estes também tenham saído dos lombos de Abraão; mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou ao que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos, porquanto ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.“
“Eis as lições desse texto:
a) O Pai da fé deu dízimo de tudo - v. 2;
b) O pai da fé deu o dízimo do melhor - v. 4;
c) A entrega dos dízimos se deu não por pressão da lei, uma vez que o povo israelita ainda não existia e, portanto, muito menos a lei judaica - v. 6;
d) Hebreus nos faz perceber e reconhecer a superioridade do valor do dízimo que é dado a Cristo (imortal) em relação ao dado aos sacerdotes (mortais) - v.
8; e) O autor destaca que os que administram os dízimos também devem ser dizimistas - v. 9.”
[1]
No Novo Testamento podemos notar os mesmos propósitos do Antigo Testamento: Suprir, festejar e ajudar(ação social).. Paulo escrevendo aos Coríntios, defende o suprimento financeiro dos ministros do evangelho, e, a base de sua argumentação são os textos do Antigo Testamento se referem aos dízimos que supriam os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo o apóstolo:
1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).
2) Suprir os ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), (Nm 18).
3) No versículo 13, o texto traz uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o suprimento dos ministros da igreja, com base no mesmo princípio nos quais foram supridos os sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido por Deus através dos dízimos (Nm 18:20-26).
4) Paulo direciona o direito natural dos sacerdotes e levitas aplicando-o também aos ministros do evangelho (vv. 10, 12 e 14).
Este é o plano de Deus para suprir as necessidades da Igreja na manutenção dos ministros de Deus, evangelistas e missionários, o dízimo. Assim foi durante a teocracia em Israel, também a manutenção do sacerdotes do Templo de Jerusalém, na época neotestamentaria e foi defendida pelo Apóstolo Paulo utilizando os mesmos princípios do Antigo Testamento. Haja vista que as Escrituras Sagradas não apresenta nenhum outro método de suprir as necessidades dos ministros do Evangelho, é lógico concluirmos que esse é um plano divino para suprir as necessidades da Igreja hoje também. Qualquer outro método assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano de Deus.
O segundo propósito também é evidente no Novo testamento, as celebrações (festividades). Na Igreja Neotestamentária, as pessoas integram-se à comunidade cristã através de cerimônias de batismo e profissão de fé. Os cristãos se reúnem para o culto regular principalmente aos domingos. O culto consiste em vários rituais litúrgicos, tais como: orações, hinos, cânticos espirituais, leitura das Escrituras e sermões. O principal ritual é a celebração da Ceia, que consitia numa verdadeira refeição. Em I Cor 11: 20 “De sorte que quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor”. Atos 20:7 “No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão...”. A igreja se reunia para a Ceia do Senhor regularmente, e eles se reuniam para tomá-la.no primeiro dia da semana (Atos 2:42; Hebreus 10:25; 1 Coríntios 11:17,18,20), que também era o dia dedicado ao dízimo e as ofertasª. I Cor. 16:2, o Apóstolo Paulo faz esta recomendação: “No primeiro dia da semana, cada de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar...” .
O propósito do dízimo, cuidar dos pobres, das viúvas, dos órfãos e estrangeiros, foi uma das preocupações da Igreja Neotestamentária.. “Em casos de necessidade, tal como aquela causada por severa fome na Judéia, as igrejas pobres receberam assistência financeira das congregações mais prósperas de outros lugares (Atos 11:27-30). É por isso que Paulo enviou instruções à igreja Coríntia (também mencionadas em Romanos 15:25-32) sobre as doações para ajudar os irmãos pobres de Jerusalém (1 Coríntios 16:1-4; 2 Coríntios 8).”
[2] Textos como de Atos 2:32-47 e outros, nos ajudam a entender esta preocupação com os pobres e necessitados de assistência, o qual só seria possível com a fidelidade nos dízimos.
Bem, o Novo Testamento não excluiu o dízimo, mas reafirmou utilizando dos mesmos princípios do Antigo Testamento.

3. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE METÓDICA
Para que possamos compreender este princípio, primeiro precisamos entender o que seja metodicidade, que é a base do princípio da proporcionalidade, isto é, a proporcionalidade depende da metodicidade. Na 1ª Carta aos Cor. 16:2, o Apóstolo Paulo faz esta recomendação: “No primeiro dia da semana, cada de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar”. Note-se bem a primeira parte deste texto Sagrado. “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar”.
Como se pode ver, de acordo com os preceitos do Novo Testamento, o dízimo também tem de ser metódico. Ninguém pode fugir a este princípio bíblico, porque ele também é fundamentado na Nova Aliança. E não pode haver um processo mais prático e mais metódico do que o dízimo. Em primeiro lugar, notemos que Paulo determina o primeiro dia da semana - como o dia próprio para apresentação das contribuições. Em segundo lugar, o texto ensina que a contribuição é individual, e que deve ser posta à parte, na Igreja. Logo não se trata de coletas levantadas nas reuniões públicas em que os crentes colocam nas bandejas ou sacolas, quando encontram alguns níqueis na carteira, como se Deus lhes estivesse pedindo esmolas! Ainda Paulo afirma o dízimo deve-se processar de forma metódica e racional, não com desleixo e abandono.:
a. "no primeiro dia da semana",
b. "cada um de vós ponha de parte",
c. "o que puder ajuntar".
Como podemos observar, tudo obedece a um plano estabelecido por Deus. É um sistema perfeito em que há método e ordem. Paulo diz:: “Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade”, isto é, proporcional à sua renda.
Segundo Solano Portela “Registros antigos, na Palavra de Deus, que antecedem a Lei Cerimonial e Judicial do Povo Judeu, mostram que dar dez por cento das posses, ou seja, o dízimo, era uma prática religiosa abraçada pelas pessoas tementes a Deus, como forma de adoração e reconhecimento de que nossos bens procedem da boa vontade de Deus. Nesse sentido, Abraão, quando deu o dízimo ao sacerdote do Deus altíssimo - Melquizedeque (Gênesis 14.18-20), estava exatamente dando extensão à sua compreensão de mordomia, demonstrando reconhecimento a Deus pelas bênçãos recebidas nesta vida. Assim, simbolicamente, testemunhava que tudo era de Deus.
Essa foi também a compreensão de Jacó (Gn 28.20-22) quando faz um voto a Deus. Ali, lemos: "Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus, então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo". Dentre os muitos textos encontrados na Bíblia sobre contribuições e, mais especificamente sobre o dízimo, este entrelaça o conceito de bênçãos materiais advindas de Deus, com o reconhecimento da oferta proporcional como adoração e expressão da nossa mordomia. Jacó estava em uma jornada, comissionado por seu pai, Isaque, para encontrar uma esposa (28.1,2). Após haver sonhado (28.10-15) com a presença de Deus, no qual ele lhe promete proteção, acompanhamento e a formação de uma descendência, Jacó se atemoriza (28.16) e ergue um memorial a Deus (28.18-19).
O ensinamento é, mais uma vez muito claro. É óbvio que Paulo espera uma contribuição sistemática, pois ele diz que ela deveria ser realizada aos domingos (no primeiro dia da semana), que é quando os cristãos se reuniam. O trecho é muito rico em instrução, demonstrando até a propriedade de reunião e culto aos domingos, contra até alguns setores do neo-pentecostalismo contemporâneo, que insistem que deve-se continuar guardando o sábado, o sétimo dia da semana.
Mas o ponto que chama a nossa atenção, é o fato de que Paulo ensina que a contribuição deve ser conforme Deus permitir que se prospere, ou seja, conforme os ganhos de cada um. Essa é a grande forma eqüitativa apontada por Deus: as contribuições devem ser proporcionais, ou seja um percentual dos ganhos. Assim, todos contribuem igualmente, não em valor, mas em percentual.
Verificamos que é possível se inventar um percentual qualquer. Talvez isso fosse possível se nunca tivéssemos tido acesso ao restante da Bíblia, mas o percentual que o próprio Deus confirmou e registrou: dez por cento dos ganhos individuais, é por demais conhecido! Isso parece satisfatório e óbvio. Não é preciso se sair procurando por outro meio e forma de contribuição. Se isso for feito, pode-se até dizer, "eu contribuo sistematicamente com o percentual que eu escolhi", mas nunca será possível dizer que isso é feito em paridade e justiça com as outras pessoas. Quem vai garantir que o percentual do outro é igual ao meu? Essa aleatoriedade destruiria o próprio ensinamento da proporcionalidade que Deus ensina através de Paulo. A grande pergunta que tem que ser respondida é essa: "Se Deus já estabeleceu, no passado, uma forma de porporcionalidade, “
[3]

