Estaremos comemorando no próximo dia 31, 489 anos de Reforma Protestante. A Reforma não foi uma inovação, ao contrário, a igreja por tanto inovar, buscar novas formas de culto, nos princípios litúrgicos, na soteriologia, na eclesiologia, na Interpretação Bíblica, na ordenação, estava produzindo o distanciamento do cristianismo bíblico, puro e simples. A apostasia tomou conta da Igreja, e as heresias sucumbiram a verdade das Escrituras Sagradas.
A Reforma nada mais é do que retorno.
- Retorno a Palavra de Deus, a Bíblia não é apenas uma fonte da revelação de Deus ao homem, mas a única regra de fé e prática (Sola Scriptura).
- Retorno a Cristo, existe um único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Ele é o único Salvador e Senhor e não há salvação em nenhum outro nome (Solo Christos).
- Retorno a Graça, “pela graça sois salvos”. A graça é um dom imerecido de Deus. Somos escolhidos por Deus para a salvação não por causa dos nossos méritos, mas por causa dos méritos do Senhor Jesus Cristo (Sola Gratia).
- Retorno a fé, a justificação é somente pela fé, independente das obras da lei. A base da salvação não é o esforço humano, mas o sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, (Sola Fide).
- Retorno a Deus, toda a glória somente à Deus. Deus não reparte a sua glória com ninguém, (Soli Deo Gloria).
Não podemos esquercer de um princípio importante para nós hoje como Igreja Reformada: “Ecclesia reformata et semper reformanda est” (Igreja Reformada sempre se Reformando). É tempo de reforma, é tempo de retorno, neste século quando algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico, negando a essência da fé, outros estão direcionando para o misticismo sincrético, praticando novidades tão estranhas as Escrituras Sagradas, adotando um outro evangelho, caindo no pragmatismo, querendo sucesso a todo o custo. Líderes seduzidos pela riqueza e glória pessoal. A Bíblia como regra de fé e prática, pura e simples tão enfatizada pelos reformadores, deu hoje o lugar a um evangelho eclético e sincretista, incorporando expressões e ensinos antibiblicos através dos ensinos e pregações proferidas em vários púlpitos de igrejas evangélicas. É fácil ouvir hoje uma ênfase muito grande de práticas, tais como: unção do riso, unção dos órgãos genitais para salvar o casamento, unção da galinha, unção da lagartixa, pessoas grudadas , com mãos e caras na parede, quebra de maldições hereditárias, mapeamento espiritual, revelações extrabíblicas, aura mística” em torno do número 12, oração forte, oração de poder, a visão celular que é uma espécie de panacéia para os males da Igreja, encostos, banhos de purificação, videntes evangélicos, profetas que cobram consultas espirituais, resultado pseudamente de “revelações do céu”.
Calvino, não utilizava instrumentos no Canto Congregacional, pois os instrumentos tem o poder de chamar para si a glória que pertence ao Senhor. Quando uma guitarra sola, uma bateria sobresai, neste momento deixamos de louvor e passa-se ao show. O Louvor transformou-se em apresentações, o grupo apresenta, o coral apresenta, a irmã ou o irmão apresenta, tudo glória humana. Vivemos um momento histórico em que os sentimentos pessoais justificam tudo, isto é hedonismo, “o amor é eterno enquanto dura”. Se eu gosto de um estilo, posso apresentá-lo a Deus, e Ele será obrigado a aceitá-lo. Se uma música ou letra me fazem sentir-me bem, então devo apresentá-los a Deus, porque me fazem feliz. Mas, se meu gosto e sentimentos não estão santificados, será que esta adoração me conduzira ao Senhor, ou apenas a mim mesmo? Afinal adoro e louvo a Deus ou a mim mesmo, meu gosto e meus sentimentos? Não será por isso que não se lê mais a Bíblia? Afinal ela não é uma leitura muito legal, não tenta ser popular nem agradar as pessoas.
Lutero pagou o preço, foi excomungado e condenado a morte. Para sobreviver viveu boa parte de sua vida escondido em um castelo. Somos salvos pela graça de Deus. Este é o evangelho de Jesus Cristo. Este é o evangelho da reforma. A igreja de hoje precisa buscar em Deus ousadia para defender e viver o evangelho tal que nos foi pregado no passado.
Igreja reformada sempre se reformando fala-nos do tradicionalismo criativo utiliza-se da tradição, não como autoridade final ou absoluta, mas como recurso importante colocado à nossa disposição pela providência de Deus, afim de nos ajudar a entender o que a Escritura está dizendo sobre quem é Deus, quem somos nós, o que é o mundo ao nosso redor, e o que fomos chamados para fazer aqui e agora. Precisamos descobrir a indispensabilidade do dogma sobre a igreja, os Reformadores sempre deram prioridade à verdade.
Ecclesia reformata et semper reformanda est.
Soli Deo Glória
Rev. Simonton