Impossível voltar no tempo sem visualizar o antigo prédio do Seminário Presbiteriano do Norte, ali na Madalena, bairro da cidade de Recife, mantido pela Igreja Presbiteriana do Brasil, onde me bacharelei. À entrada do portão principal vislumbrava aquele prédio construído com muito esforço e vontade dos antecessores dessa casa de profeta. Caminhando em direção a construção principal, passo pela quadra esportiva. Lugar onde travamos grandes lutas campeonato das salas, não sei porque mas sempre quem ganhava as competições era a turma do 4º ano, com isto também cheguei a ser campeão, um time bem ajustado, com sangue de campeão, duas vezes campeão, primeiro pela chegada da formatura (04/12/89), segundo pelo união da equipe em quadra. Aquela turma é inesquecível, 33 (trinta e três) pastores, bons pregadores e grandes missionários (Alfredo, Ronaldo Lindório, José Airton, Pádua, Paulo Roberto, Paulo Epifânio, Petrônio, Fábio, etc.) Lembro-me dos momentos que assistindo uma partida ou outra conversava com o Rev. Augustus Nicodemus, professor e diretor daquela casa, sobre a História e Geografia Bíblica do Antigo Testamento. Rev. Oton Dourado, professor de Homilética e História da Igreja Presbiteriana do Brasil, a Ética e Teologia Sistemática ensinada pelo Rev. Edjece Martins, meu tutor e pastor, bem como as aulas de Grego e Exegese de Romanos ensinadas pelo Rev. Francisco Leonardo (Chiguinho), o melhor na área visto por mim. A biblioteca separada da parte administrativa da Instituição. Um lance de escada nos leva ao lugar preferido daquele prédio, quadrangular, com bancos pequenos, e de cuja janela alcançamos com o olhar as salas de aula, com suas portas baixas e estreitas, dotadas de uma folha. Agora, sim, recarregada a imagem fugidia do passado, posso me recordar dessa fase tão significativa na minha vida. Cheguei ao Seminário Presbiteriano do Norte convicto de que aquele era o curso de graduação correspondente à minha vocação. Em Mantena,MG, iniciei o curso ginasial, mas era péssimo em português, Inglês e Química. Num teste vocacional, um professor informou à minha mãe que eu não poderia exercer nada que envolvesse aquelas matérias. Seria, porém, um craque em outras, como o Direito, filosofia e outros cursos das Ciências Humanas. Aceito o conselho, rumo a São João del-Rei,MG, onde cursei o científico, recebendo o chamado do Senhor para o Ministério, nesse intervir, casei e nos três primeiros anos de casamento, tivemos dois filhos, já estava no Exército, senti frustrado, mas aguardando a direção do Senhor. Eis-me aqui, em frente ao Seminário, aspirante pela Igreja Presbiteriana de Afogados, hoje Largo da Paz, analizado por aquele Conselho e encaminhado ao Presbitério de Pernambuco que sendo aprovado foi enviado ao SPN. Vencido o vestibular, estava pronto para “pagar o preço” da conquista do meu sonho, ou seja, enfrentar – se possível, com alegria – os sacrifícios representados pela pouca assistência da família e por uma rígida disciplina de vida. A opção não foi fácil. Em Recife, além de estudar, gostava de jogar futebol, tendo chegado a integrar as equipes de Futebol de Salão do Exército, chegando a 3ª lugar no campeonato da cidade, inclusive recebendo convite para ser profissional no Sete de Setembro, da 1ª divisão do campeonato Pernambucano. Uma tentação. Escolhi, entretanto, estudar Teologia. Ao abrir a porta da sala do 1º período do Seminário, a primeira providência, foi escrever na contra-capa do meu caderno: Serei Pastor. Teria, assim, dia após dia, à minha frente, a meta a ser perseguida. Dessa forma, ganhava sentido toda programação a ser realizada dali por diante. Conquistar um ideal, eu intuía, é fazer uma opção de vida. E, para fazê-la, era preciso estar consciente e confiante de que teria uma vida inteira para viver e, principalmente, de que viver é construir alguma coisa. Identifiquei logo as disciplinas mais exigidas para o curso que faria. Sem abandonar as demais, impus-me aproveitamento maior naquelas e, assim pensando, organizei um cronograma de atividades de estudo e leitura que me tomavam a semana toda: de domingo a domingo. Fui objeto de caçoada dos meus colegas, os quais diziam que eu ficaria louco de tanto estudar, que estava perdendo a vida estudando nas madrugadas de sábado, quando todos iam para as praias tão comuns na história acadêmica, como se fosse uma higiene mental. Aprendi com o Rev. Francisco Leonardo, que para descansar a mente deveria ler os livros de Nárnia, li todos os sete livros durante o seminário, alguns por mais de uma vez. Não me arrependo nem mesmo de ter submetido meu casamento às exigências de meu estudo. Deu tempo para realizar todos os meus sonhos profissionais e pessoais, sonhos esses que me ocupam e me encantam ainda hoje. Como de hábito, sem descuidar dos demais ramos do Teologia, aceitando o conselho de um velho Professor de Sociologia, amigo, o Rev. Edijece Martins do qual jamais me esqueci: “Só a especialização conduz ao sucesso”.
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