*Rev. Ashbell Simonton Rédua
Esta é um argumento que ouvimos quase que diariamente, estou fazendo a minha parte.
Conta-se que ocorreu um incêndio em uma floresta. Todos os animais se afastaram velozmente do foco do incêndio; mas um Beija-Flor vinha em sentido contrário, trazendo no bico uma gota d’água. Os que fugiam lhe perguntaram para que serviria aquela gota d’água... Ele respondeu que era para ajudar a apagar o fogo. Os outros acharam graça e tentaram mostrar ao Beija-Flor que aquilo era impossível, mas ele exclamou “apenas estou fazendo a minha parte!”.
Quando relaciono este tema a vida eclesiástica ou mesmo na vida social brasileira, sinto um ar de individualismo e indiferença com relação a tudo que podemos fazer com seriedade e não fazemos, apenas faço a minha parte.
A nossa vida eclesiástica é uma religião de individualismo, que, ajunta o maior número de seguidores, quando ajunta, nos quais cada um individualmente defende seu ponto de vista frente aos outros com discursos divorciados dos ensinos das Escrituras Sagradas, acendendo um vela para Deus e outra para o Diabo.
“Esta doutrina põe sua ênfase sobre as ações e vontades do indivíduo em detrimento do grupo. Nada mais verdadeiro do que o que ocorre com a sociedade moderna.
Do ponto de vista filosófico, o individualismo salienta a pessoa, valoriza o indivíduo, e o aponta como a realidade mais essencial de todas as coisas, aquilo que se deve, sobretudo, valorizar, mostrando que o indivíduo é o valor mais elevado.
Ainda nesta linha de abordagem filosófica, o individualismo como doutrina procura explicar os fenômenos de qualquer categoria, sejam eles históricos ou sociais, à partir de pressupostos que mostram ações deliberadas de indivíduos em busca de sua concretização. Assim, para seus seguidores, a sociedade deve ter como objetivo principal, senão único, promover o bem, a satisfação de cada indivíduo que a compõe.
A doutrina do individualismo se expandiu de tal forma que contaminou o cristianismo, gerando uma sub-cultura cristã individualista que prega o relacionamento do indivíduo com Deus, numa busca piedosa, devocional, quase monástica, como o caminho da realização. Ela descarta qualquer ênfase social do Evangelho; desvalorizando a dimensão comunitária como algo de valor que deva ser buscada pelos cristãos.”[1]
Tenho a impressão que quando alguém esta fazendo a minha parte, esta apenas indo a Igreja, participando de alguma atividade, seja ela coral ou um grupo musical, professor de EBD, pregação, canto, visitas, mas é apenas máscara do verdadeiro problema da irresponsabilidade cristã, falta de propósito. de viver o que realmente precisamos viver como Igreja do Senhor Jesus Cristo. “Tornamo-nos consumidores religiosos com todos os direitos que um consumidor tem. Ao invés de ser bênção, queremos receber bênçãos; usamos a igreja, a família e a sociedade para alimentar nossas ambições. Não somos mais agentes de transformação; viramos espectadores ingratos e exigentes. Ao invés de promover a prosperidade social, transformamo-nos em parasitas sociais, querendo cada vez mais e melhor para nós e não para os outros.”[2] Estou apenas fazendo a minha parte.
Essa forma de pensar nos empurra para o mundão porque a opção pessoal do estou fazer a minha parte, se incorpora do valor fundamental defendido pelo individualismo liberal, manifestando-se na sua máxima expressão ao transformar o fiel em consumidor. Ser fiel, de qualquer denominação religiosa, teria como princípio estar ligado a uma série de valores éticos, acreditar no sentido da vida, da felicidade, do além, na explicação última da existência humana, etc.. No mercado religioso, ao ser o fiel transformado em consumidor de bens religiosos, deixa de ser um crente ou fiel de uma instituição e de seus princípios, para se transformar num mero consumidor da religião, satisfazendo suas necessidades pessoais do tipo emocional, existencial ou econômico.