CONCLUSÃO:

Ser dizimista não é somente uma oportunidade de mostrar a nossa fidelidade e compromisso para com Deus, mas também é um princípio de Louvor e Adoração. Dele provém exigências que cumpridas proporcionarão ao homem bênçãos oriundas das promessas divinas. Se praticarmos este ensinamento, de forma correta, festejando com a família, amparando os necessitados e sustentando a Igreja com a parte que lhe cabe, o número de dizimistas vai quadruplicar e a velha rejeição, da sociedade brasileira às igrejas protestantes, vai desaparecer. A verdade, ainda que complexa, deve ser esclarecida e praticada sempre e sempre, só ela produz resultados realmente positivos e engrandece o Reino de Deus desenvolvendo toda a sociedade.
Soli Deo Gloria
Rev. Simonton
Notas:
[1] Lopes, Hernandes Dias. As razões dos não-dizimistas http://www.hernandesdiaslopes.com.br/index.php?area=sermoes&acao=ler&article=27, acessado em 22.09.2006

[2] Allan, Dennis. A Bíblia fala sobre Igreja e dinheiro. http://www.melodia.com.br/pages/dinamico.php?id_canal=8&id_texto=1257&acao=materia, acessado em 22.09.2006
[3] Portela, Solano. Mordomia. http://www.solanoportela.net/artigos/mordomia.htm, acessado em 22.09.2006
*Rev. Ashbell Simonton Rédua, é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai, em Niterói-RJ. Vindo a Niterói,RJ, visite a Igreja Presbiteriana do Sinai
Blog: revsimonton.blogspot.com

2 comentários:

Presb. Otavio disse...

Meu irmão em Cristo, gostei muito da explicação sobre o dízimo, um assunto necessário, mas de pouca profundidade nas igrejas, salvo nas igrejas onde o dízimo é usado como barganha,aliás, muito comentado, mas de nenhuma profundidade,fora isto, está tão difícil manter um membro na igreja, que até assuntos como este, mostrando a real relação entre o dízimo, o dizimista, a Igreja e Deus.
Obs.: Estou linkando o seu Blog ao da Igreja. Fique na Paz.

Unknown disse...

Estou de passagem!!! graça e paz amado
Caríssimo Reverendo...
SIMONTON
Gostei muito da alicerçada explanação sobre o DÍZIMO. Mesmo sendo eu um Ministro do Evangelho do N. Senhor Jesus Cristo, Ele, o eterno Príncipe dos pastores, permitiu-me, não ser contrário ao STATUS DA REVELAÇÃO BÍBLICA, quanto ao ensino do dízimo na DISPENSAÇÃO DA LEI. Apenas, repasso a esse Ministro do Senhor acreditar, que, nenhum OBREIRO, quer de linha pentecostal ou tradicional, inclusive, Educandários religiosos, Seminários e estudos particulares nas igrejas, poder ou achar que pode transferir da Velha Aliança, um PACTO DIRETO DE DEUS COM ISRAEL, para cooperar com a decendência LEVITICA, e ainda tido aquele PACTO, um cunho moral e jurídico, quando Deus os deu como HERANÇA àquela tribo.
Fiz esta observação não pra confrontá-lo, aproveito para elogiar vossa inteligência, desejando que observe o meu parecer, com base na "SOLA SCRIPTURA". Se o AMOR, é a razão de nossa competência cristã, creio eu, "A LIBERALIDADE DEFENDIDA PELO APOSTOLO PAULO" nos motivará as contribuições voluntárias, sem o empréstimo e plágio dos requerimentos da VELHA LEI.
E o pior Rvdo. É basear tais ensinos sobre dízimo, reivindicando com a mensagem de Malaquias 3.7-10???, e até, amaldiçoando àqueles que foram abençoados pela redenção, os que não se obrigam a depositar, no tesouro da Entidade a que pertencem. Logo, reconheço não ter a autoridade suficiente para impetrar requerimentos nesse sentido, ainda que reconheça a minha fé, me permitir viver nesta GRAÇA, sem a auspiciosa acolhida de plagiar regulantos do moisaicismo. COM MEU ABRAÇO REVERENDO.