Estou fazendo a minha parte, estou fazendo o possível. Vou tentar ser um crente honesto, zeloso, dizimista e trabalhador para contribuir com a minha igreja.
Penso que não basta fazer a minha parte, ela não muda nada, não modifica a situação, não tem força contra as estruturas já estabelecidas.
Qual o poder de estou fazendo a minha parte contra o dono da Igreja, contra um grupo que açambarca em seu convívio a corrupção, a maledicência e as falcatruas que são desconhecidas pela Igreja e que são jogadas na mídia nacional. Não, ainda não temos forças e estruturas para lutar sozinhos, ser um “Rambo Religioso” capaz de resolver os problemas da igreja sozinho.
Preciso de comunhão que capacita-nos a estar em contato com Deus e com os homens. Comunhão que não está separada da vida; em vez disso, ela própria se traduz como a nossa própria vida. Sempre que não a seguimos ou que não nos submetamos a ela, ela para de fluir. Deste modo a comunhão entre nós e Deus é interrompida, e a comunhão entre nós e os santos também se vai. “É possível que você já tenha se perguntado sobre a relevância da fé em Deus, ou da Igreja para os dias de hoje, muitos continuam perguntando, dentro e fora do contexto cristão, e as respostas têm sido as mais variadas. Esta também é minha pergunta neste texto.
Estamos vivendo um momento repleto de possibilidades e riscos, onde começamos a fazer uma avaliação da nossa forma de ver e pensar o mundo. Este processo tem sido chamado de Pós-Modernidade, onde pouco a pouco vamos descobrindo que não estamos no controle de tudo, como imagina a mente moderna.”[3]
Não basta apenas fazer a minha parte!...
Soli Deo Glória
Conta-se que ocorreu um incêndio em uma floresta. Todos os animais se afastaram velozmente do foco do incêndio; mas um Beija-Flor vinha em sentido contrário, trazendo no bico uma gota d’água. Os que fugiam lhe perguntaram para que serviria aquela gota d’água... Ele respondeu que era para ajudar a apagar o fogo. Os outros acharam graça e tentaram mostrar ao Beija-Flor que aquilo era impossível, mas ele exclamou “apenas estou fazendo a minha parte!”.
Quando relaciono este tema a vida eclesiástica ou mesmo na vida social brasileira, sinto um ar de individualismo e indiferença com relação a tudo que podemos fazer com seriedade e não fazemos, apenas faço a minha parte.
A nossa vida eclesiástica é uma religião de individualismo, que, ajunta o maior número de seguidores, quando ajunta, nos quais cada um individualmente defende seu ponto de vista frente aos outros com discursos divorciados dos ensinos das Escrituras Sagradas, acendendo um vela para Deus e outra para o Diabo.
“Esta doutrina põe sua ênfase sobre as ações e vontades do indivíduo em detrimento do grupo. Nada mais verdadeiro do que o que ocorre com a sociedade moderna.
Do ponto de vista filosófico, o individualismo salienta a pessoa, valoriza o indivíduo, e o aponta como a realidade mais essencial de todas as coisas, aquilo que se deve, sobretudo, valorizar, mostrando que o indivíduo é o valor mais elevado.
Ainda nesta linha de abordagem filosófica, o individualismo como doutrina procura explicar os fenômenos de qualquer categoria, sejam eles históricos ou sociais, à partir de pressupostos que mostram ações deliberadas de indivíduos em busca de sua concretização. Assim, para seus seguidores, a sociedade deve ter como objetivo principal, senão único, promover o bem, a satisfação de cada indivíduo que a compõe.
A doutrina do individualismo se expandiu de tal forma que contaminou o cristianismo, gerando uma sub-cultura cristã individualista que prega o relacionamento do indivíduo com Deus, numa busca piedosa, devocional, quase monástica, como o caminho da realização. Ela descarta qualquer ênfase social do Evangelho; desvalorizando a dimensão comunitária como algo de valor que deva ser buscada pelos cristãos.”[1]
Tenho a impressão que quando alguém esta fazendo a minha parte, esta apenas indo a Igreja, participando de alguma atividade, seja ela coral ou um grupo musical, professor de EBD, pregação, canto, visitas, mas é apenas máscara do verdadeiro problema da irresponsabilidade cristã, falta de propósito. de viver o que realmente precisamos viver como Igreja do Senhor Jesus Cristo. “Tornamo-nos consumidores religiosos com todos os direitos que um consumidor tem. Ao invés de ser bênção, queremos receber bênçãos; usamos a igreja, a família e a sociedade para alimentar nossas ambições. Não somos mais agentes de transformação; viramos espectadores ingratos e exigentes. Ao invés de promover a prosperidade social, transformamo-nos em parasitas sociais, querendo cada vez mais e melhor para nós e não para os outros.”[2] Estou apenas fazendo a minha parte.
Essa forma de pensar nos empurra para o mundão porque a opção pessoal do estou fazer a minha parte, se incorpora do valor fundamental defendido pelo individualismo liberal, manifestando-se na sua máxima expressão ao transformar o fiel em consumidor. Ser fiel, de qualquer denominação religiosa, teria como princípio estar ligado a uma série de valores éticos, acreditar no sentido da vida, da felicidade, do além, na explicação última da existência humana, etc.. No mercado religioso, ao ser o fiel transformado em consumidor de bens religiosos, deixa de ser um crente ou fiel de uma instituição e de seus princípios, para se transformar num mero consumidor da religião, satisfazendo suas necessidades pessoais do tipo emocional, existencial ou econômico.
Estou fazendo a minha parte, estou fazendo o possível. Vou tentar ser um crente honesto, zeloso, dizimista e trabalhador para contribuir com a minha igreja.
Penso que não basta fazer a minha parte, ela não muda nada, não modifica a situação, não tem força contra as estruturas já estabelecidas.
Qual o poder de estou fazendo a minha parte contra o dono da Igreja, contra um grupo que açambarca em seu convívio a corrupção, a maledicência e as falcatruas que são desconhecidas pela Igreja e que são jogadas na mídia nacional. Não, ainda não temos forças e estruturas para lutar sozinhos, ser um “Rambo Religioso” capaz de resolver os problemas da igreja sozinho.
Preciso de comunhão que capacita-nos a estar em contato com Deus e com os homens. Comunhão que não está separada da vida; em vez disso, ela própria se traduz como a nossa própria vida. Sempre que não a seguimos ou que não nos submetamos a ela, ela para de fluir. Deste modo a comunhão entre nós e Deus é interrompida, e a comunhão entre nós e os santos também se vai. “É possível que você já tenha se perguntado sobre a relevância da fé em Deus, ou da Igreja para os dias de hoje, muitos continuam perguntando, dentro e fora do contexto cristão, e as respostas têm sido as mais variadas. Esta também é minha pergunta neste texto.
Estamos vivendo um momento repleto de possibilidades e riscos, onde começamos a fazer uma avaliação da nossa forma de ver e pensar o mundo. Este processo tem sido chamado de Pós-Modernidade, onde pouco a pouco vamos descobrindo que não estamos no controle de tudo, como imagina a mente moderna.”[3]
Não basta apenas fazer a minha parte!...
Soli Deo Glória
[2] Souza, Ricardo Barbosa. Aprenda a ser uma benção na vida dos outros. http://www.jornalasemana.com, disponível em 22.04.2007
[3] Machado, Ziel Jorge Oliveira. Desafios Contemporâneos ao Cristianismo. http://www.abub.org.br/1recursos/ziel%20machado.htm. Disponível em 22.04.2007
*Rev. Ashbell Simonton Rédua – Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbitério do Norte (Recife-PE), em 1989, Bacharel em Teologia com Especialização em Capelania, pelo Seminário Teológico Evangélico do Nordeste (Recife-PE), 1990, Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo (2006), Especialização em Bíblia pelo Centro de Pos-Graduação Andrew Jumper, Graduando em Direito pela Centro Universitário Plínio Leite, e Especializando em Direito Ambiental pela Universidade Gama Filho
Currículo completo http://lattes.cnpq.br/9018318255138280
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